O Grande Mandamento

Daniel Lima

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Nas últimas duas semanas eu escrevi sobre a Grande Mentira e a Grande Verdade. Não poderia deixar de escrever sobre o Grande Mandamento. Parece-me que estes três conceitos resumem muito dos fundamentos de como devemos viver e reagir a este mundo. Jesus orou para que permanecêssemos no mundo, mas que não fossemos moldados por ele; pelo contrário, que fossemos a contra cultura, a postura contrastante ao que o mundo propõe. Para mim, o Grande Mandamento nos orienta com relação à vida neste mundo.

O Grande Mandamento foi resumido em Mateus 22.35-40:

Um deles, perito na lei, o pôs à prova com esta pergunta: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Respondeu Jesus: “‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.

O propósito da pergunta não era esclarecer, mas de alguma forma constranger Jesus. Os fariseus se preocupavam constantemente em classificar mandamentos (dos 613 constantes na Lei) em maiores e menores. A pergunta, no entanto, parece ser mais uma introdução ao tema, pois toda criança judia sabia recitar de cor o Shema (hebraico: “ouve”) que é o texto de Deuteronômio 6.4: “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor”.

O que deve ter sido surpreendente é o fato de Jesus ter afirmado o segundo maior mandamento. Não temos registro de que essa ligação fosse comum entre os fariseus. Jesus cita Levítico 19.18: “Não procurem vingança nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor”.

Para muitos de nós, é mais seguro e dá mais prazer discutir argumentos menores do que viver o amor de Deus.

O Grande Mandamento (ame o seu Deus), no entendimento de Jesus, é intimamente ligado ao segundo (ame o seu próximo). Cristo parece dar a entender que, se alguém cumprir estes dois mandamentos (ou um só em duas frases), terá cumprido toda a Lei. Estas seriam palavras de desafio para os fariseus, tão preocupados com os detalhes e as minúcias da Lei. Para eles, como para muitos de nós, é mais seguro e dá mais prazer discutir argumentos menores do que viver o amor de Deus.

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O apóstolo João relata palavras de Jesus que afirmam que esta é a verdadeira marca dos cristãos: “Um novo mandamento dou a vocês: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13.34-35). João volta a escrever sobre o mesmo tema com bastante dedicação em 1João. Nos versos 7 e 8 do capítulo 4, ele resume: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”.

Amor é um tema muito falado, mas pouco vivido – mesmo entre cristãos. Com frequência o que identificamos como amor é mais interesse próprio ou tentativa de agradar outros. Por isso fala-se que “todo amor é válido”. Temos de concordar. Ao mesmo tempo, precisamos reconhecer que nem tudo que é identificado como amor é realmente amor. Há muita afeição, paixão, obsessão que é falsamente identificada como amor. Um teste bastante básico é que o amor não se opõe à verdade. O Grande Mandamento não pode se aliar à Grande Mentira e se opor à Grande Verdade. Parece-me que, devido à Queda, não é natural ao ser humano amar, a não ser um amor condicional, contaminado por interesses pessoais. O amor que é marca do cristão é fruto do Espírito e só nasce por meio da obra do Espírito Santo na vida do cristão.

O amor que é marca do cristão é fruto do Espírito e só nasce por meio da obra do Espírito Santo na vida do cristão.

Parece-me que o grande teste do crescimento cristão não é se temos estudado mais a Bíblia, ou se temos desenvolvido mais argumentos cristãos, ou se temos doado mais tempo ou dinheiro para a obra do reino. O grande teste do crescimento é se hoje eu amo mais do que amava antes. Hoje, por meio da ação do Espírito Santo em resposta a uma rendição maior, eu percebo em minha vida mais evidências de um amor sobrenatural?

Minha oração é que minha vida e a tua sejam marcadas por esse amor a Deus e, por consequência, marcadas também por um profundo, radical e sincero amor aos outros.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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