Uma perspectiva do chamado de Deus

Daniel Lima

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A adolescência é uma fase de muitos desafios, tanto para o indivíduo como para familiares e outros ao seu redor. Uma das características desta fase é que o adolescente está buscando sua identidade. É neste momento que ele ou ela se descobrem em termos daquilo que gostam ou não, daquilo em que se sobressaem ou fracassam, de seu temperamento e como os outros veem seu temperamento. Com isso, adolescentes “experimentam” várias identidades, buscando aquela com a qual realmente se sentem confortáveis. É um tempo difícil, pois muitas vezes eles lutam com aquilo que descobrem ser e se ressentem daquilo que descobrem não ser... Como adultos, pastores e líderes, devemos usar de uma dose extra de misericórdia com nossos adolescentes nesta fase.

No entanto, um fenômeno tem se destacado nestas últimas décadas. É fato de que os dilemas da adolescência têm se estendido a indivíduos que já ultrapassaram a idade tida como da adolescência. Homens e mulheres de 25, 30 ou 35 anos ainda se encontram sem uma identidade pessoal. Assim, buscam quem são, o que querem fazer da vida, qual sua direção. Muito embora a indefinição da adolescência seja compreensível, a indefinição destes adultos tem sido apontada como um problema social.

Há algumas semanas eu escrevi um artigo sobre terminar bem. Ali apontei que há algumas características em comum entre cristãos que “terminam bem” a vida cristã. Defini terminar bem como “terminar minha vida (1) mais apaixonado por Jesus, (2) mais comprometido com sua obra e (3) mais rendido à sua vontade – do que era no princípio”. Das pesquisas que li, há pelo menos cinco hábito de cristãos que “terminam bem”. O primeiro hábito é cuidar de sua intimidade com Cristo. (Já tratei deste hábito no artigo “Intimidade com Cristo”.) Hoje gostaria de tratar do segundo hábito indicado, que é “uma perspectiva do chamado de Deus para toda a vida”. Este hábito confronta diretamente uma série de pessoas que continuam vagando pela vida procurando (ou evitando) descobrir quem são...

Nosso maior exemplo de compreender o chamado é o próprio Jesus. Sua convicção do seu chamado foi o que lhe deu a segurança de enfrentar todo o sofrimento da cruz.

Nosso maior exemplo de compreender o chamado é o próprio Jesus. Após anunciar sua morte, o Senhor afirma em João 12.27: “Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora”. Sua convicção do seu chamado (“eu vim exatamente para isto”) foi o que lhe deu a segurança de enfrentar todo o sofrimento da cruz. O apóstolo Paulo demonstra a mesma certeza. Lemos em Gálatas 1.15-16:

15Mas Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça. Quando lhe agradou 16revelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os gentios, não consultei pessoa alguma.

Mais uma vez, a certeza de seu chamado foi fundamental em sua firmeza diante dos muitos desafios e sofrimentos. Com certeza, terminar bem se torna muito difícil se não tivermos convicção do que Deus nos chamou para ser e fazer. Se não tivermos esta convicção diante dos obstáculos, vamos nos perguntar se nosso sofrimento não é justamente por não estarmos seguindo o caminho de Deus para nós.

Há um outro conceito fundamental sobre chamado. Nós somos chamados não só para fazer, mas para ser quem Deus sonhou que fôssemos, quem ele nos criou para ser. Essa distinção entre ser e fazer não é estranha ao Novo Testamento. Quando entendemos que nosso chamado é apenas fazer, podemos nos tornar como o filho mais velho na parábola de Lucas 15, que serviu ao seu pai como escravo, mas não tinha um relacionamento de filho com ele. O autor David Benner expressa bem este conceito:

Com frequência pensamos no chamado de Deus somente em termos do que fazemos [...] No entanto, enquanto “fazer” certamente está envolvido, vocação é muito mais que a nossa ocupação. É a face de Cristo que somos chamados a mostrar ao mundo. É quem somos chamados a ser.1

Permanece a questão de como descobrir, então, meu chamado. Este é um tema que tem ocupado minha mente e coração por anos. Na verdade, grande parte de meu ministério é justamente buscar auxiliar pessoas a descobrir seu chamado e alinhar sua vida com aquilo que acreditam que Deus as chamou para ser e fazer, e este será um tema para um próximo artigo.

Nós somos chamados não só para fazer, mas para ser quem Deus sonhou que fôssemos, quem ele nos criou para ser.

Eu creio que, como eu, você sonha em terminar bem. Queremos chegar nos céus e receber de nosso Senhor a afirmação de que fomos servos bons e fiéis. Não faço isso com o intuito de merecer algo, mas em gratidão àquele que tanto me amou e que deu o seu próprio Filho por mim. Minha oração é que, a partir de um profundo desejo de “terminar bem”, você busque compreender quem Deus te chama a ser o que ele te chama a fazer por ele e pelo reino. Estou convicto de que isso é um dos elementos mais importantes em nossa jornada com o Salvador.

Nota:

  1. David G. Benner, The Gift of Being Yourself: The Sacred Call to Self-Discovery (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, s.d.), p. 101.
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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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