Quanto tempo me resta?

Daniel Lima

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Era um acampamento de adolescentes. Como parte da equipe organizadora, fui dormir já de madrugada, após verificar que todos os adolescentes estavam nos quartos e lembrando que precisaria levantar cedo para buscar o pão para o café da manhã do grupo. Ao chegar no quarto da equipe, descobri que todas as camas estavam tomadas. Assim, carreguei meu saco de dormir e fui para uma Kombi, onde dormi as poucas horas que me restavam. Na manhã seguinte despertei animado e cheio de energia! Comprei o pão, dirigi as atividades, corri o dia todo, sem nem lembrar da noite curta e desconfortável.

Já se passaram mais de 35 anos desde este dia... Hoje, se o travesseiro não for bom e o colchão não for adequado, tenho dificuldade de dormir. Para completar, minha definição de noite bem dormida é aquela que tenho de me levantar apenas uma vez para ir ao banheiro...

Na semana passada completei 61 anos de idade. Pela misericórdia de Deus, gozo de boa saúde e não tenho nenhuma limitação crônica. No entanto, meu corpo não me deixa esquecer que a vida é breve.

No Salmo 90, lemos uma oração atribuída a Moisés em que ele trata da brevidade da vida e de como o tempo é fugaz. Os versos 10 a 12 afirmam:

10Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos! 11Quem conhece o poder da tua ira? Pois o teu furor é tão grande como o temor que te é devido 12Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.

O salmo nos apresenta uma expectativa de vida de 80 anos (para os que têm vigor), e o verso 12 propõe o curioso exercício de “contar os nossos dias”. Embora não sabendo quantos anos o Senhor tem reservado para nós, e que o propósito do exercício de contar dias é muito mais que matemática, um cálculo rápido indica que eu já ultrapassei 75% de minha vida. Em outras palavras, já vivi 22 265 dias de vida e ainda me restam 6 935...

É certo que não é este o propósito do verso 12 ao nos estimular a “contar os nossos dias”. No entanto, ao fazer este simples exercício, devo reconhecer que minha mente é alertada para o fato (inegável) de que não tenho tanto tempo nesta vida. Duas reflexões se impõem diante deste “alerta”. A primeira é: “Onde investi minha vida?”. Essa é uma questão que pode se tornar deprimente ao observar tempo desperdiçado, sonhos não realizados ou erros cometidos; ou pode gerar alegria e gratidão ao ver compromissos assumidos há muitos anos que ainda se mantém: fidelidade a Deus, compromisso com o cônjuge e a família, integridade de vida.

Podemos olhar para o futuro e viver intencionalmente os dias que nos restam – intencionalmente voltada para Deus.

A segunda e, talvez, mais importante reflexão é: “O que vou fazer com o restante da minha vida?”. Ao olhar para o passado posso aprender, mas não posso mudar nada. No entanto, posso olhar para o futuro e viver intencionalmente os dias que me restam. Parece-me que esta é uma boa definição de um coração que alcançou sabedoria: viver o restante de sua vida intencionalmente voltada para Deus.

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Devo confessar que estou bem satisfeito com minha idade. É óbvio que sinto falta de um corpo mais forte, ágil e disposto. Mas reconheço também que não teria chegado onde hoje está meu coração sem todos esses anos de caminhada. Eu não trocaria a saúde que um dia tive pela sabedoria (às vezes aproveito tão pouco dela) que o Senhor me concedeu ao longo dos anos.

Revendo o título deste artigo, quero afirmar que a pergunta mais importante não é quanto tempo me resta, posto que não podemos respondê-la. A pergunta principal é como vou viver o tempo que me resta, não importa quanto seja. Minha sincera oração, tanto para mim mesmo como para você, é expressa brilhantemente pelo apóstolo Paulo em Filipenses 3.13-14:

13Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, 14prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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