Quando Apocalipse foi escrito?

Mark Hitchcock

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Duas principais datas para a composição do livro de Apocalipse têm sido sustentadas pela maioria dos estudiosos: a primeira, ou a data neroniana, ou seja, durante o reinado do Imperador Nero (cerca do ano 65 d.C.), e a segunda, ou a data domiciana, ou seja, durante o reinado de Domiciano (cerca do ano 95 d.C.). A data da composição de Apocalipse tornou-se uma questão importante em anos recentes devido ao surgimento do preterismo, que afirma que o livro de Apocalipse profetizou sobre a queda de Jerusalém, e não sobre os acontecimentos que estão ainda no futuro para nós hoje. Em que devemos acreditar – que Apocalipse fala sobre acontecimentos que já ocorreram no passado ou que ainda estão para ser cumpridos no futuro?

O elemento central da visão preterista é uma data precoce (anos 64-67 d.C.) para a escrita do livro de Apocalipse. Obviamente, se Apocalipse tivesse sido escrito depois do ano 70 d.C., quando Jerusalém caiu sob o poder de Roma, então ele não poderia estar profetizando esse acontecimento. Os preteristas reconhecem abertamente a importância crítica da data precoce de Apocalipse para a posição que eles defendem. Em uma revisão do comentário do preterista David Chilton sobre Apocalipse, intitulado The Days of Vengeance [Os dias da vingança], Kenneth Gentry observa: “Se pudesse ser demonstrado que Apocalipse fora escrito 25 anos depois da Queda de Jerusalém, todo o trabalho de Chilton iria pelos ares”.[1] Outro preterista, R.C. Sproul, afirma: “Se o livro foi escrito depois do ano 70 d.C., então seus conteúdos manifestamente não se referem aos acontecimentos acerca da queda de Jerusalém – a menos que o livro seja uma completa fraude, tendo sido composto depois que os eventos preditos já tivessem acontecido”.[2]

Diferentemente da visão preterista, a abordagem futurista não depende de nenhuma data específica para o livro ter sido escrito. Mesmo que a data mais antiga for verdadeira, a visão futurista de Apocalipse ainda poderia estar correta, e a visão preterista poderia estar incorreta. Como tem sempre sido apontado, uma posição teológica é tão forte quanto seu elo mais frágil. A data de Apocalipse é o elo mais frágil – o calcanhar de Aquiles – para a visão preterista.

Como Apocalipse não menciona a data em que foi escrito, é necessário observarmos as pistas quanto à data mais provável para sua composição. E quando se trata de determinar a data de um livro da Bíblia, há dois tipos principais de evidências: as externas e as internas. As evidências externas examinam o material externo à Bíblia, de fora dela, para obter informações sobre a data do livro. As evidências internas consideram as evidências dentro do próprio texto do livro em busca de pistas que apontem para a época em que foi escrito.

Ambas as linhas de evidências apontam fortemente na direção da data mais tardia, a domiciana (95 d.C.), como sendo a visão correta. Aqui temos somente um espaço muito breve para fazermos um levantamento sobre as evidências externas e internas. Se você quiser mais materiais sobre esta questão, poderá ler minha tese de Ph.D. feita no Seminário Teológico de Dallas, que está disponível em www.pre-trib.org.

As evidências externas

A testemunha antiga mais importante relativamente à data em que Apocalipse foi escrito foi Ireneu. Ele é a “prova A” para a data mais tardia. A importância de seu testemunho não pode ser exageradamente enfatizada porque sua credibilidade como testemunha é excelente. Ireneu passou sua juventude em Esmirna, o local de uma das sete igrejas a quem Apocalipse foi dirigido, e afirma ter sido discípulo de Policarpo, bispo de Esmirna, que, por sua vez, foi aluno do apóstolo João. Portanto, dificilmente se poderia imaginar uma testemunha mais recomendável e confiável do que essa.[3]

A convincente declaração de Ireneu relativamente à data em que Apocalipse foi escrito está preservada em latim, por Ireneu, e em grego, por Eusébio. A versão latina de Ireneu encontra-se em seus comentários sobre Apocalipse 13.18 em sua obra Contra as Heresias, que provavelmente foi escrita em torno do ano 180 d.C. Ele escreveu: “Pois, se fosse necessário que o nome dele [do Anticristo] tivesse sido distintamente revelado neste tempo presente, teria sido dito por aquele que teve a visão apocalíptica. Pois isso foi visto não muito tempo atrás, mas quase que em nossa geração, já pelo final do reinado de Domiciano”.[4] Ireneu referiu-se à “visão apocalíptica” de João e colocou-a “aí pelo final do reinado de Domiciano”. Como o reinado de Domiciano terminou no ano 96 d.C., com base no testemunho de Ireneu, pode-se dizer seguramente que Apocalipse foi escrito em torno dos anos 95-96 d.C. A declaração de Ireneu sobre a escrita do livro ter ocorrido “já pelo final do reinado de Domiciano” é clara e sua credibilidade como testemunha é inatacável.

Além de Ireneu, existe uma longa e consistente linha de suporte para o ano 95 d.C. como a data de Apocalipse, enquanto que a primeira testemunha em favor da data do ano 65 d.C. não aparece durante quase 500 anos. Acredito que isto seja algo bastante significativo. Para economizar tempo, vamos colocar as duas categorias das evidências externas lado a lado. Somente as testemunhas que são claras e não ambíguas para cada data são apresentadas.

Testemunhas para a data domiciana

Testemunhas para a data neroniana

Hegésipo (150 d.C.)

 

Ireneu (180 d.C.)

 

Vitorino (séc. IV)

 

Eusébio (séc. IV)

 

Jerônimo (séc. V)

 

Sulpício Severo (séc. V)

 

Os Atos de João (aprox. 650 d.C.)

 

Primásio (séc. VI)

Versão Siríaca do NT (ano 550 d.C.)

Orósio (séc. VII)

 

André (séc. VII)

 

Venerável Bede (séc. VIII)

 
 

Aretas (séc. X)

 

Teofilacto (m. 1107)

A primeira testemunha clara, aceita e não ambígua da data nerônica é uma subscrição de uma única linha na tradução siríaca do Novo Testamento, que foi escrito no ano 550 d.C. A seguir vêm duas outras testemunhas da data precoce, que são Aretas (séc. X) e Teofilacto (morreu em 1107). Estas testemunhas ficaram 800 anos ou mais ausentes dos escritos do livro de Apocalipse.

A data mais tardia, por outro lado, possui uma linha ininterrupta de apoio de alguns dos mais confiáveis nomes da história da Igreja, começando por Ireneu, no ano 180 d.C. Além disso, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Orígenes apoiaram a data mais tardia; todavia, eles não estão incluídos no gráfico porque não dizem especificamente que João fora banido por Domiciano. As evidências externas em favor do ano 95 d.C. são decisivas.

As evidências internas

Quando buscamos pistas dentro do próprio Apocalipse a respeito de quando o livro foi escrito, vemos que há duas linhas predominantes de evidências internas que favorecem a data domiciana.

A condição das Sete Igrejas

Um dos argumentos internos em favor da data mais tardia de Apocalipse é a condição das sete igrejas da Ásia Menor em Apocalipse 2–3. Todas elas apresentam os sintomas de serem igrejas de segunda geração e seis delas têm problemas sérios. O período da grandiosa missão de Paulo está agora bem no passado. Há várias pistas importantes que dão suporte para a data mais tardia de Apocalipse em três das igrejas mencionadas em Apocalipse 2–3.

A igreja de Éfeso

Se João escreveu Apocalipse entre os anos 64-67 d.C., então a carta para a igreja de Éfeso em Apocalipse 2.1-7 teria sido escrita em torno da mesma época das duas cartas de Paulo a Timóteo, que era pastor da igreja de Éfeso quando Paulo escreveu a ele. Portanto, se Apocalipse tivesse sido escrito entre 64-67, então as palavras de João à igreja em Apocalipse 2.1-7 teriam sido seguidas muito de perto pelas duas cartas de Paulo a Timóteo. Isto dá surgimento a um problema sério: por que João mencionou a perda do primeiro amor dos efésios pelo Senhor, ou a presença dos nicolaítas no meio dos efésios, mas Paulo não? E por que Paulo não mencionou esses problemas no livro aos Efésios, que provavelmente tenha sido escrito no ano 62 d.C.? A declaração de Jesus à igreja de Éfeso em Apocalipse 2.2 de que ela havia se guardado contra o erro não se encaixa com o que conhecemos dessa mesma igreja nos dias de Nero (Atos 20.29-30; 1Timóteo 1.3-7; 2Timóteo 2.17-18).

Aqueles que dão apoio à data precoce para Apocalipse geralmente respondem a este ponto observando que o erro pode irromper muito rapidamente em uma igreja. Como exemplo, eles às vezes citam as igrejas da Galácia, a quem Paulo repreendeu por estarem tão rapidamente desertando do Evangelho (Gálatas 1.6). Mas existe uma grande diferença entre a condição e a maturidade das igrejas da Galácia depois da breve visita de Paulo ali em sua primeira viagem missionária e a igreja de Éfeso, onde Paulo ensinou durante três anos, onde Apolo também ensinou, onde Priscila e Áquila ministraram e a qual Timóteo pastoreou durante vários anos.

Sobretudo, Apocalipse 2.1-7 não faz nenhuma menção ao maravilhoso trabalho missionário de Paulo na Ásia Menor. Em sua terceira viagem missionária, Paulo fez de Éfeso seu quartel general durante três anos e teve ali um ministério profundo. Se João tivesse escrito Apocalipse nos anos 64-67, então a omissão de qualquer uma das cartas de Paulo nas cartas às sete igrejas da Ásia Menor seria inexplicável. Agora, se João escreveu 30 anos mais tarde, para a segunda geração de frequentadores da igreja, então a omissão é facilmente entendida.

A igreja de Esmirna

Aparentemente, a igreja de Esmirna sequer existia durante o tempo do ministério de Paulo. Policarpo era o bispo em Esmirna e, em sua carta aos filipenses, escrita por volta do ano 110 d.C., Policarpo disse que os de Esmirna não conheceram o Senhor durante o tempo em que Paulo estava ministrando (11.3):

Não observei nem ouvi tal coisa entre vós, em cujo meio o abençoado Paulo trabalhou, e de quem fez cartas de recomendação no início. Pois ele se orgulha de vocês em todas as igrejas – isto é, somente naquelas que naquele tempo tinham vindo a conhecer o Senhor, pois nós ainda não tínhamos chegado a conhecê-lo.

Policarpo estava dizendo que Paulo elogiava os crentes filipenses em todas as igrejas, mas que, durante o ministério de Paulo entre os anos 50 e 60 d.C., a igreja de Esmirna ainda não existia.

A igreja de Laodiceia

A igreja de Laodiceia é a única das sete igrejas (e Sardes pode ser outra) que não recebe nenhuma condenação no Novo Testamento. Em sua carta aos Colossenses, provavelmente escrita em 60-62 d.C., Paulo mencionou essa igreja três vezes (2.2; 4.13,16). Em nenhum momento ele diz qualquer coisa negativa. Ao contrário, as palavras de João à igreja de Laodiceia foram muito negativas (Apocalipse 3.14-22). Se João tivesse escrito Apocalipse nos anos 64-67 como dizem os preteristas, seria imediatamente depois dos comentários de Paulo em Colossenses. Mas certamente levaria mais do que dois a sete anos para a igreja de Laodiceia se separar tão completamente de seu status de aceitação anterior, de forma que absolutamente nada de bom pudesse ser dito sobre ela. Laodiceia também é descrita em Apocalipse como uma igreja que está florescendo economicamente. Jesus cita a igreja falando sobre si mesma: “‘Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu” (3.17). No entanto, é interessante observar que a cidade sofrera grande devastação em um terremoto no ano 60 d.C. Depois do terremoto, os de Laodiceia recusaram toda ajuda humanitária e assistência de Roma, preferindo reconstruir sua cidade arruinada com seus recursos próprios.

Tácito, o historiador romano, em sua obra Anais 14.27, descreve esse espírito independente. “No mesmo ano, Laodiceia, uma das famosas cidades asiáticas, foi deixada em ruínas por um terremoto, mas se recuperou por meio de seus próprios recursos, sem a nossa assistência”. A extensão dos danos causados a Laodiceia e o tempo que demorou para a cidade ser reconstruída são evidências poderosas em apoio à data mais tardia de Apocalipse.

A maior parte das principais ruínas que sobrevivem até hoje em Laodiceia são de edifícios construídos depois do terremoto. Eles foram reconstruídos às custas dos cidadãos individualmente e não foram acabados antes do ano 90 d.C. Na verdade, o término do estádio pode ser datado com precisão para a parte final do ano 79 d.C., e as inscrições em vários outros edifícios indicam que eles também podem ser datados do mesmo período. Novos muros e fortificações parecem ter culminado a reconstrução de Laodiceia. É provável que o grandioso portal triplo (Portão Sírio) e as torres não tenham sido terminados antes dos anos 88-90 d.C.

Isto significa que a reconstrução de Laodiceia demorou uma geração inteira. Com o terremoto tendo ocorrido em 60 d.C., é altamente problemático para os proponentes da data precoce de Apocalipse pressupor que Laodiceia fosse rica, abastada, não tendo necessidade de nada nos anos 64-67 d.C. Durante aqueles anos, a cidade ainda estava nos primeiros estágios de um programa de reconstrução que duraria outros 25 anos. Contudo, se Apocalipse foi escrito no ano 95 d.C., a descrição de Laodiceia como uma cidade abastada, não tendo necessidade de nada, seria muito plausível, pois, nessa época, a cidade já estava completamente reconstruída e era próspera, e seus habitantes estavam se regozijando no orgulho de suas realizações.

O exílio de João em Patmos

O segundo ponto chave das evidências internas para a data mais tardia de Apocalipse é encontrada em Apocalipse 1.9. Ali, lemos que, quando João recebeu os conteúdos de Apocalipse, ele estava exilado na ilha de Patmos. A história da Igreja testifica consistentemente que tanto Pedro quanto Paulo foram executados em Roma proximamente ao final do reinado de Nero. Aqueles que defendem a data mais precoce da escrita de Apocalipse afirmam que, durante esse mesmo tempo, o apóstolo João foi banido para Patmos por Nero. Mas, por que Nero executaria Pedro e Paulo e simplesmente exilaria João? Isto parece inconsistente. O fato de João ter recebido uma punição diferente é um argumento em favor de ele ter sido perseguido na época de um governo diferente. Além disso, não há evidências de que Nero exilasse os cristãos.

Domiciano, que foi o sucessor de Nero, também perseguiu os cristãos, e o exílio era um dos seus modos preferidos de punição. Portanto, o exílio de João em Patmos é muito mais provável que tenha acontecido durante o reinado de Domiciano do que de Nero.

Resumindo as evidências

Em Apocalipse 2–3, as igrejas da Ásia Menor mostram todos os sintomas de uma passagem considerável de tempo desde sua fundação. O período das grandes viagens missionárias de Paulo parece ter ficado no passado. João é o superintendente humano reconhecido das igrejas e ele não menciona Paulo em nenhuma das cartas de Apocalipse 2–3. Da mesma forma, Paulo não faz nenhuma menção de João em nenhuma de suas três cartas a Éfeso, escritas desde o início até a metade dos anos 60 (Efésios, 1 e 2Timóteo). Todo indicador-chave de datas em Apocalipse 2–3 aponta para uma data mais tardia para Apocalipse ter sido escrito. Como resultado de seu estudo intensivo sobre o imaginário local das sete igrejas, o estudioso do Novo Testamento, Colin Hermer, conclui: “Comecei com uma aceitação provisória da data ortodoxa domiciana e fui confirmando aquela visão por meio de estudos mais aprofundados. [...] Nós, da mesma forma, afirmamos a data domiciana das cartas à luz do tipo de evidências consideradas, embora reconhecendo que muitas dessas indicações são incertas. Cumulativamente, elas se alinham com o caso amplamente aceito em outras bases de que Apocalipse foi escrito em torno do ano 95 d.C.”[5]

Levando em consideração todas as evidências relevantes, tanto externas quanto internas, a visão mais forte é que o apóstolo João escreveu o livro de Apocalipse no ano 95 d.C., enquanto estava exilado pelo imperador romano Domiciano, na ilha de Patmos.

Notas

  1. Kenneth L. Gentry, Jr. “The Days of Vengeance: A Review Article”, The Council of Chalcedon (jun. 1987), p. 11. Eu fortaleceria a opinião de Gentry acrescentando que, se pudesse ser provado que Apocalipse foi escrito um ano depois do ano 67 d.C., então o preterismo se desfaria em fumaça.
  2. C. Sproul, The Last Days According to Jesus (Grand Rapids: Baker, 1998), p. 140.
  3. Philip Schaff apoiou fortemente a confiabilidade e a veracidade de Ireneu. Schaff, History of the Christian Church 2:750-751. Milligan lista quatro considerações que acrescentam peso ao testemunho de Ireneu: (1) sua proximidade com a era apostólica; (2) ser discípulo e amigo de Policarpo; (3) a menção da data de Apocalipse ser feita em conjunto com uma seção de Apocalipse que ele abordou com extrema seriedade (Apocalipse 13.16-18); e (4) a confiança de Eusébio na declaração feita por ele. William Milligan, Discussions on the Apocalypse (Londres: MacMillan, 1893), p. 78-79.
  4. Ireneu, Against Heresies30.3. A versão grega da declaração de Ireneu é preservada em dois lugares na Ecclesiastical History, de Eusébio: 3.18.3; 5.8.6.
  5. Colin J. Hemer, The Letters to the Seven Churches of Asia in Their Local Setting, The Biblical Resource Series, ed. Astrid B. Beck e David Noel Freedman (reimpr. Grand Rapids: Eerdmans, 2001), p. 3,5.

Este artigo foi adaptado de 101 Respostas às Perguntas Sobre Satanás, Demônios e a Batalha Espiritual, por Mark Hitchcock.

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Mark Hitchcock achava que sua carreira estava definida quando se formou na faculdade de direito. Contudo, após receber um claro chamado ao ministério de tempo integral, foi para o Dallas Theological Seminary, onde completou o mestrado e o doutorado e atualmente serve como professor associado na área de exposição bíblica. Autor de inúmeros livros, é pastor principal da Faith Bible Church, em Edmond, Oklahoma.

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