Oportunidades e Reações

Daniel Lima

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Eu sempre fico impressionado ao pensar em pessoas que perdem oportunidades únicas. Pode ser um emprego rejeitado por uma promessa falsa em outro local. Pode ser um relacionamento sólido trocado por uma aventura momentânea. Às vezes é um alerta ignorado que poderia poupar muita dor. Pessoalmente, tenho receio de perder boas oportunidades. Por isso, procuro cuidar minhas reações.

Estudando o evangelho de Lucas, deparei-me, nos primeiros capítulos, com três histórias de pessoas que tiveram oportunidades únicas. Gostaria de examinar cada situação para aprender com essas pessoas como aproveitar as boas oportunidades, especialmente em relação ao que Deus nos diz!

A primeira narrativa é a de Zacarias, um sacerdote descrito como justo e obediente, porém sem filhos (Lucas 1.5-22). O estigma de não ter filhos, para os judeus do primeiro século, equivalia a uma punição de Deus. Filhos eram considerados bênção, e não os ter equivalia a ser esquecido por Deus. Esse homem estava no templo quando foi visitado pelo anjo Gabriel. O texto não descreve o ser angelical, mas Zacarias não tem nenhuma dúvida de que se trata de um anjo. A mensagem é pelo menos tão surpreendente quanto o mensageiro: apesar de sua idade, ele terá um filho, aquele mais tarde nos é dito que será conhecido como João Batista. Essa é uma oportunidade única, um milagre foi anunciado – Deus, em sua graça, visitou esse homem e sua esposa, intervindo em sua esterilidade. No entanto, como ele responde?

Zacarias duvidou, ou não creu (v. 20). Não chega a ser surpreendente que ele tenha dúvidas, mas, apesar de ver o anjo, reconhecê-lo como mensageiro divino e até mesmo interagir com ele, Zacarias não acreditou. O resultado é que ele ficou mudo até o nascimento do bebê. A oportunidade que teria de compartilhar sua experiência espiritual, de louvar e testemunhar da graça de Deus foi perdida por sua incredulidade.

A oportunidade que [Zacarias] teria de compartilhar sua experiência espiritual, de louvar e testemunhar da graça de Deus foi perdida por sua incredulidade.

A segunda narrativa vem logo depois (Lucas 1.26-38), com uma jovem virgem chamada Maria. Ela é descrita como virgem e agraciada, ou seja, sobre ela estava a graça de Deus. Mais uma vez, o anjo Gabriel aparece a essa jovem e declara o milagre da concepção de Jesus. Ela também manifesta dúvida, no entanto, não é falta de crença, mas incompreensão. Ela não pergunta como pode ter certeza, mas como isso vai acontecer. Sua reação à oportunidade única é de submissão e rendição (v. 38). Diante de sua reação, ela não só continua sendo chamada de agraciada, mas torna-se conhecida como a mãe de nosso Senhor Jesus Cristo.

A terceira narrativa ocorre logo depois do nascimento de Jesus (Lucas 2.25-35). Nesse caso, temos um homem chamado Simeão, também descrito como justo e piedoso. A ele já havia sido revelado pelo Espírito Santo, embora o texto não nos diga como, que ele veria o Messias antes de falecer. Sua reação foi de esperança e mesmo expectativa. Uma vez mais movido pelo Espírito, ele foi ao templo e, tomando o bebê Jesus nos braços, louvou a Deus e anunciou a obra do Salvador.

Três história e três reações. Oportunidades únicas que foram ou não aproveitadas. Zacarias permaneceu fiel ao Senhor e, ao recuperar a voz, pôde testemunhar e louvar a Deus. No entanto, ficou mudo por pelo menos nove meses. Maria pergunta como, mas sem duvidar, e é considerada agraciada. Simeão atende ao mover do Espírito e tem a oportunidade de tomar o Messias nos braços. Talvez alguns digam que, se encontrassem um anjo, não teriam dificuldade em crer, mas eu sinceramente tenho minhas dúvidas. Muitos viram anjos e não creram, mesmo reconhecendo que eram mensageiros de Deus. Muitos viram milagres e duvidaram. Mesmo Maria não compreendeu como o milagre de sua concepção poderia ocorrer. No entanto, sua confusão não a impediu de se colocar à disposição de Deus. No caso de Zacarias, mesmo que seu momento de incredulidade o tenha feito perder a voz, assim que a recuperou, ele passou a louvar a Deus e não a reclamar de seus meses sem poder falar. Tenho convicção de que esses meses em silêncio foram meses de crescimento espiritual para ele.

Maria não compreendeu como o milagre de sua concepção poderia ocorrer. No entanto, sua confusão não a impediu de se colocar à disposição de Deus.

Minha pergunta é: como temos respondido às oportunidades que temos recebido de Deus? Cremos em um Deus que nos fala, que tem prazer em se revelar, não necessariamente em explicar seus atos. Como você e eu temos reagido? Temos sido incrédulos? Será que, mesmo sem entender, temos nos colocado à disposição de Deus? Será que temos sido sensíveis às suas promessas? Minha oração é que nossa vida seja marcada por um coração sensível ao mover de Deus e uma alma disposta a obedecê-lo.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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