O valor de investir na vida de alguém

Daniel Lima

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Eram 20 horas da quinta-feira passada e eu estava na rodoviária de Porto Alegre (não é meu lugar favorito de estar na noite logo antes de um feriado). O horário chegou e eu embarquei em um ônibus leito para Montevidéu. Foram mais de 12 horas de viagem. A opção pelo ônibus foi devido ao preço da passagem de avião. Fui na quinta, passei a sexta com uma família de missionários recém-chegados àquele país e no sábado ministrei durante todo o dia em um encontro de pastores usando um intérprete e o pouco de espanhol que conheço. Na manhã de domingo entrei em um carro antigo com o casal, o filho e um cachorro e fizemos a viagem de retorno em 14 horas. O que me fez “investir” assim o final de semana de feriado? O prazer de ser usado por Deus na vida de outro líder.

Tenho caminhado com este casal por vários anos. Em especial, tenho investido na vida do marido e em seu ministério. Pela graça de Deus fui usado para encorajá-lo, repreendê-lo, animá-lo, ensiná-lo e aprender com ele. O ministério deles, a apenas 45 dias no Uruguai, tem dado mostras de um mover de Deus. Eles têm conseguido – muito antes do esperado – fazer contatos e estabelecer amizades que prometem se tornar parcerias ministeriais. Ao observá-lo enquanto falava aos pastores em grupo ou individualmente, enquanto interagia, fazia novos amigos ou mesmo brincava com os presentes, lembrei-me de uma passagem do apóstolo Paulo em sua primeira carta aos tessalonicenses:

2Sempre damos graças a Deus por todos vocês, mencionando-os em nossas orações. 3Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e Pai, o que vocês têm demonstrado: o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. (1Tessalonicenses 1.2-3)

Este texto reflete muito meus sentimentos pelo casal em questão. Eu creio que há pouca coisa mais recompensadora do que investir em jovens líderes. Com certeza há um custo alto também, muito embora não seja este o caso. Durante minha vida poderia alistar outros em quem investi, mas não consegui desenvolver proximidade, não fui acolhido ou minha contribuição foi desprezada. Houve casos de traições, de “puxadas de tapetes” e de hostilidade. No entanto, há casos em que Deus conecta almas, em que o pouco que investimos é altamente valorizado, em que o ministério deles nos traz a alegria de nos sentirmos participantes; são estes casos que fazem valer a pena investir em outros.

No texto acima, além de “dar graças”, Paulo observa e se lembra de 3 características:

  1. Trabalho que resulta da fé. Trabalhamos muito no ministério. A grande questão é qual a fonte de nosso trabalho. O apóstolo Pedro adverte para que não trabalhemos por obrigação, ganância ou desejo de dominar. Para ser verdadeiramente ministério, o trabalho precisa vir de fé. Fé de que Deus assim deseja, fé de que Deus está agindo, fé de que ele está realizando o impossível. Fé de que, mesmo diante de oposição, o resultado está nas mãos dele. Trabalho que resulta de motivações humanas pode até impressionar homens, mas tem pouco ou nenhum valor pra Deus, e gera um profundo desgaste na alma.

  2. Esforço motivado pelo amor. O ministério exige muito esforço. Não é possível realizar ministério sem se esforçar. No entanto, o verdadeiro ministério é motivado pelo amor. Primeiramente amor a Deus e também amor pelas pessoas. Pessoas percebem quando são amadas ou quando são apenas peças de manobra. Um ministério motivado pelo amor não depende de resultados para ser bem-sucedido. Seu “sucesso” está no próprio derramar-se pelo bem do outro.

Trabalho que resulta de motivações humanas pode até impressionar homens, mas tem pouco ou nenhum valor pra Deus, e gera um profundo desgaste na alma.
  1. Perseverança proveniente da esperança. Outra característica do ministério é a perseverança. A expectativa de que o ministério não sofrerá contrastes, obstáculos e crises é ingênua. No entanto, a esperança daquilo que fomos chamados a ser e fazer é a fonte da perseverança necessária ao ministério. Perseverança quando tudo parece que vai dar errado. Perseverança é necessária se tivermos de começar de novo, se nossos sonhos caem por terra, se Deus redireciona nossa jornada. Um ministério significativo precisa de perseverança.

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Vejo cada uma destas características neste casal. Não são perfeitos, mas são fiéis. Minha oração é que vejamos muitos mais como eles. Que exemplos assim nos estimulem. E, pessoalmente, que muitos descubram o prazer de investir em outros. Quem sabe, não seremos usados pelo Senhor para dar início a um novo movimento de Deus?

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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