O que dizem que sou?
Como seres sociais, uma das maiores preocupações do ser humano é saber o que os outros dizem a seu respeito. Especialmente aqueles que são pessoas significativas em nossas vidas. Algumas pessoas são absolutamente consumidas com essa ideia, outras parecem não se importar com o que pensam dela. Mas no fundo, todos temos pessoas de referência, pessoas que queremos que pensem bem a nosso respeito, pessoas que queremos que nos respeitem e nos admirem.
Assim, parece que a questão de nossa identidade está sempre ligada a um referencial externo. Ou seja, precisamos de algo ou alguém maior que nos diga quem somos. Por isso, com frequência as palavras dos pais têm tanto impacto na formação da criança. O problema é que pessoas são pecadoras, são referenciais limitados e muitas vezes distorcidos. Logo, um dos conceitos mais preciosos para a literatura ou a mídia é que uma pessoa forte é aquela que baseia sua identidade em si mesmo, em seus alvos, seus valores... O problema é que se uma pessoa basear sua identidade totalmente em si mesma, ela se tornará uma pessoa desconectada da realidade, o que é a própria definição de insanidade.
Parece que a questão de nossa identidade está sempre ligada a um referencial externo. Ou seja, precisamos de algo ou alguém maior que nos diga quem somos.
No relato de Gênesis 3 vemos a origem dessa tentativa de definir sua própria identidade. Um dos elementos fundamentais que fizeram com que Eva e Adão pecassem foi a perspectiva de que eles passariam a ser “conhecedores do bem e do mal”. O sonho humano era ser capaz de definir, de determinar o bem e o mal. Em resumo, o ser humano passaria a ser seu próprio referencial. É justamente nesse ponto que reside a maior tragédia humana. A partir desse rompimento com Deus, passamos a usar outros ou nós mesmos como referencial.
A alternativa de usar outros como referencial também é um “beco sem saída”, pois, nesse caso, assumo sobre mim padrões e expectativas impostos por outros. O problema é que essas pessoas, ou sociedade em geral, não tem o meu bem-estar como seu maior valor.
Precisamos então retornar ao que alguns chamam de teo-referência. Ou seja, retornar ao referencial que não só é infinitamente maior do que nós, mas também justo e amoroso: Deus. Somente em Deus podemos encontrar um referencial absoluto e seguro, onde podemos “ancorar” nossa identidade. Há pelo menos dois argumentos para isso: (1) ele é tanto transcendente quanto imanente e (2) ele é tanto criador como sustentador.
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Nosso Deus transcendente e imanente – Em Isaías 57.15 lemos:
“Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade e cujo nome é Santo: ‘Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.’”
Por um lado, nosso Deus é sublime e habita em um lugar distante, alto e santo. Ou seja, ele é muito maior e mais elevado que o nosso mundo. Ele ultrapassa (transcende) a nossa realidade. Por outro lado, ele é o que habita com o quebrantado, com o humilde. Ou seja, ele está conosco em nossos momentos de dor e de quebrantamento. Por isso podemos usá-lo como referência. Ele tanto é soberano como íntimo.
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Nosso Deus criador e sustentador – Paulo, em Colossenses 1.16-17, escreve a respeito de Cristo:
“Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste.”
Cristo é descrito como criador. Na verdade, nele, por ele e para ele foram criadas todas as coisas. No entanto, contrariando muitas vozes, Jesus Cristo não criou o mundo e o abandonou à sua própria sorte. Além de criador, ele é também aquele que sustenta a própria realidade. Existimos simplesmente pois ele quer!
Somente em Deus podemos encontrar um referencial absoluto e seguro, onde podemos “ancorar” nossa identidade.
Diante de um Deus tão poderoso como próximo, responsável pela criação, mas também pela sustentação da própria existência, precisamos nos curvar e entender que é ele quem nos define. Não são as opiniões humanas, por mais estudadas ou famosas que sejam, não são os modismos e perspectivas ditas cultas e iluminadas. Nós somos quem ele diz que somos! Nossa identidade está firmemente ancorada no Criador e Autor de nossa salvação.
Minha oração por mim e por você é que separemos muito mais tempo para ouvir a voz dele. Nossa identidade se baseia naquilo que Deus afirma, naquilo que ele diz. Tentar viver pela opinião de outros ou mesmo pela minha é receita certa para sofrimento e insegurança. Por isso Paulo afirma de forma tão adequada em Romanos 12.2: “E não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.