O que dizem que sou?

Daniel Lima

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Como seres sociais, uma das maiores preocupações do ser humano é saber o que os outros dizem a seu respeito. Especialmente aqueles que são pessoas significativas em nossas vidas. Algumas pessoas são absolutamente consumidas com essa ideia, outras parecem não se importar com o que pensam dela. Mas no fundo, todos temos pessoas de referência, pessoas que queremos que pensem bem a nosso respeito, pessoas que queremos que nos respeitem e nos admirem.

Assim, parece que a questão de nossa identidade está sempre ligada a um referencial externo. Ou seja, precisamos de algo ou alguém maior que nos diga quem somos. Por isso, com frequência as palavras dos pais têm tanto impacto na formação da criança. O problema é que pessoas são pecadoras, são referenciais limitados e muitas vezes distorcidos. Logo, um dos conceitos mais preciosos para a literatura ou a mídia é que uma pessoa forte é aquela que baseia sua identidade em si mesmo, em seus alvos, seus valores... O problema é que se uma pessoa basear sua identidade totalmente em si mesma, ela se tornará uma pessoa desconectada da realidade, o que é a própria definição de insanidade.

Parece que a questão de nossa identidade está sempre ligada a um referencial externo. Ou seja, precisamos de algo ou alguém maior que nos diga quem somos.

No relato de Gênesis 3 vemos a origem dessa tentativa de definir sua própria identidade. Um dos elementos fundamentais que fizeram com que Eva e Adão pecassem foi a perspectiva de que eles passariam a ser “conhecedores do bem e do mal”. O sonho humano era ser capaz de definir, de determinar o bem e o mal. Em resumo, o ser humano passaria a ser seu próprio referencial. É justamente nesse ponto que reside a maior tragédia humana. A partir desse rompimento com Deus, passamos a usar outros ou nós mesmos como referencial.

A alternativa de usar outros como referencial também é um “beco sem saída”, pois, nesse caso, assumo sobre mim padrões e expectativas impostos por outros. O problema é que essas pessoas, ou sociedade em geral, não tem o meu bem-estar como seu maior valor. 

Precisamos então retornar ao que alguns chamam de teo-referência. Ou seja, retornar ao referencial que não só é infinitamente maior do que nós, mas também justo e amoroso: Deus. Somente em Deus podemos encontrar um referencial absoluto e seguro, onde podemos “ancorar” nossa identidade. Há pelo menos dois argumentos para isso: (1) ele é tanto transcendente quanto imanente e (2) ele é tanto criador como sustentador.

  1. Nosso Deus transcendente e imanente – Em Isaías 57.15 lemos: 

“Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade e cujo nome é Santo: ‘Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.’”

Por um lado, nosso Deus é sublime e habita em um lugar distante, alto e santo. Ou seja, ele é muito maior e mais elevado que o nosso mundo. Ele ultrapassa (transcende) a nossa realidade. Por outro lado, ele é o que habita com o quebrantado, com o humilde. Ou seja, ele está conosco em nossos momentos de dor e de quebrantamento. Por isso podemos usá-lo como referência. Ele tanto é soberano como íntimo.

  1. Nosso Deus criador e sustentador – Paulo, em Colossenses 1.16-17, escreve a respeito de Cristo:

“Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste.”

Cristo é descrito como criador. Na verdade, nele, por ele e para ele foram criadas todas as coisas. No entanto, contrariando muitas vozes, Jesus Cristo não criou o mundo e o abandonou à sua própria sorte. Além de criador, ele é também aquele que sustenta a própria realidade. Existimos simplesmente pois ele quer!

Somente em Deus podemos encontrar um referencial absoluto e seguro, onde podemos “ancorar” nossa identidade.

Diante de um Deus tão poderoso como próximo, responsável pela criação, mas também pela sustentação da própria existência, precisamos nos curvar e entender que é ele quem nos define. Não são as opiniões humanas, por mais estudadas ou famosas que sejam, não são os modismos e perspectivas ditas cultas e iluminadas. Nós somos quem ele diz que somos! Nossa identidade está firmemente ancorada no Criador e Autor de nossa salvação.

Minha oração por mim e por você é que separemos muito mais tempo para ouvir a voz dele. Nossa identidade se baseia naquilo que Deus afirma, naquilo que ele diz. Tentar viver pela opinião de outros ou mesmo pela minha é receita certa para sofrimento e insegurança. Por isso Paulo afirma de forma tão adequada em Romanos 12.2: “E não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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