O Poder de Deus ou o Deus do Poder?

Daniel Lima

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Ah, como eu gostaria de ter presenciado alguns dos milagres descritos na Bíblia. Você já imaginou assistir o mar se abrindo (Êxodo 14.21), ou o sol parando (Josué 10.12-13), ou as muralhas de Jericó caindo (Josué 6.20)? Ou talvez presenciar uma das multiplicações dos pães (Mateus 14 e 15) ou então a ressurreição de Lázaro (João 11)? Creio que o mais marcante seria um encontro pessoal com o Cristo ressurreto, poder tocar seu corpo, partilhar com ele de uma refeição (João 21)... Se você é como eu, gostaria de ter participado de alguma dessas experiências maravilhosas, não é? Eu confesso que sim. Em momentos em que minha fé parece fraquejar, eu imagino que encontros assim a fortaleceriam. Ao mesmo tempo fico me perguntando se isso é verdade. Será que experiências assim teriam realmente aumentado minha fé? Faço essa pergunta pois, observando com cuidado, vejo muita gente que presenciou milagres e nem por isso cresceu em fé.

Um excelente exemplo é a passagem de João 11.45-48. Nessa passagem, João relata que Jesus havia acabado de ressuscitar Lázaro. Havia muitas testemunhas, e qualquer um poderia ir conversar com Lázaro e com muitos que haviam participado de seu funeral. No entanto, alguns dos que presenciaram esse milagre foram contar aos fariseus. Veja nos versículos 47 e 48 a reação dos fariseus e chefes dos sacerdotes:

“Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus convocaram uma reunião do Sinédrio. ‘O que estamos fazendo?’, perguntaram. ‘Aí está esse homem realizando muitos sinais milagrosos. Se o deixarmos, todos crerão nele. Então, os romanos virão e tomarão tanto o nosso lugar como a nossa nação.’”

Reparem que eles admitem que Jesus estava realizando milagres, na verdade, “muitos sinais milagrosos”; o problema deles era o que fazer a respeito do evidente crescimento em popularidade de Jesus e como isso poderia prejudicá-los politicamente. Creio que podemos concluir que, se nosso interesse estiver em outra área, o milagre em si não tem o poder de mudar nosso coração, de aumentar nossa fé.

Por mais impressionante que seja uma experiência de poder assim, o maior motivo de alegria é a certeza de que somos filhos de Deus.

Hoje, ao ler em meu devocional a passagem de Lucas 10.18-24, parei para refletir no versículo 20: “Contudo, alegrem-se não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque o nome de cada um de vocês está escrito nos céus”. Os discípulos estavam impressionados com suas experiências de expulsar demônios. Tive pouca experiência nesse sentido e confesso que o pouco que tive foi realmente impressionante. No entanto, Jesus aponta para o fato de que, por mais impressionante que seja uma experiência de poder assim, o maior motivo de alegria é a certeza de que somos filhos de Deus, de que temos uma relação eterna com ele.

Assim, mais importante que o poder de Deus é o próprio Deus, de quem emana todo o poder. Enquanto pensava nisso e em minha própria vida, fui levado ao versículo 3 de João 17: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Aqui Jesus destaca que vida eterna é muito mais do que ruas de ouro e outras promessas semelhantes, muito embora eu creia que estas sejam verdadeiras, literais e maravilhosas. A vida eterna diz respeito a conhecer a Deus, passar a eternidade em sua presença, usufruindo de uma relação de amor com aquele que é tanto o Criador como nosso Redentor. Aquele que, por amor, enquanto ainda estávamos em pecado, sacrificou seu próprio Filho para tivéssemos uma comunhão eterna com ele.

A vida eterna diz respeito a conhecer a Deus, passar a eternidade em sua presença, usufruindo de uma relação de amor com aquele que é tanto o Criador como nosso Redentor.

Ainda desejo experimentar seu poder, ainda desejo ver e participar de milagres, mas tenho encontrado consolo e descanso em saber que o mais importante é cultivar minha relação com Jesus Cristo. Uma das maneiras que faço isso é treinar meus olhos para ver o mover de Deus tanto em minha vida como ao meu redor. Tenho buscado cultivar uma postura de gratidão, seja pela minha saúde, pelo cuidado material de Deus, pelas oportunidades de abençoar e ser abençoado. Tenho buscado prestar atenção na sua poderosa mão, não pelo poder em si, mas pelo prazer em saber que meu Deus é um Deus presente em minha vida. E, quando ele achar conveniente, posso também assistir seu poder maravilhoso em ação de forma surpreendente.

Minha oração pela minha vida e pela sua é que o nosso anseio pelo poder de Deus seja sempre uma consequência de nossa fascinação pelo Deus do poder.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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