O papel do cristão como noiva

Jeff Kinley

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Durante a faculdade, participei de uma grande organização estudantil cristã. Certo dia, um palestrante visitou nosso grupo e falou sobre o arrebatamento, enfatizando que ele poderia ocorrer a qualquer momento. Depois do encontro, uma moça foi diretamente para seu quarto e começou a se desfazer de todas as suas joias (e aquelas meninas tinham muitos penduricalhos!). Ela fez isso porque interpretou as palavras daquele preletor de forma literal, na expectativa de que Jesus voltasse imediatamente. O que essa minha amiga não entendeu é que essa expectativa não exigia que ela se desfizesse de todos os seus bens materiais. Além disso, o que essa ação dela revelava a respeito de como ela via suas colegas?! Assim que ela percebeu que tinha interpretado mal as Escrituras, ela foi atrás de suas amigas para reaver suas joias. Até hoje dou risada quando a imagino passando pelos quartos, explicando porque precisava que lhe devolvessem seus colares e brincos. “Hum, então, parece que no fim Jesus não vai voltar essa semana, e eu meio que preciso desses brincos para uma festa na sexta... ahn... se você não se importar... obrigada”.

Portanto, se não precisamos nos livrar de todos os nossos bens nem nos reunir no topo de alguma montanha para esperar por Jesus, o que devemos fazer? Por definição, acreditar que o retorno de Cristo para buscar sua noiva é iminente significa que não sabemos quando isso acontecerá. Talvez ele volte antes de você terminar este livro. Ou daqui a um ano, ou daqui a 10 ou 50 anos. Ninguém sabe. Só Deus tem essa informação.

Apesar de falar claramente sobre a iminência do arrebatamento, o Novo Testamento também está suficientemente cheio de verdades e ensinos para nos manter ocupados enquanto esperamos. Saber que Cristo vai buscar sua noiva antes que a ira vindoura seja derramada deveria nos motivar a estar pronto. Ao longo dos anos, celebrei cerca de 75 casamentos. Uma das alegrias de ser pastor é desempenhar esse papel importante na união de duas vidas, e tive algumas experiências maravilhosas com isso; contudo, embora tanto a noiva quanto o noivo esperam ansiosamente por esse dia, a noiva geralmente gasta esse tempo preparando a si mesma. Já o noivo ocupa-se em providenciar uma casa ou apartamento limpo e arrumado, e organizar as finanças ou a logística de sua futura vida conjunta.

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O preparo

No que diz respeito ao arrebatamento, Cristo quer que sua noiva esteja pronta para ele. Como uma noiva antes do dia de seu casamento, Jesus quer que sejamos puros (2Coríntios 11.2; 1João 3.3). O apóstolo João diz que a razão disso é “para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua vinda” (1João 2.28). Se um homem espera que sua noiva não se deite com outros durante o período do noivado, ninguém pensa que ele está sendo controlador ou injusto com a futura esposa. Ele simplesmente a ama, e ambos se prometeram exclusivamente um ao outro. Da mesma forma, as ordens de Jesus em relação ao preparo e à pureza nascem de um coração cheio de amor pela sua noiva. Ele deseja que tenhamos vidas dignas. É por isso que ele pede que fiquemos perto dele, pratiquemos a justiça e permaneçamos em seu amor (1João 2.29–3.1).

Deus quer que sejamos mordomos fiéis daquilo que nos confiou. 

Outra coisa que Deus quer de nós é que continuemos a viver normalmente como seguidores de Cristo. Se soubéssemos que Jesus voltaria nesta quinta-feira, às 18:31, provavelmente contaríamos isso a todos os nossos conhecidos – e então ficaríamos orando, cantando, celebrando e aguardando a hora chegar. Seria uma espera realmente intensa (talvez até nos desfizéssemos de algumas de nossas joias). Mas, já que não sabemos nem o dia nem a hora do arrebatamento, precisamos continuar a cumprir as nossas responsabilidades. Martinho Lutero, o grande reformador, resumiu bem esse sentimento escrevendo o seguinte: “Mesmo que eu soubesse que amanhã o mundo acabaria, ainda assim plantaria minha macieira”. O que Deus deseja é simplesmente que sejamos obedientes naquilo que devemos fazer hoje. Em outras palavras: “Espere por Jesus, mas continue vivendo”.

Ao mesmo tempo, precisamos tomar cuidado para não viver como se ele nunca fosse voltar. Deus quer que sejamos mordomos fiéis daquilo que nos confiou. Ao falar sobre sua volta, Jesus contou aos discípulos uma parábola sobre servos que investiram o que seu senhor lhes tinha dado para cuidar. Os servos que investiram de forma sábia foram recompensados, enquanto que aquele que não fez nada com os recursos de seu senhor foi repreendido e castigado (Mateus 25.14-30). Antes disso, Jesus já tinha alertado seus discípulos: “Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o dia nem a hora!” (Mateus 25.13). Essas palavras destacam não apenas o nosso dever de sermos fiéis com o que recebemos, mas também a necessidade de viver com um constante senso de urgência.

Há muito a fazer enquanto esperamos ansiosamente pela volta de Jesus. Coisas importantes. Coisas do dia a dia. Família. Trabalho. Escola. Igreja. Coisas da vida. Coisas boas. Coisas de Deus. Noé não sabia o dia exato em que o Dilúvio começaria, embora tivesse boas razões para crer que não chegaria antes que ele terminasse a arca. Mas mesmo depois disso não sabia precisamente quando começaria. Portanto, o que fazer? Ficar sentado contemplando as nuvens? Filosofar a respeito do futuro e do juízo? Reclamar da maldade? Nada disso. Noé tinha trabalho a fazer. Tinha uma missão. Entendeu que Deus lhe dera uma tarefa muito especial e que, a fim de cumpri-la, teria que se ocupar e permanecer ocupado, concentrando-se nas coisas que realmente importavam. Ele simplesmente trabalhou duro e esperou para ouvir a voz de Deus (Gênesis 6.22–7.1).

Conclusão

A profecia a respeito dos tempos finais é um alarme inquietador que alerta a humanidade para o juízo vindouro. Deus já ofereceu a solução para o problema humano, e o caminho para escapar da condenação está disponível. Ainda há chance e muita esperança! Até aqui, ouve-se o virar das páginas como pancadas de martelo, ecoando a verdade profética a respeito da nossa posição na história. Qualquer crente que dá atenção a essas palavras da Escritura leva o espírito de Noé e a mensagem de Jesus à sua geração.

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Jeff Kinley (Th.M., Dallas Theological Seminary) já escreveu mais de 30 livros e é convidado para falar em diversas igrejas e conferências. Seu ministério equipa igrejas e cristãos a fim de que possam discernir os tempos e viver com confiança. Seu podcast semanal, Vintage Truth, é escutado em mais de 70 países. Também é um dos apresentadores do podcast The Prophecy Pros. Ele e sua esposa vivem em Little Rock, Arkansas, e têm três filhos adultos. Seu site é jeffkinley.com.

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