O Macaco e a “Cumbuca” da Teologia Progressista

Daniel Lima

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Você já ouviu a expressão “macaco velho não põe a mão em cumbuca”? Esta é uma expressão curiosa que tem sua origem em uma prática de caça de índios no norte do Brasil. Os índios abrem um buraco pequeno em uma cabaça (ou cumbuca) e deixam no seu interior a castanha que os macacos tanto gostam. Depois, eles prendem a cumbuca em uma árvore. O macaco inexperiente coloca sua pata dentro da cumbuca para pegar a castanha, mas ao tentar retirá-la, com o punho fechado ao redor da castanha, não consegue, pois a mão fechada não passa pelo buraco. Assim presos, muitos macacos, mesmo quando os índios se aproximam, não abrem sua mão para largar a castanha e escapar e acabam sendo mortos.

Esta história bastante simples demonstra como esses animais não conseguem discernir as coisas mais importantes. Uma vez que tem na mão a castanha, eles são incapazes de renunciar ao menos importante (castanha) para preservar o mais importante (vida).

Com frequência vemos isso acontecer com seres humanos também. Na verdade, posso dizer com segurança, que todos nós já passamos por episódios assim. Sabemos o que é mais importante, mas em dados momentos não abrimos mão do menos importante, mesmo que isso prejudique o que é prioritário. Isso é trágico quando homens optam por se envolver sexualmente fora de seus casamentos, quando mulheres preferem permanecer agarradas aos seus sonhos mesmo prejudicando a própria família, ou alguém faz uma opção pela drogadição, mesmo percebendo a destruição que isso causa.

Grupos e igrejas inteiras se tornam obcecadas por aspectos secundários e perdem de vista o que é mais importante.

Tenho observado com muita tristeza que o mesmo ocorre com respeito ao que cremos. Grupos e igrejas inteiras se tornam obcecadas por aspectos secundários e perdem de vista o que é mais importante. Recentemente, um pastor em uma entrevista respondeu a um questionamento sobre porque ele falava tanto de política e não do evangelho. Ele começou sua fala dizendo que o evangelho é político em sua essência (dependendo de como você define política, há verdade nessa afirmação). No entanto, a seguir, ele completou seu pensamento revelando o que tem de ser entendido como um desvio da ortodoxia. Ele explicou que Jesus morreu por falar a verdade a um sistema opressor, assim, foi morto como um revolucionário.

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A Bíblia, de uma ponta a outra, declara que Jesus morreu por nossos pecados (Romanos 4.25; 1João 2.2; Isaías 53.5-7, entre outros). Talvez um dos textos centrais, que é entendido por muitos estudiosos como um credo (afirmação doutrinária aceita por uma comunidade de fé), é 1Coríntios 15.3-4:

“Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido.”

Paulo destaca que o texto a seguir foi o que ele recebeu o que também estava transmitindo. A ideia aqui é da passagem de um “depósito”, de uma mensagem dada em confiança que deve ser passada adiante sem alteração. Afinal, a mensagem não pertence nem se origina no mensageiro, mas naquele que a proferiu, neste caso, o próprio Deus! Embora muito possa ser discutido e afirmado nesse trecho, importa destacarmos o que é mais importante, aquilo que é central: Cristo morreu por nossos pecados e Cristo ressuscitou! Esse é o cerne do evangelho. Podemos discordar da atualidade de alguns dons espirituais, de sistemas e governo da igreja, de envolvimento político, mas se discordarmos dessa essência, deixamos de ser entendidos como cristãos. 

Cristo morreu por nossos pecados e Cristo ressuscitou! Esse é o cerne do evangelho.

Essa realidade é tão clara que até mesmo aqueles que não professam a fé cristã a percebem. Em uma entrevista com uma pastora liberal, o pensador ateu Christofer Hitchens, ao ser perguntado sobre sua opinião a respeito da teologia progressista, afirmou:

“Eu diria que, se alguém não acredita que Jesus de Nazaré era o Cristo e o Messias, que ele ressuscitou dos mortos e que, pelo seu sacrifício, os nossos pecados são perdoados, em um sentido realmente significativo esse não é um cristão.”

Em meio a tantas demandas e desafios, em meio a desejos sinceros de sermos relevantes e envolvidos, minha oração é que não esqueçamos daquilo que é mais importante, daquilo que é central: Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou!

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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