O ápice da salvação

Libnis Silva

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“Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo...” Essa será uma das poucas vezes que o novo convertido, senão muitos crentes, irá escutar sobre a Trindade de maneira prática. Desde os pais da igreja, estudar a doutrina da Trindade tem sido um encanto e um desafio. No entanto, muitos não têm ensinado sobre a Trindade devido à complexidade e às abordagens dadas. A doutrina da Trindade tem sido reconhecida como uma doutrina essencial da fé ortodoxa, mas sem nenhuma ligação com a vida ortodoxa (ortopraxia). Parece que, para muitos, o conhecimento de Deus e de quem ele é não está ligado à realidade do cristão no mundo.

Como reverter essa situação tão triste? Um modo de transformar essa realidade nas igrejas é ensinando como a Trindade é relevante para o cristão. É começar a ensinar, não apenas na fase de maturidade do conhecimento cristão, mas desde cedo, desde o novo nascimento, desde que o cristão é novo convertido. A Trindade deve ser o fundamento para a vida do novo convertido, assim como foi na história da igreja.

Será que “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” é o único envolvimento prático da Trindade que precisamos saber e ser lembrados em nossa vida cristã? Quanto o Deus trino está envolvido na salvação do homem?

A Trindade deve ser o fundamento para a vida do novo convertido, assim como foi na história da igreja.

Creio que uma das melhores formas de perceber as maravilhas da salvação para nosso dia a dia seja lendo a carta aos Efésios. Paulo sumariza para nós a doutrina da salvação e ainda demonstra que a boa prática está ligada diretamente à boa teologia.

Prioritariamente, a finalidade da salvação se refere a receber uma nova identidade para relacionar-se com Deus. Essa nova identidade não só muda o status, mas também muda as ações, os pensamentos, as emoções, os relacionamentos.

Efésios nos mostra isso. Paulo estrutura a carta de maneira fantástica! Na primeira parte da carta (caps. 1-3) aprendemos sobre o que somos em Cristo, qual é nossa nova identidade, que somos capacitados para viver uma nova vida e que somos parte de um corpo onde Cristo é a cabeça. Essa nova identidade é dada pelo Deus trino, que age para salvar (1.3-14), transformar (2.1-8) e capacitar (1.19-20). Aquilo que somos em Cristo, somos pelo fruto da ação do Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Sempre que pego meu RG, gosto de lembrar como ele não reflete quem realmente sou. Deixe-me explicar melhor. Primeiro, lembro que a data de nascimento foi mudada – nasci de novo (2.1); depois, vejo que minha filiação é outra – agora sou Filho de Deus (1.5). Agora minha naturalidade é especial – sou concidadão dos santos (2.19). Mas não para por aí: o registro que garante isso é o livro da vida (Apocalipse 3.5) e a data do registro é de antes da fundação do mundo (Apocalipse 17.8). E, por último, lembro que receberei um novo nome (Apocalipse 2.17). Fantástico, não?! Que Deus maravilhoso!

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Na segunda parte da carta (caps. 4-6), Paulo nos mostra as implicações daquilo que somos. Ele diz: “Rogo-vos... que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (4.1). Em outras palavras, diante da salvação que recebemos de Deus, devemos viver de modo a engradecer o Deus que representamos. A igreja, a comunidade de novas pessoas, carrega o reflexo de Deus “para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida...” (3.10). Nos capítulos finais, aprendemos de forma clara e prática a refletir o Deus trino. Devemos andar em humildade, paciência e unidade, pois “há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos...” (4.4-5). Devemos andar em amor, sendo imitadores de Deus (5.1). Devemos andar como filhos da luz (5.8), evitando a idolatria e a imoralidade. Devemos andar como sábios (5.15), remindo o tempo e estando cheios do Espírito (5.18). As implicações não param aí. Uma vida cheia do Espírito Santo, então, nos leva a relacionamentos que
glorificam a Deus: marido e mulher (5.22-33), pais e filhos (6.1-4), patrões e empregados (6.5-9).

Não podemos dissociar nossa vida da teologia. Precisamos mergulhar profundamente no que Deus fez por nós e entender melhor o seu amor.

Não podemos dissociar nossa vida da teologia. Precisamos mergulhar profundamente no que Deus fez por nós e entender melhor o seu amor, para que cheguemos no ápice de nossa salvação. De modo que, como Paulo diz, precisamos orar mais “a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (3.18-19). Mas, qual é o ápice da salvação? O que é ser tomado de toda a plenitude de Deus?

Realmente são maravilhosos e grandiosos os feitos de nosso Deus trino por nós, mas qual a finalidade de todos esses feitos? Sabemos que o fruto final dos feitos do Deus trino para salvar o homem (1.6,12,14), bem como tudo que fazemos (1Coríntios 10.31), deve ser para a glória de Deus. Mas será que a salvação proporcionada por Deus tem por finalidade apenas livrar-nos da condenação eterna, do inferno? Será que a finalidade é receber bênçãos? Ou será que nos dá possibilidade de termos bons relacionamentos com o próximo? Qual é o ápice da nossa salvação?

O ápice da nossa salvação é a restauração do relacionamento com Deus. O ápice da salvação é sermos plenos de Deus (3.19). Veja só! Já imaginou não ir para uma separação eterna de Deus, mas para o céu com Deus? Já imaginou ser salvo do inferno, ter seus pecados (suas dívidas) pagos, mas permanecer sem um coração que pulsa por Deus? Como podemos desejar o amor de Deus e suas dádivas sem primeiramente desejá-lo?

O ápice da nossa salvação é a restauração do relacionamento com Deus.

Infelizmente repetimos os mesmos erros e nos enganamos amando e desejando mais e mais bênçãos e o amor de Deus sem realmente desejarmos um relacionamento com ele.

É impressionante que, quando lemos os livros de teologia sistemática, vemos muitas discussões sobre a ordem de salvação (as várias visões de salvação, a cruz de Cristo, por quem Cristo morreu), de modo que nos concentramos muito na obra e no processo de salvação e nos esquecemos dos motivos da salvação do homem e sua finalidade, o ápice da salvação. Este ápice é ser dele, é estar nele, é ter comunhão com ele eternamente. Jesus Cristo, falando da finalidade de sua obra, diz: “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17.21).

Mais do que salvação, é desfrutar da maravilhosa e perfeita comunhão com o Deus trino, é amar e desejar a Deus com todo o nosso ser.

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