Jesus, o Pão da Vida

Daniel Lima

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Recentemente, quando minha esposa e eu olhamos um filme de Natal, ficamos um tanto surpresos como o nome de Jesus não foi mencionado, nem de passagem, durante todo o filme! O tema era natalino, havia uma ênfase na festa da família, havia até uma cena numa igreja evidentemente cristã, mas Jesus não fazia parte do roteiro. Na verdade, o mundo não sabe quem é nem o que fazer com Cristo. Pilatos já expressou essa dúvida em Mateus 27.22, onde lemos: “Que farei então com Jesus, chamado Cristo?”.

A pergunta que precede o que fazer com Cristo é: “Quem é Jesus?”. Vivemos numa época de contatos virtuais em que a questão de identidade é fundamental, mas complexa. Por exemplo, é comum que um potencial empregador tenha todos os seus dados em mãos durante um processo seletivo, mas a famosa pergunta sempre surge: “Como você se descreveria?”. O entrevistador pode estar de posse de vários dados biográficos e de sua carreira, mas ele ou ela não conhece realmente você. Quando respondemos – cara a cara – quem somos, estamos nos dando a conhecer, especialmente pelas características que destacamos.

O fato é que, ao nos identificarmos, buscamos ao mesmo tempo encontrar pontos de semelhança e de diferença, queremos estabelecer tanto vínculos como distinções. Nas festas da escola onde Ana Paula trabalhava, eu me apresentava como esposo dela. Dessa forma, eu estabelecia um vínculo (supondo que a pessoa com quem estou falando conhecia minha esposa) e ao mesmo tempo destacava que eu não apenas a conhecia, mas era seu marido.

O evangelho de João tem uma abordagem diferente dos demais evangelhos. Uma destas características é que João deixa claro seu propósito: que pessoas viessem a crer (João 20.31). É também o evangelho que mais registra os discursos de Jesus e que o apresenta sem nenhuma dúvida como Filho de Deus. Neste sentido, ao longo do seu relato, ele registra pelo menos sete declarações de Jesus a seu próprio respeito, que são como uma apresentação pessoal de Cristo. As expressões são: “Eu sou o pão da vida” (6.35); “Eu sou a luz do mundo” (8.12); “Eu sou a porta” (10.7); “Eu sou o bom pastor” (10.11); “Eu sou a ressurreição e a vida” (11.25); “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (14.6); e: “Eu sou a videira verdadeira” (15.1).

A primeira declaração é que ele é o Pão da Vida. O registro está no capítulo 6, versos de 30 a 59. Esta afirmação vem logo em seguida à primeira multiplicação de pães e responde ao pedido que os judeus lhe fazem de um sinal no qual possam crer. Esta situação já é surpreendente e demonstra que sinais não são suficientes para levar alguns à fé. Jesus havia acabado de multiplicar pães para toda uma multidão, mas muitos ainda queriam um sinal. Na verdade, estavam maravilhados com os sinais, mas não conseguiam entender quem era Jesus.

Jesus é o maior sinal que Deus poderia dar, tanto no sentido de milagre como no sentido de uma prova do seu amor.

Nesse debate eles afirmam que Moisés, seu profeta mais poderoso, lhes deu o maná. O que Jesus poderia dar como um testemunho de quem ele era (versos 30-31)? Já nesta pergunta percebemos a expectativa equivocada dos judeus. Eles queriam ver para crer. E eles queriam ver aquilo que lhes interessava, no caso pão (sustento).

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A resposta de Jesus é ao mesmo tempo direta e intrigante. Em primeiro lugar, ele explica que não foi Moisés quem deu pão, mas Deus (verso 32); mais adiante, Jesus aponta para um fato fundamental: o que eles queriam tinha valor temporário, pois mesmo o maná não iria resolver o problema de vida deles (verso 49). Nesta comparação, Jesus ouve o pedido dos que o cercam e responde com algo muto maior, que atende aos seus desejos mais íntimos. Eles querem um sinal? Jesus é o maior sinal que Deus poderia dar, tanto no sentido de milagre como no sentido de uma prova do seu amor. Eles querem algo que os alimente, que lhes dê “vida”? O maná era temporário, restrito, tinha de ser colhido diariamente e não podia ser armazenado; Jesus podia lhes dar vida como nunca experimentaram, vida que não acaba, vida eterna (verso 51).

Neste sentido, ao afirmar que é o Pão da Vida, Jesus não se apresenta apenas como a resposta de suas necessidades imediatas, mas como aquele que pode suprir o anseio mais profundo de suas almas. Ao pensar nisso, sinto-me confrontado por Cristo da mesma forma que ele perguntou ao cego: “O que você quer que eu faça?” (Lucas 18.41). Se eu recebesse essa pergunta, temo que ficaria tentado a lhe apresentar necessidades imediatas, soluções temporárias, seguranças passageiras.

Minha oração, por você e por mim, é que possamos manter em mente e no coração que o que mais precisamos é do próprio Jesus. Ter a Jesus preenche e ultrapassa todas as nossas limitadas listas de pedidos e queixas. Como diz Davi no Salmo 16.2: “Ao Senhor declaro: ‘Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti’”.

Série Quem é Jesus?

  1. Jesus, o Pão da Vida
  2. Jesus, a Luz do Mundo
  3. Jesus, a Porta
  4. Jesus, o Bom Pastor
  5. Jesus, a Ressurreição e a Vida
  6. Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida
  7. Jesus, a Videira Verdadeira

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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