Jesus, a Ressurreição e a Vida

Daniel Lima

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Ele adoeceu de repente. Talvez foi alguma dificuldade respiratória. Talvez não conseguia comer e, quando o fazia, tinha ânsia de vômito ou diarreia. Com certeza essa doença trouxe dor e sofrimento. No primeiro século d.C., Israel não tinha hospitais ou UTIs. As irmãs tiveram de cuidar dele enquanto esperavam a chegada de Jesus a qualquer instante. Os dias passaram (não sabemos quantos), mas a realidade é que Jesus não veio e Lázaro morreu e foi enterrado. Imaginem comigo como estava o coração destas duas mulheres, Marta e Maria. Elas criam que Jesus podia ter curado seu irmão. Elas haviam testemunhado milagres realizados por ele. Elas criam que ele era o Messias prometido. Ainda assim, elas esperaram em vão, pois, em sua perspectiva, Jesus não havia chegado a tempo.

Jesus foi realmente avisado de que Lázaro estava doente; no entanto, mesmo amando esta família, decidiu aguardar mais alguns dias. Ele sabia que sua vida corria risco na Judeia. Os líderes judeus planejavam sua morte. Mas ele podia curar Lázaro à distância, sem nem sequer correr o risco de ir até aquela região. Na verdade, ele permitiu que seu amigo passasse pelo sofrimento da morte e suas irmão passassem pelo sofrimento da partida de um ente querido porque sabia que isso revelaria mais a respeito do Pai e dele mesmo, Jesus Cristo.

É neste contexto, ao se encontrar com Marta, que Jesus faz a afirmação de que é “a ressurreição e a vida”. Em João 11.21-27 lemos:

Disse Marta a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pedires”. Disse-lhe Jesus: “O seu irmão vai ressuscitar”. Marta respondeu: “Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia”. Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?” Ela lhe respondeu: “Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”.

Marta fala do passado ao declarar que Lázaro estaria vivo caso Jesus tivesse vindo. Aqui ela demonstra uma perspectiva tipicamente humana. Em resumo, ela está dizendo: “Meu passado foi ruim, não era o que eu queria e você, Deus, podia ter feito diferente!”. Quantos de nós não gostaríamos de “reconstruir” eventos ou circunstâncias em nosso passado? Seja por escolhas tolas de nossa parte ou por pecados cometidos contra nós, quem não gostaria que Deus tivesse chegado e mudado o que aconteceu? Talvez eu não tivesse me casado com ele ou ela, talvez eu não tivesse feito esses cursos ou aceitado esse emprego ao invés daquele, talvez eu não tivesse brigado, mentido, reagido tão mal?

No entanto, Marta logo se recupera de seus lamentos sobre o passado afirmando que Jesus ainda pode fazer tudo diferente. Esta é uma afirmação correta, mas o quanto ela realmente acreditava nisso? Suas dúvidas ou mesmo falta de fé é revelada quando Jesus ordena que a pedra do túmulo seja removida. Diante disso, a sempre prática Marta diz: “Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias” (verso 39). Uma vez mais me identifico com Marta, pois eu também faço afirmações verdadeiras e espirituais, mas na hora decisiva eu me pergunto: “Será?”. Eu creio que Deus pode fazer tudo, mas há circunstâncias, relacionamentos, pessoas que me parecem ter um cheiro de morte, mesmo para ele.

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Jesus declara que Lázaro vai ressuscitar, mas para Marta isso é um evento distante, não agora. Ela manifesta a fé de que haverá um dia, distante, no futuro, em que tudo estará bem, mas agora eu fico na minha dor, na minha saudade. O quanto nós que ansiamos pelo retorno de Cristo não temos a mesma postura? Cremos e esperamos promessas distantes, mas não percebemos, não vivemos as promessas de hoje. Nossa vida é um constante tolerar até que cheguemos no céu.

Jesus é a Ressurreição, pois por meio de sua vitória sobre a morte a maldição do pecado de Adão e Eva foi anulada.

Diante da tristeza do passado, da fé hesitante do presente e da esperança do futuro, Jesus afirma sua identidade, ao mesmo tempo convidando Marta a considerar que acima de um passado dolorido, de um presente desafiador e de um futuro distante, ele – Jesus – é a própria ressurreição e a vida. Ressurreição não é só um evento futuro ou sequer algo imediato no caso de Lázaro. Jesus é a Ressurreição, pois por meio de sua vitória sobre a morte a maldição do pecado de Adão e Eva foi anulada. Deus havia prometido que, se eles comessem do fruto proibido, a consequência seria a morte. Em Cristo essa consequência foi satisfeita. Por isso ele é também a vida. Não só uma vida que não acaba (eterna no sentido cronológico), mas vida eterna no sentido de comunhão com Deus. Em João 17.3, lemos: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.

Muito mais do que prometer que Lázaro voltaria a viver (ainda que apenas por algum tempo...), Jesus declarou que por meio dele podemos ter um vida que não acaba e que é radicalmente diferente em sua essência. Esta vida que ele oferece é a própria comunhão com Deus. Minha oração, enquanto vivemos sob o espectro da morte, é que possamos nos alegrar com Cristo, que é a Ressurreição e a Vida.

Série Quem é Jesus?

  1. Jesus, o Pão da Vida
  2. Jesus, a Luz do Mundo
  3. Jesus, a Porta
  4. Jesus, o Bom Pastor
  5. Jesus, a Ressurreição e a Vida
  6. Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida
  7. Jesus, a Videira Verdadeira

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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