Jerusalém no Olho do Furacão

Equipe Chamada

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Nos últimos dias, Jerusalém, Israel, Hamas e outros termos voltaram à página principal dos jornais. Alertas, sirenes, ameaças, discursos e foguetes foram disparados de ambos os lados da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza. Uma vez que ainda estamos no meio deste conflito, muitas informações e análises não conseguem ser precisas, e muitos números são alterados a cada hora.

É de conhecimento geral que os conflitos entre israelenses e palestinos não são raros ou anormais, mas estamos passando por um dos momentos mais belicosos dos últimos anos. Como isso começou e o que está acontecendo? Como está a vida de quem vive em Israel? E o que nós podemos fazer no meio disso tudo? Essas são as  respostas que gostaríamos de buscar responder neste texto.

Conflito na região

Um dos momentos importantes para entender o atual conflito ocorreu na última segunda-feira (10), quando policiais israelenses entraram na área da Mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, onde centenas de palestinos se encontravam. A polícia israelense alega que pedras e fogos de artifício estavam sendo jogados pela multidão palestina. Centenas de palestinos e cerca de 20 soldados israelenses ficaram feridos.[1]

No mesmo dia, o Hamas deu um ultimato a Israel: nenhum israelense deveria estar no monte do Templo até às 18 horas, ou haveria bombardeios – o que de fato ocorreu. Até o presente momento, Israel anunciou que mais de 1 500 foguetes foram lançados em diversas cidades, tais como Tel Aviv, Jerusalém e Ascalom. Cerca de 85 a 90% dos foguetes foram destruídos no ar pelo sistema de defesa antiaéreo Domo de Ferro. (Alguns desses foguetes também acabaram caindo dentro da Faixa de Gaza.)

Contudo, outros fatores também causaram o aumento das animosidades, como (1) o final do mês de Ramadã, (2) os efeitos econômicos da pandemia, (3) uma longa decisão judicial envolvendo moradores palestinos do bairro Sheikh Jarrah, localizado em Jerusalém Oriental, que ainda está sendo disputada no tribunal, (4) as comemorações do Dia de Jerusalém, feriado nacional em comemoração da conquista e reunificação da cidade por Israel na Guerra dos Seis Dias (1967), e (5) o impasse político em Israel, depois de sua quarta eleição nos últimos dois anos – realizada em março – ainda não ter trazido uma coalizão forte o suficiente para governar o país.

A resposta israelense tem sido forte, com diversos ataques sendo realizados a pontos estratégicos do Hamas – o que não é algo comum. Nos últimos anos, havia uma tentativa rápida de se controlar a situação e buscar um cessar-fogo. Desta vez, especialistas em Israel acreditam que o conflito poderá durar dias.[2]

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Vida em Israel

Diante de tudo isso, como tem sido a vida de quem vive em Israel? Nada fácil. Sob constantes sirenes (alertando que em 60 segundos haverá ataques aéreos) e à procura de abrigos anti-bombas, a insegurança têm tomado conta dos judeus, árabes e outros moradores da região. Kobi e Shani Ferguson, obreiros da missão Maoz Israel, relatam que não lembraram de desligar o carro quando correram para dentro de casa e se deitaram no chão – como a casa em que moram é antiga, não possui abrigo anti-bombas.

Meno Kalisher, pastor da igreja Jerusalem Assembly e palestrante nos congressos da Chamada, relata:

Segunda de tarde nós tivemos o encontro dos jovens na igreja. Às 18h, exatamente como a organização terrorista Hamas tinha ameaçado, a sirene foi ouvida em Jerusalém. Todos os jovens e a equipe desceram silenciosamente para o abrigo, torcendo para que os mísseis não viessem em nossa direção. Depois de dez minutos, retornamos à sala de estudos da igreja e continuamos a lição, como se tudo fosse apenas uma rotina diária normal. Os mísseis caíram no lado oeste da cidade, mais perto da localização do novo prédio da igreja. Graças a Deus, ninguém foi ferido e nenhum dos jovens ficou assustado ou entrou em pânico. Eu agradeço a Deus pelos líderes da juventude que fielmente deram o seu melhor pela salvação e discipulado de nossos grupos de crianças e jovens. Os ataques de mísseis continuaram, principalmente em direção às comunidades e cidades ao redor de Gaza, mas também em direção ao centro – a área metropolitana de Tel Aviv. Enquanto escrevo este relatório, eles ainda estão acontecendo. A questão é que estamos em guerra. Estou orando para que o Hezbollah, no norte, não se envolva. Isso tornaria a situação muito pior para todos os lados. Por favor, ore pela nossa segurança, e pela salvação de nossa nação e de nossos inimigos.

Nossa atitude

O que nós, cristãos, podemos fazer? Como devemos reagir? Não importa de qual “lado” você esteja – seja pró-Israel, seja contra Israel, seja indiferente –, nós devemos demonstrar amor para com os nossos amigos e inimigos (Mateus 5.43-44). O próprio Senhor Jesus disse que “todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13.35).

Neste ponto, as palavras de Tim Sigler são muito pertinentes. Ele escreve:

O que devemos pensar de qualquer relacionamento que seja prejudicado por uma história de ódio e violência, ciclos de morte e vingança, ataques aos fracos, exploração dos pobres? O que devemos pensar de qualquer cenário em que diferenças culturais, tensões raciais e crenças religiosas separam os seres humanos que são criados à imagem de Deus?

Devemos pensar que o Príncipe da Paz é poderoso o suficiente para trazer a paz onde parece impossível (Isaías 9.6). Devemos orar pela paz de Jerusalém e harmonia por todos os seus habitantes (Salmos 122.6). Conhecendo Deus como aquele que faz as pazes nos lugares celestiais (Jó 25.2), devemos orar para que ele faça paz por nós hoje (Isaías 26.12) e antecipar o tempo em que ele será rei sobre toda a terra (Zacarias 14.9).

Enquanto esperamos, devemos seguir o exemplo divino do Senhor e buscar as bênçãos que ele promete a todos os pacificadores (Mateus 5.9). Também devemos ser biblicamente realistas sobre essa paz. Sempre haverá pessoas que são inimigas da paz, que lucram com a guerra, que recusam a reconciliação. Devemos dar as boas-vindas a todos os que oferecem bondade, a todas as oportunidades de ser uma luz na escuridão, a todas as aberturas para falar shalom e salaam (as palavras em hebraico e árabe para paz, respectivamente). Devemos aprender os cumprimentos, as línguas, as culturas e as histórias um do outro – e apreciar um ao outro como igualmente criados à imagem de Deus (Gênesis 1.27; 9.6; 1Coríntios 14.10-12)…

Como sabemos que essas nações um dia cooperarão sob o comando do Messias Jesus e compartilharão uma estrada da Assíria para o Egito, com Israel em seu meio (Isaías 19.23-25), também devemos procurar construir caminhos de paz entre nossas comunidades hoje.

A paz no nível pessoal, congregacional e até comunitário é possível hoje, mesmo quando sabemos que a guerra está prevista para o futuro (Zacarias 14). Verdadeira paz e amizades amorosas estão disponíveis entre judeus e árabes, inclusive quando usamos o discernimento e rejeitamos os falsos messias que prometem uma falsa paz a fim de travar uma guerra pior (Mateus 24.3-5; 1Tessalonicenses 5.3; Apocalipse 13). Os judeus e árabes que creem em Jesus já tiveram a inimizade que existia entre eles remediada (Efésios 2.15), e podemos escolher com a capacitação divina de Deus estender essa paz uns aos outros e amar nossos vizinhos (Levítico 19.18; Mateus 22.39)…

Israelenses e palestinos espiritualmente renovados podem abrir caminho para seus concidadãos buscarem novos meios de paz e boa vontade, amando aqueles que de outra forma seriam seus inimigos. Nas promessas de Deus e no povo de Deus, há esperança.[3]

Oremos pela paz de Jerusalém e por todos que vivem naquela região. Que todos eles venham a reconhecer o único e suficiente Salvador!

Notas

  1. AFP e TOI Staff, “Timeline of the clashes bloodying the Old City of Jerusalem”, The Times of Israel, 10 mai. 2021. Disponível em: https://www.timesofisrael.com/timeline-of-the-clashes-bloodying-the-old-city-of-jerusalem/.
  2. TOI Staff, “Daily Briefing May 11 – Israel under fire: An escalation on multiple fronts”, The Times of Israel, 11 mai. 2021. Disponível em: https://www.timesofisrael.com/daily-briefing-may-11-israel-under-fire-an-escalation-on-multiple-fronts/.
  3. Tim M. Sigler, “O Que Devemos Pensar Sobre as Relações Entre Judeus e Árabes?”, in: Randall Price, O Que Devemos Pensar Sobre Israel? (Porto Alegre: Chamada, 2020), p. 172-175.
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