Intimidade e Fidelidade

Daniel Lima

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Na semana passada comecei a escrever sobre como um cristão pode manter-se fiel ao longo de sua vida e ministério (“Identidade e Fidelidade”). Entendo que há pelo menos quatro áreas interrelacionadas a se cultivar para se preservar a fidelidade ao longo do tempo: Identidade, Intimidade, Integridade e Interação. Neste artigo quero falar sobre intimidade com Deus.

Recentemente assisti um filme em que um casal, em um relacionamento adúltero, tenta se conhecer melhor. A conversa durou uns cinco minutos e logo seguiram adiante em seu relacionamento totalmente baseado em atração sexual. Com certeza foi algo um tanto caricato, muito embora observando a cultura atual, já que, em muitos contextos, relacionamentos que se baseiam somente em prazer sexual são muito frequentes. Existem inclusive aplicativos que promovem esses encontros.

Intimidade significa estar perto, permanecer perto ou permitir ao outro estar à vontade em sua presença.

A própria palavra, intimidade, parece ter sido “sequestrada”. Ao ouvir falar de intimidade entre duas pessoas, precisamos manter a mente sob “rédea curta” para não entender um contato com conotação sexual. O que é intimidade? A origem da palavra é latina e significa dentro ou interno. No entanto, intimidade tem um sentido mais antigo de conhecer ao outro, de compartilhar valores, sonhos, ideias, aspirações e história. Intimidade significa estar perto, permanecer perto ou permitir ao outro estar à vontade em sua presença.

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Em João 15, usando a imagem de uma videira, Jesus ensina sobre a intimidade com ele. Nessa curta passagem, ele usa cerca de dez vezes a palavra permanecer. O foco da passagem é justamente a permanência, o estar com ele, o fazer habitação com ele. O verso 5 desse capítulo é talvez o mais significativo:

Eu sou a videira, vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer nada.

O “permanecer” é a essência da própria vida cristã. Posso dizer com segurança que todo cristão que deixa de cultivar a “permanência” com Jesus vai se afastar, vai abandonar uma vida fiel. Tanto em termos de vida cristã como em termos de ministério, há muito que podemos fazer, há muitos talentos dados por Deus ou naturais que são impressionantes. O problema acontece quando vivemos tanto a vida como o ministério sem estarmos intimamente ligados a Deus. Podemos manter as aparências por um tempo, mas nossa distância do Senhor virá à tona. Não como punição, mas como mostra de misericórdia do Senhor. Pois sem revelar nossa distância, nossa falta de intimidade, como podemos ser curados?

O “permanecer” é a essência da própria vida cristã. Todo cristão que deixa de cultivar a “permanência” com Jesus vai se afastar, vai abandonar uma vida fiel.

A conhecida passagem de Salmos 25.14 aponta justamente para a intimidade de Deus e nos dá algumas recomendações sobre como pode alguém vir a desfrutar dela:

A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. (ARA)

A palavra “intimidade” no hebraico significa um conselho ou uma reunião em que informações importantes, mas sensíveis, são compartilhadas. Ou seja, é algo apenas para os íntimos, os mais próximos, os amigos confiáveis. Outro versículo que reflete o mesmo princípio é Salmos 4.3: “Saibam, porém, que o Senhor distingue para si o piedoso; o Senhor me ouve quando eu clamo por ele”. A palavra “piedoso” significa santo ou fiel. Podemos ler que aqueles que são fiéis, ou buscam a Deus, são escolhidos, separados por ele. 

A recomendação central para se cultivar a intimidade com Deus é buscá-lo! A Bíblia repete isso em muitas passagens. Deixe-me tentar listar algumas dessas recomendações:

  1. Busque de coração – Ninguém pode desenvolver uma intimidade com o Senhor por meio de religiosidade ou rituais insinceros. Jeremias ensina que se o buscarmos de todo coração nós o encontraremos (Jeremias 29.13).

  2. Buscar com fé – Não podemos fazer uma experiência, ou buscar a Deus como algo mágico. Precisamos buscar a Deus crendo que ele vai nos atender. Essa crença não é fruto de uma “hiperespiritualidade”, mas de um coração quebrantado e desejoso de encontrar a Deus (Tiago 1.6-7).

  3. Buscar com perseverança – Mesmo que você tenha tido uma experiência de intimidade com Deus, você precisa continuar a cultivar essa intimidade ao longo de sua vida. Isso certamente vai exigir renovados momentos de quebrantamento e busca. Lembre-se de Davi, um homem que andava em intimidade com Deus e que teve de se quebrantar e voltar a buscar a intimidade do Senhor (Salmos 51).

  4. Busque na Palavra – Tudo aquilo que Deus deseja revelar a seu respeito ele o fez por meio de Jesus. E Jesus é revelado por meio da Palavra, da Bíblia. Podemos sim cultivar experiências com Deus, mas estas são apenas complementos daquilo que Deus tem revelado por meio da Bíblia. Um cristão que deixa a Palavra é um cristão a caminho de se afastar de Deus.

Certamente existem muitas outras recomendações, mas essas me parecem centrais. Oro para que neste ano, que ainda está começando, tanto você como eu possamos buscar a Deus, na certeza de que sua intimidade é para aqueles que o temem, para aqueles que o buscam de todo coração!

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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