Homoafetividade: Um tema difícil (Parte 1)

Daniel Lima

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Um rapaz vinha conversando comigo ao longo de mais de um ano. Como pastor, sentia-me honrado em manter um relacionamento assim com um jovem tão brilhante. Um dia, após muitas conversas sobre alguns de seus conflitos, ele acaba afirmando: “Daniel, acho que eu sou gay”! Continuei a conversa sabendo que, com esta revelação, estávamos pisando em terreno minado. A vergonha e o constrangimento do jovem eram evidentes. Ele havia crescido em uma família cristã, sempre se envolveu na igreja e não apresentava nenhum trejeito ou maneirismo que indicasse esta luta interior. Como orientar, como ajudar um discípulo de Cristo com esse conflito?

A cena acima é fictícia, embora eu tenha passado por algumas situações muito parecidas. De modo geral, são momentos de enorme tensão tanto para quem reconhece esta tendência e decide revelar sua luta como para quem ouve e tem um compromisso de amar, cuidar e orientar. A energia necessária para alguém buscar ajuda diante de um dilema assim é algo gigantesco. Eu posso imaginar noites refletindo, se avaliando, odiando a si mesmo(a), mas reconhecendo em si desejos que ele(a) mesmo(a) entende como distorcidos. Imagino repetidas promessas de mudança, seguidas de fracassos, revolta consigo mesmo(a), com Deus, com a família, com todos. Cada um dos indivíduos que busquei ajudar passaram por momentos de discriminação, aberta ou sutil. Cada um deles fez “mil” promessas e se decepcionou consigo, com Deus e com a igreja.

Tendo convivido muito de perto com homens que lutam com esta tendência, gostaria de examinar a Bíblia com respeito ao que esta afirma, assim como respeito àqueles que defendem o movimento LGBT e dizem encontrar bases bíblicas para isso. Encontrei uma comparação que me pareceu representar muito bem como a igreja dita cristã se posiciona com respeito ao debate. Neste artigo são apresentadas 6 perspectivas. Antes mesmo de identificar quais estão certas ou não, eu gostaria que – ao ler – você procurasse identificar onde você se encontra:

Seis perspectivas cristãs no diálogo LGBT[1]

  1. Condenação ou abominação. A Escritura não faz distinção entre atos homossexuais e orientação homossexual; ambos são condenados.

  2. Promessa de cura ou restauração. Por meio de cura interior, aqueles que se identificam como gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros podem adotar uma orientação heterossexual, embora a luta com atração pelo mesmo sexo possa continuar.

  3. Chamado para um discipulado de alto custo ou celibato. Cura completa para aqueles que se identificam como gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros pode não ser possível, mas cristãos fiéis que continuam com uma orientação para o mesmo sexo vão se comprometer com uma vida de celibato.

  4. Acomodação pastoral. Relacionamentos monógamos, de vida inteira com parceiros do mesmo sexo, podem ser toleradas (não afirmados, celebrados ou idealizados) como uma opção melhor do que outras escolhas ou comportamentos sexuais pecaminosos.

  5. Afirmação. Relacionamentos gay e lésbicos podem ser afirmados como positivos e bons e podem atingir uma mesma qualidade de amor que um relacionamento heterossexual.

  6. Liberação. Homofobia é o principal mal e deve ser denunciado. Justiça exige que a maioria sexual na igreja defenda a plena igualdade para aqueles que se identificam como gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

Como seguidor de Jesus, há muito tempo conclui que preciso de uma referência em minha vida que seja externa. Se eu for confiar apenas em minha mente e opiniões para determinar a verdade, eu logo cairia em erro. Decidi então que a Bíblia, como palavra revelada por Deus, é a referência contra a qual vou comparar todo fato, pergunta e questionamento. Concluí que: caso eu não entenda um texto, a Bíblia está certa e eu estou errado; caso eu tenha dificuldade com alguma passagem, a Bíblia está certa e eu estou errado. Portanto, vou buscar alinhar minhas opiniões, crenças e atitudes pelo referencial da Bíblia.

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A partir desta perspectiva, é meu entendimento de que Deus condena, sim, a prática homossexual como pecaminosa. Isso me parece evidente nos textos clássicos (Gênesis 19, Levíticos 18 e 20; Romanos 1, 1Coríntios 6 e 1Timóteo 1), como também em muitos dos princípios apresentados na Palavra sobre uma vida que está alinhada com nosso Deus. Não ignoro o drama daqueles que lutam com este tema pessoalmente, não ignoro aqueles que buscam explicar esses textos de uma maneira que indique uma abertura para a prática homossexual, mas – após muito estudo, conversas e orações – afirmo esta posição. Tendo dito isso, gostaria de convidá-lo(a) a acompanhar meus próximos artigos, onde quero examinar os principais textos bíblicos que tratam desta questão. Meu convite é que você leia cada um desses textos nestes próximos dias. Meu intuito não é condenar, mas buscar oferecer consolo e esperança a tantos que lutam diretamente ou que conhecem alguém próximo que luta com a homoafetividade.

Nota

  1. Adaptado da obra de Larry R. Holben, What Christians Think about Homosexuality (Fort Worth, TX: D&F Scott Publishing, Inc., 1999).
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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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