Galileia, Israel (Sábado, 10 de junho)

Daniel Lima

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Hoje foi o dia em que viajamos para a Galileia. Se Jerusalém nos impacta com os últimos dias da vida de Cristo, Galileia nos “transporta” para o seu ministério. Passamos primeiramente por Jope. Depois de quase uma semana no terreno árido de Jerusalém e do deserto, fomos marcados pela vista linda do mar Mediterrâneo. Jope é hoje quase um bairro de Tel Aviv, no entanto, tem muito mais significado histórico. Foi de Jope que Jonas embarcou para fugir de Nínive. É em Jope que encontramos uma linda obra chamada O Judeu Errante. Trata-se de uma árvore plantada e um vaso suspenso por cabos. A referência é ao fato desse povo vagar por tantos anos sem um lar. Passamos depois por Cesareia Marítima, mais uma obra impressionante de Herodes, o Grande. Passamos pelo monte Carmelo, local da batalha de Elias com os profetas de Baal, e local onde avistamos a gigantesca planície conhecida como Armagedom.

Foram muitos pontos de significância bíblica e histórica. Para mim, no entanto, o ponto alto de Jope é a casa de Simão, o curtidor. O local é onde ocorre o evento da visão de Pedro (Atos 10.9-23). Nessa visão, o apóstolo é confrontado diretamente com o fato de que o evangelho não é somente para os judeus, mas para todos os povos. Para nós pode parecer algo óbvio, mas para os judeus era uma verdade revolucionária. Na sequência da visão, Pedro vai pregar aos gentios reunidos na casa do centurião Cornélio. Ali, antes mesmo de terminar sua mensagem, o Espírito foi derramado sobre eles e Pedro chega à conclusão: “Então Pedro começou a falar: ‘Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo’” (Atos 10.34-35). 

O significado dessa palavra é tremendo. Não só deixa claro que nós, não judeus, temos acesso a Deus, como declara que Deus não trata as pessoas com parcialidade. Os costumes dos judeus impediam-nos de sequer participar de uma refeição com gentios. Mesmo tendo caminhado com Jesus e sendo habitado pelo Espírito Santo, Pedro resistia à noção de que Deus pudesse acolher gentios. 

“Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo” (Atos 10.34-35).

É comum que, com o passar do tempo, cada um de nós desenvolva preconceitos. Quem sabe temos uma opinião ruim sobre pessoas de certa região, ou então de pessoas de certa etnia ou cor de pele. Mesmo entre nós cristãos podemos encontrar preconceitos baseados em opiniões políticas, tendências doutrinárias ou mesmo filiação denominacional. Em alguns casos, nosso preconceito pode se basear em algum estilo de vida pecaminoso. Tendemos a nos afastar de pessoas que identificamos como pecadoras.

Anos atrás, na igreja onde servia, alcançamos uma prostituta de rua. Ela passou por uma conversão que me pareceu verdadeira, mas por uma série de razões, se recusou a ser ajudada a deixar a rua. Algum tempo depois, fui tomar um lanche na padaria em frente da igreja. Ali eu era conhecido como o pastor da igreja do outro lado da rua. Chegando ali, vi a jovem, trajando roupas de prostituta. Todos evitavam se aproximar dela. Minha primeira reação foi de tristeza, e fiquei preocupado com minha reputação. No entanto, o amor de Cristo me constrangeu e eu fui falar com ela. A princípio, ela também estava constrangida, mas conversamos um pouco, eu perguntei como ela estava, perguntei de seu filho, e, após alguns minutos, ela, com os olhos cheios de lágrimas, me agradeceu e disse para não me esquecer dela em minhas orações.

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Creio que senti algo parecido com o que Pedro sentiu entre os gentios e tive de concluir que Deus não faz acepção de pessoas. Pelo contrário, somos salvos pela graça (Efésios 2.8), não por qualquer mérito que tenhamos em viver uma vida moralmente mais cuidadosa. Não estou ignorando os pecados daquela mulher, e acredito que, caso ela realmente tenha se convertido, deveria ter deixado a vida que levava (Colossenses 3.5-6). Ao mesmo tempo, estou afirmando como Pedro que Deus acolhe todo aquele que se arrepende e o busca. No mínimo, desejo afirmar que não sou melhor do que ela, a não ser pela obra do Espírito em minha vida.

Não sei onde está hoje aquela mulher. Tendo em vista o estilo de vida de drogas e de risco que levava, é bem provável que tenha partido. Quando me lembro dela, oro para que sua conversão tenha sido verdadeira. Oro para que, ao deixar esta vida (se já a deixou), ela tenha entrado na glória e esteja hoje desfrutando da presença do Pai. E oro para que pecadores arrependidos como eu e você não deixemos de nos lembrar de onde saímos e de quão grande graça nos alcançou.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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