Formação Espiritual: À Imagem de Cristo

Daniel Lima

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Quem é seu herói? Não me refiro aos personagens fantásticos de TV ou de livros que nos influenciam em nossa infância ou adolescência. Quem você conhece e admira hoje? Insisto que você precisa conhecer para verdadeiramente admirar. Eu mesmo já me decepcionei com atores que me impressionam em certo filme, para logo depois descobrir que sua vida não condiz em nada com o personagem que desempenharam naquela obra. Para realmente admirar, com consistência e não apenas em algum aspecto, você precisa conhecer. Conhecer em profundidade.

Nos dois últimos artigos tenho falado de formação espiritual. A definição que temos usado é: “Formação espiritual é o processo de ser formado à imagem de Cristo, em favor dos outros”.[1]

Quando o autor estabelece o alvo de nossa formação, ele está fazendo muito mais do que apenas descrevendo um alvo inatingível. Ele está tocando em verdades
espirituais muito profundas. Pois, embora ao longo da história da cristandade tenhamos dado a entender que o processo de ser à imagem de Cristo é algo difícil, sacrificial, dolorido e contrário à nossa natureza, o contrário é verdade. A transformação que precisa ocorrer em nossas vidas realmente é contrária à nossa antiga natureza; é contrária ao pecado, aos nossos desejos pecaminosos. No entanto, uma vez que estamos em Cristo, tornar-se como ele vem a ser a realização que preenche o mais profundo do nosso coração. É para isso que fomos criados! Fomos criados à imagem de Deus para ter comunhão com ele, e ter essa realidade restaurada em nós deve ser visto como um grande prazer e realização.

Tornar-se como Cristo vem a ser a realização que preenche o mais profundo do nosso coração.

Paulo é o autor bíblico que fala mais claramente desse processo. Em Colossenses 3.9-10, ele destaca nossa participação: “Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador”. Repare que, como falamos em nosso último artigo, nosso papel não é transformarmos a nós mesmos, visto que isso é impossível. Nosso papel é assumir a transformação operada pelo próprio Cristo.

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Novamente, em Efésios 4.13, Paulo destaca um aspecto muito importante de nossa formação espiritual – seu aspecto comunitário: “Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo”. Aqui a ênfase é no fato de precisarmos estar profundamente inseridos em uma comunidade cristã autêntica e comprometida, em que os dons de Cristo serão usados para nos levar à maturidade.

Em 2Coríntios 3.18, Paulo descreve mais uma vez essa transformação à imagem de Cristo: “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito”. É importante destacar também que esse processo não é opressor e tirânico, mas totalmente livre. Nosso trabalho, mais uma vez, é nos deixarmos transformar.

Quanto mais resistirmos à confrontação, tanto mais será demorada e dolorida nossa transformação.

Com isso não digo que é um processo fácil ou sem dificuldades. Há anos o processo de nossa transformação tem sido descrito com dois movimentos: confrontação e consagração. Confrontação é justamente quando o Espírito nos indica aspectos de nossa vida nos quais ainda estamos presos aos padrões deste mundo. Nossa velha natureza (Paulo a chama com frequência de “carne”) tem de ser confrontada com a verdade. Isso exige uma postura de humildade e quebrantamento de nossa parte. Quanto mais resistirmos à confrontação, tanto mais será demorada e dolorida nossa transformação.

O outro movimento do Espírito é a consagração, que é justamente quando ele opera em um coração disposto à restauração para a qual os cristãos são chamados. George MacDonald descreve bem este processo ao escrever: “Ele espera que a porta seja aberta pelo lado de dentro”. [2] Uma vez confrontados pela Palavra, nosso papel torna-se então abrir nosso coração – dispostos a sermos transformados na maneira em que só ele pode realizar.

Minha oração, pela sua e pela minha própria vida, é que este processo de confrontação e consagração seja como o respirar: exalando nossa velha natureza e inspirando a nova vida que é nossa por direito da obra de Cristo na cruz.

Notas

  1. M. Robert Mulholland, Invitation to a Journey: A Road Map for Spiritual Formation (Downers Grove, IL: IVP Books, 1993), p. 15.
  2. George MacDonald, An Antology, ed. C. S. Lewis (Nova York: Macmillan, 1978), p. 38.
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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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