Fé e ciência se misturam, sim!

Daniel Lima

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Uma nova polêmica surgiu recentemente quando o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, ao discutir sobre a questão da inclusão do criacionismo nas escolas, afirmou: “Acredito em Deus, mas não misturo isso com ciência. A história tem que ensinar aquilo que existe e que tem sido estudado ao longo dos séculos”.

Ao fazer essa afirmativa o ministro revela que sua cosmovisão foi contaminada por um desenvolvimento humanista. Na Idade Média, todo o conhecimento no ocidente estava sob a tutela da Igreja Católica Romana. As escolas eram necessariamente confessionais e a linha mestre era a própria teologia. Com o iluminismo, pensadores romperam com esta supremacia da teologia em 3 passos:

Primeiro surgiu o conceito de que teologia e ciência tratam de campos diferentes. A teologia trata do transcendente e a ciência daquilo que é tangível, concreto. Ambas tinham o mesmo peso como modos de se buscar o conhecimento.

Na Idade Média, todo o conhecimento no ocidente estava sob a tutela da Igreja Católica Romana.

Em um segundo momento, a teologia passa a tratar apenas de algo transcendente e, portanto, não passível de provas empíricas; a ciência trata daquilo que é real e provável. Teologia tem sua importância, mas perdeu sua função de igualdade com a ciência. Esta, sim, é a principal maneira de se buscar conhecimento.

Por fim, a teologia passa a ser considerada um assunto de foro íntimo: cada um pensa o que quer; portanto, a teologia é irrelevante como método de busca do conhecimento. A ciência passa a ser o único parâmetro do que é real e verdadeiro.

Com isso a sociedade passou a ignorar o conhecimento de Deus como conhecimento ou verdade. O pensamento cristão é “descartado” pela sociedade científica, pois é uma questão de fé. Enquanto isso, a chamada ciência passou a abarcar mais e mais áreas do conhecimento. Conforme surgiu e se cristalizou a expressão ciências humanas no Brasil, mesmo questões de ética, filosofia ou moral tornaram-se assuntos da ciência e o pensamento religioso ou de fé foi excluído ou tornou-se apenas uma opinião curiosa e interessante, mas sem relevância para o debate “sério”.

O ministro Marcos Pontes demonstra ter sido influenciado por este pensamento em sua afirmação acima. É como se a verdade ou o conhecimento tivesse dois compartimentos: fé e ciência. Um não se mistura com o outro. Uma sociedade plural tem de lidar com diferentes opiniões, mas como cristãos não temos de abdicar de expressarmos nossas opiniões por não se tratar de ciência.

Para você, jovem cristão, que está iniciando seus estudos em um contexto onde a ciência é a única opção, cuide de sua mente e coração. Quero deixar aqui algumas sugestões de posturas sobre as quais você deve refletir:

  1. Deus é o próprio parâmetro da verdade. Se alguma declaração necessariamente excluir Deus, esta declaração não expressa a verdade (João 14.6; 17.17).

  2. Toda verdade é verdade de Deus. Ao mesmo tempo, uma declaração comprovada cientificamente, que não se choca com a revelação de Deus em sua Palavra, pode sim representar um aspecto da criação divina (1Tessalonicenses 5.20-21).

  3. Defina de uma vez por todas que a Bíblia, por mais complexa e difícil, é a expressão de Deus e, portanto, verdadeira em todas as suas afirmações. Por isso desenvolva uma sólida base de crenças que você pode fundamentar na Bíblia (Hebreus 5.14).

  4. Desconfie de qualquer afirmação científica, compare qualquer informação com aquilo que você conhece de Deus. Se esta afirmação contraria seu entendimento de Deus, não hesite em rejeitar a afirmação (João 8.44).

Compare qualquer informação com aquilo que você conhece de Deus. Se ela contraria seu entendimento de Deus, não hesite em rejeitá-la.

Nossa confiança em Deus, que se define como verdade, deve afetar todas as áreas de nossa vida. Uma fé que não possa ser misturada com a ciência ou com os negócios, ou com qualquer outra coisa, não é fé; é apenas um conjunto de afirmações que de alguma forma me trazem conforto. Para nós, seguidores de Cristo, a fé afeta todo e cada aspecto de nossa vida, pois nossa própria vida está nele. Paulo afirma essa verdade em Gálatas 2.20:

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.

Minha oração por você que transita em ambientes onde a ciência é produzida, difundida e (às vezes) quase cultuada é que Deus guarde o seu coração e a sua mente, e que, sim, sua fé invada a ciência!

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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