Emanuel

Daniel Lima

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Volte comigo a algum momento de sua infância. Um momento em que você estava fazendo algo que não devia, talvez saindo da cama quando deveria estar dormindo, ou quem sabe pegando um biscoito fora de hora. Nesse momento, você ouve alguém dizer: “A mamãe está chegando!”. Se você for como eu, a sensação é de medo, pois você sabe que está “em dívida” com a mamãe ou o papai.

Vamos pensar em outro momento de sua infância. Um momento em que você está triste porque caiu e “ralou” o joelho, ou talvez porque alguma coisa ou alguém o amedrontou. Nesse momento, de novo, você ouve alguém dizendo que a mamãe ou o papai estão chegando... A sensação é de alívio, de quem sabe que será confortado, não é?

Essas duas cenas imaginárias ilustram o impacto da promessa de Emanuel, Deus conosco. A expressão é usada duas vezes no Antigo testamento e uma vez no Novo. Vamos examinar primeiramente a expressão no Antigo Testamento. A palavra Immanuw’el é usada primeiramente em Isaías 7.14: “Por isso o Senhor mesmo dará a vocês um sinal: a virgem ficará grávida, dará à luz um filho e o chamará Emanuel”.

Esse texto é usado em incontáveis músicas e teatros natalinos. A própria expressão “Deus conosco” parece encher nosso coração de alegria e conforto. Mesmo o incrédulo se sente tocado por essa imagem de Deus, um frágil bebê em nosso meio.

Muito embora exista muita verdade nessa compreensão, basta uma leitura dos versos que o precedem para compreendermos em que contexto essa palavra foi usada. Ao lermos os versos 10 a 13 do mesmo capítulo, descobrimos que o contexto era de repreensão, e não de consolo!

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O rei Acaz de Judá era conhecido por sua incredulidade e idolatria. Sacrificou um de seus filhos aos ídolos, copiou um altar idólatra e o instalou no templo de Jerusalém, e cometeu todo tipo de impiedade (2Reis 16). Quando Isaías o desafia a pedir um sinal de Deus, ele se recusa, não por temor a Deus, como sua resposta parece indicar, mas por incredulidade. Reparem na reação de Isaías no verso 13: “... Não basta abusarem da paciência dos homens? Também vão abusar da paciência do meu Deus?”. Diante desse abuso da paciência de Deus, o sinal é de que a virgem dará à luz um filho e ele será Deus conosco. No verso 17 do mesmo capítulo, o castigo é prometido.

Também na segunda vez que o termo Emanuel é usado, o contexto continua sendo de punição, e não de conforto. Começando no verso 6 do capítulo 8 de Isaías, o profeta anuncia o castigo de Deus a Judá por ter rejeitado a Deus. No entanto, no verso 10, encontramos uma construção interessante no hebraico. Até esse ponto, Emanuel estava no contexto de maldição e castigo. Nos versos 9 e 10, Deus parece repreender as nações e afirma que estas “não terão sucesso, pois Deus está conosco”. Muito embora sejam as mesmas palavras que são compostas nos usos anteriores, nesse caso estão lado a lado. E apontam para o fato de que Deus estar conosco, ainda que usando as mesmas palavras, é também motivo de conforto e proteção.

Emanuel é mensagem de esperança, de consolo e o cumprimento da promessa, que embora tenha sido proferida como castigo, é também promessa de salvação.

Essa formulação aponta para Mateus 1.22-23, onde Mateus escreve: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta:‘A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel’, que significa ‘Deus conosco’”. Nesse contexto, Emanuel é mensagem de esperança, de consolo e o cumprimento da promessa, que embora tenha sido proferida como castigo, é também promessa de salvação. Esse sentido de salvação é ainda mais claro se lermos as palavras do anjo para José, quando este soube da gravidez de sua noiva, nos versos 20 e 21: “José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”.

A presença de Deus é ao mesmo tempo motivo de alegria e de temor. Sua presença é majestosa e santa, mas ao mesmo tempo é consoladora e salvadora. Duas outras passagens mostram esse aspecto da presença de Deus. A primeira é ainda em Isaías 57.15, quando Deus afirma habitar tanto em sua santidade como junto ao quebrantado de coração. Mas é a segunda passagem que talvez retrate melhor as consequências da presença de Deus entre nós. 

A presença de Deus é ao mesmo tempo motivo de alegria e de temor. Sua presença é majestosa e santa, mas ao mesmo tempo é consoladora e salvadora.

Paulo, ao expressar sua gratidão pela sua salvação, usa a imagem de um desfile triunfal de um general romano ao retornar de uma grande vitória. Segunda Coríntios 2.14-16a descreve: 

“Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento; porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo. Para estes somos cheiro de morte; para aqueles, fragrância de vida.”

Nessa passagem, Paulo afirma que somos o aroma de Cristo para Deus, quer sejamos salvos, quer não! A descrição aqui é que, na presença de Deus, alguns serão salvos e outros seguirão seu caminho de perdição. No verso 16, ele torna essa dupla realidade ainda mais clara: para quem se perde, somos cheiro de morte, pois com nossa escolha tornamos indesculpáveis aqueles que rejeitam a Cristo. Ao mesmo tempo, para os que se salvam somos fragrância de vida, pois exalamos o doce aroma de sermos habitados pelo Espírito.

Minha oração por você, leitor, é que Emanuel desperte em seu coração a alegria de saber que é filho de Deus, por crer no Senhor Jesus. Caso contrário, Emanuel seria para você um alerta de que nosso Deus é Santo, e que, por isso, todos nós precisamos de um salvador!

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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