Em busca de quem eu sou

Daniel Lima

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A questão de quem somos nos acompanha desde os primeiros momentos de vida. Nos seus primeiros meses e anos, a criança reconhece seu nome e isso basta. Em sua concepção egocentrada, o mundo gira ao seu redor. No entanto, toda criança logo descobre que não só há outras pessoas, mas que elas têm uma vida independente. Ou seja, quando a criança vai dormir ou simplesmente não está presente, o mundo não desliga: as pessoas continuam vivendo e se divertindo. Isso é muito difícil para uma criança e gera um conflito em seu coração. Ela então passa a se perguntar quem deve ser para que não perca nada, para que seja aceita ou para que consiga o que deseja.

A partir dessa pergunta, o ser humano busca uma identidade. Seja como irmão mais velho, como o “palhaço” entre os amigos, ou como o mais inteligente ou o mais querido. Grande parte de nossa personalidade é construída em torno das respostas que vamos acumulando em nossa experiência de vida. Além das respostas voluntariamente buscadas, existem respostas que nos são dadas ou impingidas. Uma criança que cresce ouvindo que é “impossível”, ou que “não tem jeito”, ou que é burra, certamente vai incluir isso na construção daquilo que percebe como sua identidade. Além de palavras, essas percepções são confirmadas ou fundamentadas por atos. Uma criança que tem todas as suas vontades atendidas desenvolve uma percepção distorcida de sua identidade. Uma criança abusada e maltratada terá igualmente uma percepção distorcida de si.

Para nós, seguidores de Cristo, o que mais importa é o que Deus tem a dizer a meu respeito.

Se a construção de minha identidade depende de minha compreensão, de como sou tratado ou daquilo que experimento; e se tudo isso pode ser distorcido por pessoas ao meu redor, além de meu próprio coração enganoso, como desenvolver uma percepção correta de minha identidade? Especialmente no que diz respeito a discípulos de Jesus, não podemos confiar em nossa própria percepção, pois ela é com frequência enganosa (Jeremias 17.9). Tampouco podemos confiar nas opiniões ou atos de outros que são igualmente pecadores. Para nós, seguidores de Cristo, o que mais importa é o que Deus tem a dizer a meu respeito. Ele é a fonte da verdade, ele é o meu Criador e aquele que me ama e pode apontar para meus pecados sem preconceito ou rejeição.

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Em 1Pedro 1.18-20, o apóstolo afirma uma promessa preciosa que deve servir de base para respondermos a essa pergunta sobre nossa identidade:

“Sabendo que não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da vida inútil que seus pais lhes legaram, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula. Ele foi conhecido antes da fundação do mundo, mas foi manifestado nestes últimos tempos, em favor de vocês.”

A percepção de nossa identidade que desenvolvemos antes de nosso encontro e redenção em Cristo é enganosa e com certeza distorcida, seja negativa ou positivamente.

A chave da passagem está no fato de que fomos redimidos pela obra de Cristo na cruz. É relevante observar do que fomos redimidos. A expressão usada é “da vida inútil que seus pais lhes legaram”. A partir dessa passagem podemos entender que sim, antes de nos encontrarmos com Cristo tínhamos uma maneira de viver que era inútil, vazia, até mesmo enganadora. Ou seja, nossa perspectiva antes de Cristo ou fora de Cristo era distorcida. O autor continua afirmando que essa maneira de viver nos foi passada, ensinada ou herdada de nossos pais ou antepassados. Assim, a percepção de nossa identidade que desenvolvemos antes de nosso encontro e redenção em Cristo é enganosa e com certeza distorcida, seja negativa ou positivamente.

O que a Bíblia pode nos dizer sobre quem somos uma vez que estamos em Cristo? Para um estudo mais detalhado, eu recomendo que você, leitor, dedique algum tempo lendo os capítulos 1 e 2 da carta de Paulo aos Efésios. Após uma leitura cuidadosa, anote quais são as declarações de Paulo sobre nossa identidade em Cristo. A partir daí podemos entender as bases de nossa identidade. Sobre essa base podemos, uma vez feita uma cuidadosa “filtragem”, entender melhor nossas experiências e aquilo que nos foi passado.

Não quero estragar seu estudo, mas permita-me listar algumas dessas verdades expressas no começo do capítulo 1 que são fundamentais para o cristão sobre nossa identidade:

  • v. 3 – Sou abençoado com toda benção espiritual.

  • v. 4 – Sou escolhido para ser santo e irrepreensível.

  • v. 5 – Fui escolhido para ser adotado como filho.

  • v. 7 – Sou redimido e perdoado.

Em nossa busca por identidade, minha oração é que busquemos as respostas naquele que nos criou, nos ama e pode responder com segurança nossas perguntas. As respostas que recebemos da nossa sociedade ou da cultura em que crescemos serão com certeza distorcidas.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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