Como a Simplicidade nos Liberta da Ganância

Daniel Lima

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O ser humano, em qualquer modelo econômico, sempre tem a tendência de buscar uma vida de conforto e fartura. Quem de nós não gostaria de poder adquirir um bem a mais ou pelo menos trocar por um modelo mais novo? Esse sentimento – em si – não é problemático. O que nos prende (e até mesmo escraviza) é o desejo ardente por possuir mais, por ter garantias econômicas, por poder gastar mais. É curioso como nunca encontrei uma pessoa rica. Veja bem, já encontrei pessoas que eu classificaria como abastadas, mas nunca encontrei uma pessoa que assumisse que realmente é rica. De modo geral, mesmo a pessoa com muitos recursos diz que tem o suficiente, que vive dentro daquilo que conquistou.

Caminhando na outra direção, já encontrei muitas pessoas que se consideram pobres. Conversando com um amigo recentemente, escutei a frase: “Daniel, não adianta, no mercado de ações o pobre sempre sai perdendo”! Fiquei pensando qual a descrição de pobre ele estava usando. Certamente aquele pobre que mal consegue alimentar a si e à sua família não sai perdendo na bolsa de valores, pois nunca nem sequer pensou em aplicar dinheiro na bolsa. No entanto, é comum pensarmos em como somos “pobres”, em como nossa vida é difícil.

Tanto uma postura como outra revelam um desvio de origem espiritual. O ser humano sofre com uma insatisfação crônica. Assim como os recursos a seu dispor crescem, cresce também sua ânsia por mais. Não estou criticando o desejo de melhorar suas condições de vida. É natural e mesmo admirável que um homem ou mulher se esforce para obter condições melhores. No entanto, o quanto é suficiente?

O ser humano sofre com uma insatisfação crônica. Assim como os recursos a seu dispor crescem, cresce também sua ânsia por mais.

Lembro-me de ouvir um amigo há alguns anos que falava de como sua situação financeira estava difícil; ao queixar-se, disse que não sabia como iria manter suas contas em dia. Oramos e eu saí da conversa constrangido. Poucas semanas depois ele me disse que estava fazendo uma viagem em família para a Flórida. Naturalmente perguntei como sua situação financeira tinha melhorado. Surpreso, ele me disse: “Não melhorou, este ano não vamos nem poder visitar a Europa!”. Deixe-me dizer que ele não estava se vangloriando – ele simplesmente acreditava que não poder fazer uma viagem com a família para a Europa indicava aperto financeiro. Antes de se aborrecer com o exemplo, pense se você (e eu) não fazemos o mesmo. Reclamamos de apertos que para outros seriam uma fartura apenas sonhada.

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Paulo nos instrui com respeito à satisfação, dizendo que ele aprendeu a viver com muito e com pouco (Filipenses 4.11-13). Anos mais tarde, dirigindo-se aos cristãos ricos em sua carta a Timóteo, ele escreve:

“De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos.” (1Timóteo 6.6-10)

Paulo ensina nessa passagem sobre o princípio da liberdade pela simplicidade. Simplicidade não é um voto de pobreza ou qualquer repúdio à riqueza, mas é encontrar prazer e adequar seu estilo de vida a um padrão no qual – rejeitando o luxo – busca-se viver com o mínimo de conforto possível. Cada um pode definir o que é o mínimo para si. Neste sentido é importante que o padrão seja estabelecido por cada um para si mesmo e não como padrão aos outros.

  1. Contentamento (v. 6) nos traz muitas vantagens. Repare que Paulo está falando de contentamento com piedade, ou seja, com uma atitude de devoção para buscar a Deus.

  2. Frugalidade (v. 8) é reconhecer que precisamos mesmo de muito pouco para viver e viver bem. É libertar-se do padrão da sociedade sobre o que significa viver bem. É não permitir que a indústria da propaganda determine o que você precisa.

  3. Ganância (v. 9-10) é o desejo intenso de possuir coisas a ponto de isso tornar-se uma prisão ou ídolo. Muitas pessoas destroem suas vidas, suas famílias, sua saúde e mesmo seu bem-estar mental por causa da ganância.

  4. Idolatria (v. 10), nesta área, é quando a ganância ou a corrida desenfreada por bens e riquezas acabam afastando a pessoa de Deus. Isso pode surgir devido à uma amargura por ter o que deseja; também pode surgir ao se permitir negócios desonestos com o objetivo de acumular riquezas, ou mesmo sacrificar prioridades para servir ao acúmulo de bens.

Vivemos numa sociedade em que damos grande valor às posses desde pequenos. Por isso, estas se tornam símbolos de conquistas e de status. Minha oração por você e por mim mesmo é a mesma de Jesus:

“Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.” (Mateus 6.19-21)

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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