Amor, Misericórdia e Viver

Daniel Lima

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Tenho, como muitos, acompanhado a terrível guerra entre Israel e Hamas. Tenho o privilégio de ter alguns amigos israelenses e, com isso, recebo tanto notícias como acompanho as reações destes (todos cristãos) diante do conflito. Tenho sofrido com eles a dor dos reféns, tenho me espantado com eles com a frieza e desinformação por parte do Hamas. Fico revoltado com o crescente antissemitismo que se evidencia pelo mundo. No entanto, tenho também refletido sobre um outro aspecto.

O pastor israelense Meno Kalisher, com dois filhos e vários sobrinhos envolvidos diretamente no conflito, nas primeiras semanas nos aconselhou a orar por Israel, pelos cristãos envolvidos no combate, pela igreja tanto em Israel como em Gaza e, por fim, pelo sofrimento que a guerra traz. Essa sua sugestão tem me dado uma perspectiva de orar e lamentar pelo sofrimento dos palestinos nessa guerra.

Sim, eu creio que o sofrimento é devido à postura radical, agressiva e cheia de ódio do Hamas. Apesar disso, e mesmo sabendo que os próprios palestinos têm muita responsabilidade por eleger e apoiar o Hamas, eu ainda tenho percebido em meu coração sentimentos de misericórdia por eles. Imagino que esta noite você, assim como eu, vai dormir e talvez a única coisa que pode atrapalhar o seu sono é o latido de um cachorro ou alguma festa na vizinhança. Em Gaza, além de todas as preocupações de um país destroçado, você não sabe se o local onde você está dormindo será destruído por alguma bomba. Não estou defendendo os palestinos, mas não posso deixar de lamentar o sofrimento destes, mesmo se for consequência de suas equivocadas escolhas.

Isso me levou a ler e meditar sobre a conhecida parábola do bom samaritano em Lucas 10.30-37. Na verdade, essa parábola foi ensinada no contexto da pergunta de um perito na lei (Lucas 10.25): “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. Jesus lhe pergunta o que diz a lei, e o perito recita a clássica verdade de amar a Deus de modo integral e amar seu próximo (v. 27). Satisfeito com sua resposta, Jesus faz uma promessa assombrosa em suas implicações: “Faça isso e viverá” (v. 28). A pergunta era sobre vida eterna e a resposta era faça isso (amar a Deus e ao próximo) e você terá esta vida eterna. Não satisfeito, o perito ainda continua: “Quem é o meu próximo?”.

Essa não era uma pergunta vazia. Os peritos na lei realmente discutiam quem seria o próximo, especialmente com relação às leis, como por exemplo: “Não se vingue nem guarde rancor contra alguém do seu povo, mas ame ao seu próximo como a você mesmo. Eu sou o Senhor”. A questão então era herdar a vida eterna, e Jesus destaca o amor a Deus e ao próximo. Diante da pergunta de quem é meu próximo, Jesus conta a parábola.

A marca indiscutível do amor é ter misericórdia.

Muito já foi dito sobre o sacerdote e o levita. Você provavelmente já ouviu pregações sobre o samaritano. No entanto, a essência da questão de amar o próximo é respondida pelo próprio perito na lei ao final da parábola (v. 36-37): 

“‘Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?’ ‘Aquele que teve misericórdia dele’, respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: ‘Vá e faça o mesmo’.” 

A marca indiscutível do amor é ter misericórdia. Repare a instrução final de Jesus, respondendo diretamente à pergunta inicial do versículo 25: “Que farei para herdar a vida eterna?”. Assim como no versículo 28, a resposta de Jesus é prática: “Vá e faça o mesmo” (v. 37). 

“Jesus lhe disse: ‘Vá e faça o mesmo.’” (Lucas 10.37)

Seja no trágico conflito em Israel, seja em tantos outros conflitos que nos cercam, a marca indiscutível do amor é misericórdia, e o caminho da vida eterna é este amor que somente podemos encontrar e cultivar em Cristo. Minha oração é que neste ano que se inicia eu e você, assim como todos os seguidores de Cristo, nos mostremos cheios de amor a Deus e ao próximo, evidenciado por manifestações de misericórdia!

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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