Amnésia Espiritual

Daniel Lima

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Recentemente escutei que alguém, viajando à Suíça, perguntou a duas guias turísticas se haviam muitos ateus naquele país. Ambas, em momentos separados, responderam: “Temos dinheiro, conforto, segurança, tudo que precisamos... não precisamos de Deus”. Realmente, sob qualquer aspecto, aquele país atingiu um nível de conforto e segurança absolutamente invejável. No entanto não foi sempre assim. Não precisamos voltar mais do que algumas dezenas de anos para lembrar que também ali o povo lutou com fome, com doenças e com insegurança. Se ampliarmos um pouco o foco, basta lembrarmos que há 75 anos terminava uma guerra no continente europeu que ceifou a vida de milhões de pessoas. Que aquele continente se recuperou tão rapidamente daquela tragédia é notável e aponta para uma capacidade impressionante de organização e recuperação.

Contudo, ao invés de uma atitude de gratidão e de reconhecimento da graça de Deus, os povos europeus têm se tornado arrogantes em sua postura de que “não precisamos de Deus”. Quem deu a eles a capacidade, a inteligência e mesmo os recursos para se reerguer? Muitos estudiosos apontam para a tradição judaico-cristã como uma das razões para este reerguimento. É curioso como o mesmo aconteceu tantas vezes com o povo de Israel. Deus abria o mar Vermelho e os libertava do Egito e, em poucas semanas, eles queriam voltar para a escravidão. Deus trazia alimento, mas eles achavam que estavam melhor sem Deus. Esta arrogância tem consequências. Eles ganhavam o que queriam, mas seus corações continuavam vazios. Ao invés de agradecer e continuar esperando em Deus, tanto europeus como judeus alcançavam muito do que queriam, mas suas almas definhavam... O Salmo 106 relembra esta história:

13Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios; 14entregaram-se à cobiça, no deserto; e tentaram a Deus na solidão. 15Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma.

No entanto, antes de sermos muito rigorosos com os europeus ou judeus, nos cabe uma autoavaliação cuidadosa. Tenho visto em minha vida o quão rapidamente me esqueço daquilo que Deus fez e caio em orgulho pelo que “eu conquistei”. Em 1Coríntios 4.7 lemos: “Pois quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E, se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?”. Nossa capacidade de trabalho, nossa capacidade intelectual, nossa “genialidade” são frutos daquilo que recebemos. Certamente alguns se dedicam arduamente e desenvolvem suas habilidades, já outros são negligentes e as desperdiçam. Quando um europeu, com todas as suas condições de vida duramente conquistadas por seu povo, afirma que não precisa de Deus, ele ou ela o fazem ignorando intencionalmente aquele que derramou suas bênçãos sobre ele, sua família e seu país.

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Paulo, em Romanos 1.20-21, comenta esta arrogância:

20Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; 21porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.

Orgulho e arrogância, sejam nacionais, raciais, familiares ou individuais, nos tornam cegos para a glória daquele que nos amou de tal forma que nos deu seu único Filho para que, se crermos, não morramos, mas tenhamos a vida eterna.

Use um tempo hoje mesmo para parar e refletir sobre tudo aquilo que Deus te deu e derramou sobre você.

Use um tempo hoje mesmo para parar e refletir sobre tudo aquilo que Deus te deu e derramou sobre você. Invista este tempo agradecendo a Deus, louvando-o por sua bondade, por seu amor, por sua misericórdia. Aproveite e reflita também sobre sua história de vida. Melhor ainda: reflita sobre a história de sua família. Houve antepassados que se esforçaram para que hoje você tivesse o nível educacional ou econômico que tem? Agradeça a Deus por eles. Quer tenhamos muito do que pedimos ou pouco, que nossos corações estejam sintonizados com aquele que tem o que há de melhor para nossas almas.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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