Abraão e o Custo de Seguir a Deus

Daniel Lima

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Todo aquele que saiu do seu país enfrenta uma mistura de curiosidade e insegurança ao chegar em outra cultura. Pessoas falam diferente, têm costumes diferentes, vestem-se de modo diferente... Pequenas coisas a que estamos tão acostumados em nossa própria cultura se tornam desafios em outra. Um simples bate-papo pode ser desafiador em outro país, outro povo.

No entanto, é curioso como algumas das histórias mais marcantes da Bíblia incluem mudança de cultura: José, Moisés, Davi, Neemias, só para citar alguns, foram homens que foram tirados de suas culturas antes de servir a Deus. O maior exemplo para nós, é claro, é o próprio Jesus. Ele não só deixou sua glória, como envolveu-se de tal forma com a cultura vigente que ninguém acreditava que ele era de outro lugar.

Neste artigo e nos próximos quero refletir sobre Abraão e sua peregrinação. A Bíblia revela que ele nasceu em Ur dos caldeus, e de lá foi chamado por Deus para uma terra que ele mesmo revelaria (Atos 7.2). Seu pai e toda sua família deixam então sua terra e se estabelecem em Harã. Naquela época, sua família, no caso praticamente uma tribo, era sua cultura. Abraão não deixou suas referências até o momento em que, tendo falecido seu pai, ele sai de Harã.

Apesar de Deus pedir que ele deixasse sua família, Abraão levou seu sobrinho. Todos sabemos que isso não foi bom nem para Abraão, nem para Ló.

Após a morte de seu pai, Deus mais uma vez falou com Abraão e o chama para continuar sua jornada. Desta vez, a ordem é ainda mais clara: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei” (Gênesis 12.1). Ele foi chamado a deixar tudo para trás e seguir pela fé. No entanto, sua obediência é parcial. Ele leva consigo Ló, seu sobrinho. Por que levar o sobrinho? A Bíblia não explica. Talvez Ló tenha pedido para ir junto, talvez Abraão (na época Abrão) tenha insistido, talvez houvesse alguma tensão em Harã, talvez fosse mais seguro seguir em um grupo maior. O fato é que, apesar de Deus pedir que ele deixasse sua família, ele levou seu sobrinho. Todos sabemos que isso não foi bom nem para Abraão, nem para Ló (Gênesis 13).

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Pensando nessa “meia obediência” (que, na verdade, é também meia desobediência), sou lembrado das palavras de Jesus em Lucas 14.26-27:“Se alguém vem a mim e ama seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo”.

O amor pela família e mesmo nossa responsabilidade para com nossas famílias de origem são amplamente ensinados e defendidos na Bíblia (1Timóteo 5.8). No entanto, Jesus fala de modo bastante confrontador. Ele afirma que se nosso amor pela família for maior do que nosso amor por ele, não podemos ser discípulos! Não importa se eu quero, não importa se eu peço, a condição é que amemos mais a Deus que à nossa família. Eu ampliaria com segurança que o mesmo se aplica à nossa cultura de origem. Se amo mais minha cultura (com seus erros, pecados habituais e distorções) do que a Deus... Não posso ser discípulo.

Como anda sua jornada com Deus? Você tem sido capaz de “deixar” sua cultura para trás? Existe ainda algo em sua vida que você não abre mão ao seguir a Jesus?

Abraão obedeceu, mas condicionalmente. Deus aceitou essa “meia obediência”, mas permitiu que ele sofresse as consequências dela. Como anda sua jornada com Deus? Você tem sido capaz de “deixar” sua cultura para trás? Existe ainda algo em sua vida que você não abre mão ao seguir a Jesus? Minha oração é que eu e você possamos fazer uma contínua revisão de vida, ouvindo ao Espírito Santo para ver se há ainda alguma “pendência”, algum vínculo que nos faz oferecer a Deus uma “meia obediência”. Como resultado dessa avaliação, que possamos confiar na promessa de Jesus em Mateus 19.29: “E todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna”.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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