A insanidade dos nossos hábitos

Daniel Lima

Compartilhe:  Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Facebook

Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Apesar de sua origem disputada, essa frase traz consigo uma verdade fundamental: se agimos de determinada forma e sempre chegamos ao mesmo resultado, não há razão para acreditar que um dia o resultado vai mudar! Certamente somos muitas vezes surpreendidos em nossas vidas. Fatores que desconhecemos atuam em nossas vidas e nos levam a resultados ou consequências diferentes. Com frequência a misericórdia de Deus nos poupa de consequências ruins que merecemos. Ainda assim, estas são exceções e não regras.

Essa realidade toma aspectos trágicos quando ocorre em situações de relacionamentos tóxicos. Mulheres maltratadas continuam em relacionamentos abusivos, esperando que magicamente algo vai mudar. Dependentes em negação afirmam que vão abandonar suas dependências, mas não tomam nenhuma atitude para que algo aconteça. Mesmo naqueles que se dizem seguidores de Cristo, encontramos pessoas que continuam em desobediência e se espantam por perceberem sua vida espiritual esfriar.

É justamente sobre isso que o apóstolo Paulo nos alerta em Gálatas 6.7-8:

Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá. Quem semeia para a sua carne da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eterna.

A expressão “zombar” vem de uma raiz que poderia ser traduzida por “fazer beiço” ou mesmo careta. Significa ridicularizar a Deus. Como pode um cristão ridicularizar a Deus? Fazemos isso ao compreender o que Deus espera de nós, mas insistimos em seguir nosso próprio rumo. Não é tão difícil enganar outros, sejam pais, familiares, amigos ou outros cristãos – pelo menos por algum tempo. Mas quando tentamos enganar a Deus, estamos tentando ridicularizá-lo.

Paulo continua com seu raciocínio ao afirmar o princípio da colheita: você colhe o que semeia. O verso 8 apresenta com total clareza o que ele quer nos ensinar: podemos semear para destruição ou para valores eternos.

Com frequência, como cristãos, parecemos ignorar esse princípio. Investimos pouco nas coisas de Deus, não encontramos alegria em conhecê-lo mais, não investimos na leitura ou estudo de sua Palavra, nos aborrecemos com momentos de comunhão com outros cristãos, não cultivamos uma vida íntima com o Pai. Surpreendentemente nos espantamos ou reclamamos ao sentir uma crescente frieza espiritual em nossos corações. Já pude ouvir com tristeza e temor cristãos afirmarem que Deus se distanciou deles. Minha tristeza é por perceber o quanto estão se enganando. Meu temor é por me dar conta de que posso seguir pelo mesmo caminho.

É insanidade continuar no mesmo caminho e esperar um resultado diferente.

Mesmo uma leitura rápida do Antigo Testamento nos mostra o exemplo do povo de Israel. Se você é como eu, com frequência teve uma reação assim: “Esse povo nunca aprende? Continuam desviando-se de Deus e esperando bênçãos?”. Deixe-me lembrá-lo que você e eu não somos tão diferentes. É comum lutarmos com alguma circunstância em nossa vida que nos desagrada. Nesses momentos, podemos pensar: “Por que Deus não resolve esse problema?”. Muito embora muito problemas não são causados diretamente por nós, muitos são pelo menos alimentados por nós.

Se você está ansioso por resultados diferentes, por mudanças em sua vida, lembre-se do princípio da colheita. Faça a si mesmo a pergunta: tenho semeado alguma coisa que tem gerado este fruto? Tenho contribuído de alguma forma para que esta situação se mantenha assim? Talvez a situação não seja causada por nós, talvez nem sequer alimentada por nós, mas será que minha reação a isso tudo tem piorado a situação?

Uma reflexão sincera muitas vezes vai nos apontar uma atitude nossa que contribui para nosso problema. Neste caso, volto à frase do início: é insanidade continuar no mesmo caminho e esperar um resultado diferente. Avalie sua vida, peça a Deus para lhe dar discernimento, peça que pessoas sábias o aconselhem e, uma vez identificada uma mudança necessária, invista radicalmente nessa mudança.

Davi nos aponta para essa atitude no Salmo 139.23-24:

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno.

Minha oração, por você e por mim, é que deixemos a insanidade mencionada acima. Que estejamos prontos para seguir o menor movimento de Deus em nossas vidas, seja abandonando hábitos ruins, seja adotando novas práticas. Nosso Deus se agrada em nos abençoar; ao mesmo tempo, ele resiste ao orgulhoso, àquele que insiste em permanecer em seu caminho, mesmo que este confronte a vontade dele.

Compartilhe:   Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Facebook

Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

Veja artigos do autor

Itens relacionados na livraria

Leia também

“Quem sou eu”?
“Quem sou eu”?
Daniel Lima
O produto da fé
O produto da fé
J. Dwight Pentecost
Precisamos de heróis!
Precisamos de heróis!
Daniel Lima
Vendo com Outros Olhos
Vendo com Outros Olhos
Daniel Lima
Como reagir a tragédias
Como reagir a tragédias
Daniel Lima
Sou responsável pelo que creio?
Sou responsável pelo que creio?
Daniel Lima
Compartilhe:   Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Facebook

Destaques

A Cronologia do Fim dos Tempos

R$43,90

Manual de Escatologia Chamada

R$79,90

Atos

R$119,90

Liderando Mulheres em Conflito

R$39,90

Receba o informativo da Chamada

Artigos Recentes