Profecia em 1Pedro

Norbert Lieth

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Conforme vimos nos últimos dois artigos, é preciso saber a quem é endereçada a carta de 1Pedro para melhor entendê-la e também poder aplicá-la a nós. Se então levarmos em conta que as duas cartas de Pedro se dirigem primariamente a judeus, entenderemos melhor por que elas falam menos do arrebatamento e muito mais sobre o retorno de Jesus em glória, sobre um novo céu e uma nova terra. Dessa forma, não há necessidade de perguntarmos por que essas cartas não mencionam o arrebatamento e se fala “apenas” do retorno de Jesus em glória, o “dia da intervenção”, o “dia do juízo”, o “dia do Senhor”, o “dia de Deus” e o “dia eterno” (1Pedro 2.12; 2Pedro 2.9; 3.7,10,12,18).

A primeira carta de Pedro está repleta de alusões ao retorno de Jesus – fala-se nele nove vezes. O contexto reunido de todas as passagens deixa claro que aqui se trata do retorno de Jesus em glória e não do arrebatamento, o qual, segundo tudo indica, ocorrerá antes. O arrebatamento foi revelado exclusivamente a Paulo, o apóstolo dos gentios – ninguém mais escreve a respeito. Assim, lemos em 1Pedro:

1. 1Pedro 1.5

“[Vocês] que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo” (1Pedro 1.5).

A carta de Pedro tem um componente profético que será útil ao remanescente crente do povo judeu por ocasião da grande tribulação. Nela, eles serão guardados para a salvação preparada para ser revelada no fim dos tempos. Esse fim dos tempos refere-se ao período imediatamente anterior ao retorno de Jesus em glória, o que se depreende do contexto do ponto seguinte.

2. 1Pedro 1.7,9

“Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado... pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas” (1Pedro 1.7,9).

A revelação de Jesus é sua revelação perante o mundo inteiro quando ele retornar e todos os olhos o virem (Mateus 24.30; Apocalipse 1.7). É a revelação que Deus lhe deu (Apocalipse 1.1). Então os que creem nele se rejubilarão. Dessa forma, sua revelação sempre se refere ao seu retorno visível, inclusive nos próximos versículos.

3. 1Pedro 1.13

“Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para agir; estejam alertas e ponham toda a esperança na graça que será dada a vocês quando Jesus Cristo for revelado” (1Pedro 1.13).

Jesus requer prontidão, referindo-se à vigilância na expectativa do seu retorno no dia do Senhor e para Israel, com os discípulos representando o remanescente crente de Israel:

“Estejam prontos para servir e conservem acesas as suas candeias, como aqueles que esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente. Felizes os servos cujo senhor os encontrar vigiando, quando voltar. Eu afirmo que ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá servi-los. Mesmo que ele chegue de noite ou de madrugada, felizes os servos que o senhor encontrar preparados.” (Lucas 12.35-38)

Jeremias recebe a seguinte instrução: “Tu, pois, cinge os lombos, dispõe-te e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto na sua presença” (Jeremias 1.17). O ato de cingir os lombos simboliza a disposição no serviço e a disposição de esperar pelo Senhor.

A carta de Pedro tem um componente profético que será útil ao remanescente crente do povo judeu por ocasião da grande tribulação.

Pedro também aplica esse tema ao retorno de Jesus em glória. Nesse dia, os crentes serão livrados de todos os sofrimentos.

4. 1Pedro 2.12

“Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que, mesmo que eles os acusem de praticar o mal, observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da intervenção dele” (1Pedro 2.12).

O comportamento entre os gentios refere-se neste caso à conduta dos judeus crentes entre os gentios. O “dia da intervenção” também pode significar “visitação” ou “chamado”.

Depois do arrebatamento, a igreja será convocada ao tribunal de Cristo. Pedro, porém, descreve um período em que os gentios estão incluídos, razão pela qual se deve tratar de um dia de juízo na terra em conexão com seu retorno em glória, no qual Israel e as nações serão visitados. Esse dia lembra Mateus 25, as dez virgens, os servos com os talentos que lhes foram confiados e a separação entre bodes e ovelhas. Esse também é o foco no capítulo 4, verso 5.

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5. 1Pedro 4.5

“Contudo, eles terão que prestar contas àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos” (1Pedro 4.5).

Por ocasião do retorno de Jesus em glória e do estabelecimento do seu reino, vivos e mortos serão julgados: os israelitas vivos e os mártires mortos em sua vinda para ingresso no reino; os mortos, mil anos depois (Apocalipse 20.1-6). O primeiro desses eventos é chamado de “primeira ressurreição” e o segundo, “segunda morte” (Apocalipse 20.6,14).

6. 1Pedro 4.7

“O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam criteriosos e estejam alertas; dediquem-se à oração” (1Pedro 4.7).

O “fim de todas as coisas” é o tempo do fim que introduz o retorno de Jesus em glória. Esse fim já aponta para além do retorno de Jesus, isto é, para o tempo em que Jesus entregará tudo ao Pai. Em seu capítulo sobre a ressurreição, Paulo também aponta para isso: “Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, toda autoridade e todo poder” (1Coríntios 15.23-24).

Os que tiverem cumprido fielmente a sua missão receberão honra especial quando Jesus retornar.

Aqui Paulo ainda fala do retorno geral de Jesus e da primeira ressurreição, à qual se refere Apocalipse 20. Só mais adiante ele desdobrará o mistério do arrebatamento da igreja (1Coríntios 15.51-52).

7. 1Pedro 4.13

“Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria” (1Pedro 4.13).

Quando “a sua glória for revelada” descreve o retorno de Jesus, do qual ele mesmo fala: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória” (Mateus 24.30).

8. 1Pedro 5.1

“Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo como alguém que participará da glória a ser revelada” (1Pedro 5.1).

Como os outros versículos deste contexto descrevem a revelação da glória de Jesus relacionada com seu retorno em glória, cabe ver este versículo na mesma luz. Assim como o último versículo a ser destacado:

9. 1Pedro 5.4

“Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória” (1Pedro 5.4).

Os que tiverem cumprido fielmente a sua missão receberão honra especial quando Jesus retornar. “Aqueles que são sábios reluzirão como o fulgor do céu, e aqueles que conduzem muitos à justiça serão como as estrelas, para todo o sempre” (Daniel 12.3).

Muitos também atribuem essas nove passagens ao arrebatamento, mas creio que deveríamos distinguir aquilo que precisa ser distinto.

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Norbert Lieth nasceu em 1955 na Alemanha, sendo missionário na América do Sul entre 1978 e 1985. Casado, tem 4 filhas. Hoje faz parte da liderança da Chamada da Meia-Noite em sua sede, na Suíça. O ponto central de seu ministério é a palavra profética, sendo autor de diversos livros e conferencista internacional. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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