O procedimento dos servos (2.18-25)
Na passagem de 1Pedro 2.18-25, em lugar da palavra “servos”, poderíamos hoje ler “empregados”. A Bíblia nos fornece claros princípios para um relacionamento abençoado entre empregadores e empregados. Sua observância resultará numa sociedade sadia. Esses princípios bíblicos divergem como dia e noite daqueles dos sindicatos.
A Palavra de Deus requer plena submissão aos superiores, mesmo se estes agirem de forma injusta e dura. Não corresponde às instruções bíblicas opor-se, rebelar-se ou até entrar em greve, mas, pelo contrário, sujeitar-se e dedicar-se. Trata-se de obedecer mais a Deus do que aos homens.
A questão é então a razão de a Bíblia nos exortar de forma tão rigorosa. O contexto explica:
É graça para testemunhar de Deus (v. 19-20)
“Porque isto é agradável a Deus, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. Pois que glória há, se, pecando e sendo castigados por isso, vocês o suportam com paciência? Se, entretanto, quando praticam o bem, vocês são igualmente afligidos e o suportam com paciência, isto é agradável a Deus.”
Quando um cristão for capaz de suportar a injustiça, a graça de Deus se desenvolverá tanto mais como testemunho a favor de Deus. Quem não se submete não vive de acordo com a mentalidade de Jesus; já quem suporta pacientemente será sustentado pela graça. As pessoas em torno se espantarão, porque o normal é defender-se, mas quem se humilhar em situações injustas testemunhará da graça de Deus. Essa postura mostra que o cristão se submete àquilo que Deus dispõe; ele nem sempre conseguirá entender, mas sabe que Deus não comete erros.
A Bíblia nos ensina sobre um tipo de chamado – aquele para suportar o sofrimento, especialmente quando este nos é imposto injustamente e não conseguimos entendê-lo.
Faz parte do chamado viver de acordo com a mentalidade de Jesus (v. 21-25)
“Porque para isto mesmo vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando exemplo para que vocês sigam os seus passos. Ele não cometeu pecado, nem foi encontrado engano em sua boca. Pois ele, quando insultado, não revidava com insultos; quando maltratado, não fazia ameaças, mas se entregava àquele que julga retamente, carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Pelas feridas dele vocês foram sarados. Porque vocês estavam desgarrados como ovelhas; agora, porém, se converteram ao Pastor e Bispo da alma de vocês.”
Quando os cristãos falam de chamado, gostam de falar de coisas grandiosas. Fala-se do chamado para trabalhar em tempo integral no reino de Deus, frequentar um seminário teológico, assumir tarefas notáveis com qualificações especiais, ter habilidades incomuns e empregar estas no ministério. Enquanto a Bíblia praticamente não fala em chamado para essas coisas, ela nos ensina um outro tipo de chamado – aquele para suportar o sofrimento, especialmente quando este nos é imposto injustamente e não conseguimos entendê-lo.
Trata-se, porém, de um chamado para seguir o exemplo do Senhor Jesus, cuja vida demonstra essa atitude.
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Jesus sofreu injustamente.
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Ele sofreu em favor de nós.
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Não se encontrou engano em sua boca, nenhuma rebelião, nenhuma reclamação, nenhuma ira. Com isso, o Senhor cumpriu a profecia de Isaías 53.9.
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Ele confiou seu sofrimento ao Pai sem defender a si mesmo.
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Seu sofrimento cumpriu um propósito mais profundo.
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Com isso, ele removeu o nosso pecado e nos curou.
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Ele salvou as ovelhas perdidas e desgarradas e se tornou o nosso bom Pastor.
Quando Pedro apresenta o sofrimento de Jesus como exemplo para nós e nos convoca a seguir suas pegadas, isso significa que o nosso sofrimento também fará sentido e cumprirá um objetivo mais profundo, ainda que inicialmente nos pareça descabido.