O poder de Deus na salvação (1.3-5)
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vocês que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo” (1Pedro 1.3-5).
No versículo 23, Pedro ainda acrescenta a respeito disso: “Vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente”.
O novo nascimento inclui uma garantia sétupla: (1) ela gera uma esperança viva; (2) ela provê uma herança imperecível; (3) imaculável; (4) de valor permanente; (5) guardada nos céus para nós; (6) ela provém de uma semente imperecível; (7) sustentada pela palavra viva de Deus, que permanece eternamente.
Neste mundo, tudo está sujeito a perecer: edifícios, corpos, vestimentas, meio ambiente... mas não o que é renascido espiritualmente. Se, porém, o que é renascido espiritualmente é confrontado como imperecível com tudo o que é perecível, então exatamente isso demonstrará tratar-se de algo permanente e irreversível. O que é nascido de novo não está sujeito à morte; é permanente, não pode ser contaminado pelo pecado; é imune a manchas (cf. 1João 3.9) e não pode ser atingido pela degradação.
O poder eficaz e permanente do novo nascimento repousa sobre duas condições elementares: (1) a grande misericórdia de Deus Pai e (2) a ressurreição de Jesus dentre os mortos.
Não é preciso começar a duvidar e ficar inseguro, se questionar e ter medo. Quem nasceu de novo reagirá em todas as situações da vida com fé.
Note-se que nós não pudemos contribuir com praticamente nada para isso a não ser aceitar a oferta em fé e obediência (v. 2). Tudo vem de Deus e nos é oferecido por meio de Jesus, “conforme a sua grande misericórdia... por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”.
Tão garantida como a misericórdia de Deus e a ressurreição de Jesus dentre os mortos é também a garantia da preservação do renascido. Quem duvidar disso, na verdade duvida da misericórdia de Deus e da ressurreição de Jesus – e também duvida de que Deus é o único Autor e Consumador do novo nascimento, superestimando suas próprias obras e capacidades, tornando a salvação eterna dependente deles. O pastor Hans-Joachim Martens diz:
Quem supõe precisar pôr em andamento a obra de Deus mediante virtudes, atividades e cálculos, vive perigosamente. Perde-se a única mensagem salvadora: a da graça de Deus. Não será mais a cruz de Cristo, mas cruzes que ele mesmo assume que determinarão então sua cansativa vida. Ele sobrecarrega a si e a outros. Ele exige não apenas “dedicação” a Deus. Esta teria de ser total, “cem por cento”. [...] Quem apostar nisso está em condição miserável, pois passará a depender de seu desempenho. Sua fé perde o componente libertador. O amor não calcula com porcentagens. Ele vem de um coração grato, alegre, voltado a Deus e aos homens.[1]
O versículo 5 oferece mais uma garantia da certeza da salvação. Não somos guardados pela nossa força, mas no “poder de Deus”. Agora alguém poderá alegar: sim, mas precisamos permanecer firmes na fé; se abrimos mão da fé, consequentemente nos perderemos. Nossa resposta é que esse versículo não é uma advertência contra uma renúncia à fé para então haver perdição; pelo contrário, trata-se de um encorajamento: podemos segurar pela fé a certeza de que o poder de Deus nos sustentará. Não é preciso começar a duvidar e ficar inseguro, se questionar e ter medo. Quem nasceu de novo reagirá em todas as situações da vida com fé. Por isso Pedro insiste novamente ao final de sua carta:
“O Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante um pouco de tempo, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces. A ele seja o poder para todo o sempre. Amém. Com a ajuda de Silvano... escrevi resumidamente, encorajando-os e testemunhando que esta é a verdadeira graça de Deus. Mantenham-se firmes na graça de Deus.” (1Pedro 5.10-12)
Não permita que nada o abale, crie insegurança ou o desvie do caminho; agarre-se confiante à obra de Deus em você e assuma-a em obediência pela fé. Que a graça seja o impulso da sua vida com Cristo.
Isso deve ter sido um poderoso consolo naqueles tempos de perseguição sob Nero e igualmente oferece segurança e consolo a nós atualmente – e será também futuramente um forte consolo para os judeus perseguidos e para todos os que se voltarem ao Senhor durante a grande tribulação.
O amor de um Redentor moribundo,
O poder de um Redentor ressurreto,
A oração de um Redentor que ascendeu ao céu
E a glória de um Redentor em seu retorno
Sejam o consolo e a alegria do seu coração![2]
Notas
- Hans-Joachim Martens, “Die kleine Kanzel”, IdeaSpektrum 18 (2012).
- Corrie ten Boom, Gott meint es gut: Mutmachendes für jeden Tag, 4. ed. (Witten: SCM R.Brockaus, 2013), p. 7.