O comportamento dos maridos (3.7)
O versículo 7 inicia com “Maridos, vocês, igualmente...”, o que significa que o comportamento básico que Pedro espera de uma esposa também deve ser considerado pelo marido – cada um em sua área e posição determinadas por Deus.
Até então, tratava-se de subordinação em áreas distintas: a subordinação de todos ao governo (2.13); a subordinação dos trabalhadores em relação aos superiores (2.18); a subordinação das esposas aos seus maridos (3.1). Primeira Pedro 3.8 tratará da subordinação de todos a todos. Aqui, em 3.7, os maridos são convocados a prestar um tratamento sensato às suas esposas. Também o marido deve se subordinar e prestar consideração à sua esposa.
Com as afirmações do apóstolo Pedro, a Palavra de Deus se opõe ao pensamento reinante naquela época. Muitos filósofos e professores judeus e gregos consideravam a mulher apenas como um objeto para ser comandado e aproveitado. Essa visão permanece ativa ainda hoje em muitas regiões.
A Bíblia não apoia a opressão da mulher, mas promove a mulher, colocando-a ao lado do marido.
A Bíblia de fato é o primeiro livro a corrigir basicamente essa concepção e a instituir uma ordenação divina para o assunto. Ela não apoia a opressão da mulher, mas promove a mulher, colocando-a ao lado do marido. Quando Deus criou a Eva, ele a colocou respectivamente ao lado de Adão; ele não criou um objeto inferior, mas uma pessoa equivalente a ele – “homem e mulher os criou”, sendo ambos responsáveis pela terra (Gênesis 1.27-31). Deus determinou até que o homem se uniria à sua mulher (Gênesis 2.18,23-24).
Tanto o homem como a mulher receberam uma área de responsabilidades diferenciada, determinada por Deus, e um posicionamento dentro de uma determinada ordenação. Se cada um assumisse suas devidas responsabilidades e se dedicasse a elas, teríamos os melhores relacionamentos possíveis.
A política inglesa Margareth Thatcher, conhecida como a “Dama de Ferro”, declarou humorada: “Se você quiser que algo seja falado, pergunte a um homem. Se você quiser que algo seja feito, pergunte a uma mulher”.
Pedro escreveu com o mesmo Espírito que Paulo escreveu na carta aos Efésios: “Sujeitem-se uns aos outros no temor de Cristo” (Efésios 5.21). Assim, trata-se de uma reciprocidade equilibrada. No versículo seguinte, as mulheres recebem uma determinada tarefa: “Esposas, que cada uma de vocês se sujeite a seu próprio marido, como ao Senhor” (verso 22). Da mesma forma, os homens recebem a ordem designada quanto à subordinação mútua: “Maridos, que cada um de vocês ame a sua esposa... Assim também o marido deve amar a sua esposa como ama o próprio corpo” (versos 25-28). A expressão “como ama o próprio corpo” novamente aponta para a igualdade.
Espiritualmente, a mulher não é inferior ao homem, mas ambos são plenamente equivalentes e têm juntamente a herança da vida, isto é, a salvação.
Pedro escreve aos maridos:
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Seja sensato. O marido deve ter em mente que deve compreender sua esposa, ter consideração por ela, atentar para suas necessidades e compartilhar com ela.
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Viva com a esposa considerando-a como o vaso mais fraco. A constituição física e espiritual da mulher é mais sensível (como significa a palavra grega), mais melindrosa. Na vida familiar e conjugal, o marido deve demonstrar reconhecimento, compreensão e consideração para essa característica.
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Dedique honra a ela. Quem dedica honra, não oprime. Aqui se trata de uma exortação que não era observada na Antiguidade. Honrar não significa apenas que o marido coloca a sua esposa ao seu lado, mas até acima de si, pois, quando se dedica honra a uma pessoa, esta é exaltada. O homem não é incentivado a renunciar aos seus direitos, mas a prestar louvor.
Tudo isso ocorre na conscientização de que ambos são herdeiros da graça da vida: Deus colocou a mulher ao lado do homem e não abaixo dele. Espiritualmente, ela não é inferior a ele, mas ambos são plenamente equivalentes e têm juntamente a herança da vida, isto é, a salvação. Deus considera a mulher totalmente igual ao homem, o que na Antiguidade era difícil de compreender. “Assim sendo, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28).
Voltando a 1Pedro 3.7, lemos: “Agindo assim, as orações de vocês não serão interrompidas”. As orações são interrompidas quando o marido não tem a devida consideração por sua esposa!
A oração é um tema espiritual. Em sua atitude espiritual, no convívio com a esposa e na vida familiar, o marido adquire poder pleno para a oração. O marido tem a responsabilidade de proporcionar a harmonia espiritual e amorosa no lar.
Se as esposas e os maridos observarem as orientações dadas nos versículos 1 a 7 – discutidas nos últimos quatro textos – e viverem de acordo, qualquer aconselhamento matrimonial se torna desnecessário.
Nota
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Fala em discurso realizado na National Union of Townswomen's Guilds Conference, em Londres, no dia 20 de maio de 1965.