Do sofrimento à glória (1.6-9)
“Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos por todo tipo de provação. Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado. Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem agora, creem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa, pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas” (1Pedro 1.6-9).
Esses versículos são um resumo do conteúdo de toda a carta. Antes de tudo, Pedro faz referência aos sofrimentos que os cristãos judeus tinham de suportar naquele tempo sob o imperador Nero. Além disso, ele aponta profeticamente para o atribulado período durante a grande tribulação, que duraria “um pouco de tempo” (v. 6; cf. Mateus 24.22), terminando com a volta de Jesus (“quando Jesus Cristo for revelado”, v. 7b). Isso se refere àquela revelação descrita em Apocalipse, o último livro da Bíblia.
A nós, o trecho ensina diversas verdades fundamentais aplicáveis à vida cristã:
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A vida do cristão não exclui aflições de toda espécie (“todo tipo de provação”).
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Luto e tristeza fazem parte da vida do cristão (“ser entristecidos por todo tipo de provação”). Não existe apoio neste texto para a ideia de que o cristão sempre deva estar alegre e radiante.
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Todo sofrimento tem uma causa (“devam ser”). No entanto, nem sempre conhecemos o motivo. Às vezes sabemos por que sofremos: pode servir para comprovar a fé, para a glorificação de Deus, como medida educativa ou como um testemunho. Aliás, esta declaração – “Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem agora, creem nele...” – deixa claro que durante a vida nesta terra não enxergamos Jesus. Isso significa que temos de ficar alertas quando alguém nos vier contar que teria recebido visões...
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A duração do sofrimento é insignificante em comparação com a glória (“ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos”).
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A fé é mais preciosa que as maravilhas materiais que poderemos perder (“muito mais valiosa do que o ouro que perece”).
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O júbilo pela volta de Jesus sempre acompanhará o término da vida do cristão (“vocês exultam... louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado... creem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa”). A noção de glória aparece 11 vezes na carta (1.7,11,21,24; 4.11,13,14; 5.1,4,10,11). Também fala-se repetidas vezes em se alegrar (1.6,8; 4.13).
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A fé comprovada no sofrimento tem um objetivo final (“vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas”). Somos salvos quando passamos a crer – esse é o início da vida de fé. O fim e o objetivo da vida de fé é a ressurreição, a união da alma com um novo corpo glorioso na volta de Jesus.
O fim e o objetivo da vida de fé é a ressurreição, a união da alma com um novo corpo glorioso na volta de Jesus.
O conhecimento dessas coisas destina-se a nos sustentar através de todas as tristezas que nos sobrevenham e nas quais agora não enxergamos Jesus; a fortalecer a fé e a fazer arder o amor.
Se aplicarmos o versículo 9 a um Israel futuro sujeito a passar pela grande tribulação, essas palavras constituem um grande encorajamento para perseverar no sofrimento e esperar pelo retorno de Jesus em glória, quando suas almas serão salvas (Apocalipse 6.9-11; 20.4-6).