A proclamação do evangelho (2.9-10)
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Antes, vocês nem eram povo, mas agora são povo de Deus; antes, não tinham alcançado misericórdia, mas agora alcançaram misericórdia” (1Pedro 2.9-10).
Existem quatro premissas nas quais a missão da proclamação do evangelho se baseia:
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“geração eleita”;
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“sacerdócio real”;
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“nação santa”; e
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“povo de propriedade exclusiva de Deus”.
Esse posicionamento quádruplo provém exclusivamente de Deus. Foi ele que os elegeu porque vieram a Jesus (2.4). Ele os tornou sacerdócio real, santificou-os e tornou-os sua propriedade exclusiva.
Isso destina-se a anunciar as virtudes (feitos meritórios) daquele que é capaz de realizar o que é impossível aos homens, isto é, resgatá-los das trevas deste mundo e da própria alma em direção à sua maravilhosa luz. As virtudes de Deus são aquilo por meio do que ele tornou possível a nossa salvação: seu amor, sua decisão de salvar, seu sacrifício em Cristo, sua disposição de nos perdoar e de nos renovar por meio do novo nascimento, sua sabedoria e seus julgamentos e caminhos (p. ex. Romanos 11.33-36).
Um destaque para a ideia de “proclamar” (verso 9): somos chamados a participar ativamente da proclamação da salvadora mensagem de Deus. Esta é a nossa vocação primordial. Toda a orientação e o objetivo da nossa vida deverão dedicar-se a essa missão – e nisso se inclui tanto o contador da igreja como a equipe de limpeza e o pregador.
Somos chamados a participar ativamente da proclamação da salvadora mensagem de Deus.
Pedro também aplica o versículo 10 primariamente à parcela judia do povo de Israel que passou a crer em Jesus Cristo. Este versículo reporta-se à declaração do profeta Oseias (1.9; 2.23). O apóstolo Paulo aplica essa passagem aos gentios convertidos (Rm 9.24-26).
Embora a parte descrente de Israel tivesse sido chamada como nação para ser o povo de Deus, ela perdeu as respectivas bênçãos porque não tinha mais relacionamento com ele. Os que então se chegaram por meio da fé a Jesus como seu Messias tornaram-se agora seu povo, tendo alcançado desde já o que Israel ainda experimentará no futuro (Mateus 19.28; Romanos 11).
O cristão, seja qual for sua origem e nacionalidade, tornou-se parte de um povo totalmente novo, isto é, fundiu-se num povo só que nunca existira antes. Antes disso, o mundo estava dividido em judeus e gentios; agora, consiste em judeus, gentios e a igreja. Segundo o versículo 9, tornamo-nos um povo de sua propriedade. Esse é o segredo do fato de os cristãos das mais diversas raças e origens sempre encontrarem uns aos outros sobre uma base comum.
Os versículos seguintes, até o versículo 17 do capítulo 3, fornecem diversas orientações sobre o procedimento na vida diária. Analisaremos eles a partir do próximo texto.