A conduta geral do cristão (2.11)
Em 1Pedro 2.11, lemos: “Amados, peço a vocês, como peregrinos e forasteiros que são, que se abstenham das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma”.
“Amados, peço a vocês, como peregrinos e forasteiros que são”
Já havíamos lido no versículo 9 que, por meio da fé em Jesus Cristo, nos tornamos um “povo de propriedade exclusiva de Deus”. No versículo 10 constatamos que, com isso, a igreja se tornou um povo completamente novo, que nunca existiu antes.
Por isso, Pedro também trata os crentes como “amados”. Fomos retirados do amor ao mundo; agora pertencemos a um Pai celestial que nos ama e nos tornou propriedade sua. Isso, porém, também significa que não somos mais prisioneiros dos dominadores deste mundo (Efésios 6.12). Tornamo-nos emigrantes. Filipenses 3.20 enfatiza que nossa cidadania está no céu, e Colossenses 1.13 confirma que Deus nos salvou do domínio das trevas e nos transpôs para o reino do seu Filho amado. Por isso, os cristãos são estrangeiros e não passam mais de hóspedes em uma sociedade hostil a Deus, encontrando-se aqui apenas de passagem.
Essa condição de estrangeiro que adquirimos verifica-se por toda parte. Os cristãos não são compreendidos, são caluniados, difamados, pressionados, expostos à zombaria e até à perseguição. No futuro, um remanescente judeu crente perceberá isso de forma particularmente intensa durante o período apocalíptico anticristão.
Como nos encontramos num mundo hostil a Deus, será de grande importância vivermos conscientes e de acordo com os princípios do “país” que é nossa verdadeira pátria.
Estrangeiros devem tratar de se integrar no país que os hospeda. Aos cristãos vale o contrário: eles não devem adaptar-se ao estilo de vida do mundo, embora sejam instados a cumprir as leis do Estado (versos 13-17).
Como, porém, nos encontramos num mundo hostil a Deus, será de grande importância vivermos conscientes e de acordo com os princípios do “país” que é nossa verdadeira pátria – e este é o céu, ou o reino de Deus. Afinal, somos embaixadores de Cristo (2Coríntios 5.20). Um embaixador representa no país em que vive a nação da qual ele provém. Nesse sentido, como amados de Deus, não devemos mais amar o mundo (1João 2.15-17).
“Que se abstenham das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma”
Paixões carnais fazem parte do estilo de vida deste mundo, do qual o crente deve distanciar-se. Essas paixões caracterizam-se por egoísmo, exploração, instintos, falta de consideração e falsidade. Elas não se limitam à área da sexualidade, mas dizem respeito também a coisas como aquisições, objetivos, desejos exagerados, lucro material etc. As paixões carnais de toda espécie pressionam a vida do cristão como um exército inimigo guerreiro; são como uma matilha que se joga sobre nós.
Paulo escreve algo similar na carta aos Efésios: “... vocês foram instruídos a deixar de lado a velha natureza, que se corrompe segundo desejos enganosos, a se deixar renovar no espírito do entendimento de vocês, e a se revestir na nova natureza...” (4.22-24).
Para enfrentar paixões de todo tipo, temos de nos ocupar das coisas valiosas e espirituais provenientes de Deus.
Como podemos nos abster dos desejos enganosos? Paulo expõe a questão mais precisamente em Filipenses 4.8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o pensamento de vocês”.
A questão é: com o que alimentamos nossos pensamentos? Para enfrentar paixões de todo tipo, temos de nos ocupar das coisas valiosas e espirituais provenientes de Deus. Cabe substituir influências prejudiciais por matérias sadias. Seremos marcados por aquilo com que nos ocupamos, com os relacionamentos, as conversas, filmes, literatura, influências a que cedemos espaço. Trata-se de concentrar-se no que tem valor, na Palavra de Deus, na oração, em assuntos e objetivos espirituais, em relacionamentos e comunhão espirituais; em suma, naquilo enumerado acima.
Às vezes uma vida espiritual também permanece vazia por causa de prioridades erradas. Desperdiçam-se forças com coisas que lutam contra a alma e nos desgastam em vez de se suprir de força naquilo que provém de Deus e nos preenche.