Pessoas que Encontrei na Viagem: Parte 3 – Luís II

Daniel Lima

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A realidade pode ser muito dura. Na verdade, a realidade sempre choca e frustra as pessoas. Assim, encarar a realidade, enfrentar suas demandas, suportar ter algumas de suas aspirações e mesmo sonhos frustrados faz parte do processo de amadurecimento. A grande maioria das pessoas é obrigada pela própria vida a encarar a realidade e aprendem a lidar com ela. Nos raros casos em que, seja por condições financeiras, seja por outras circunstâncias quaisquer, uma pessoa não é levada a lidar com as adversidades da realidade, as consequências são sempre trágicas.

Um exemplo de alguém que se recusou a encarar a realidade foi Luís II, rei da Baviera entre os anos de 1864 a 1886. Ele teve uma criação muito rigorosa, distante dos pais e vivendo grande parte de sua vida em um castelo nas montanhas da Baviera. É bem provável que ele lutasse com a homossexualidade – chegou a ficar noivo, mas cancelou este noivado mais tarde. Ao longo de seu curto reinado, a Baviera foi forçada a se unificar ao Império Alemão, perdendo assim seu status de reino independente. Todas essas pressões fizeram com que Luís se tornasse mais e mais recluso. Ele passou a se dedicar à construção de palácios, entre eles o famoso castelo Neuschwanstein, o qual copiava um castelo de fantasia. Passando a viver ali, ele se tornou mais e mais recluso, fugindo de suas obrigações como líder do estado. Finalmente, com dívidas fora de controle, ausente da vida pública e envolvido em crescentes escândalos, ele foi considerado insano e aprisionado em um castelo em Munique. No dia seguinte ao seu aprisionamento, ele foi encontrado morto, juntamente com seu médico, no lago do castelo.

Fugir da realidade e buscar viver uma mentira nunca resulta em felicidade, mas sempre em tragédia.

Luís II viveu uma vida trágica, recusou-se a encarar a realidade, tentou viver em um mundo de sua imaginação e provavelmente foi assassinado logo após ser aprisionado. Para mim é impossível ouvir essa história e não lamentar, primeiramente por essa vida desperdiçada. No entanto, lamento também por tantas vidas desperdiçadas por pessoas que se recusam a enfrentar a realidade, por mais dura que seja. Fugir da realidade e buscar viver uma mentira nunca resulta em felicidade, mas sempre em tragédia. A mentira, por mais agradável que possa parecer, tem apenas uma origem: as artimanhas de Satanás.

Jesus declara, conforme registrado no evangelho de João:

“Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: ‘Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos; então, conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.’” (João 8.31-32)

Esses versículos nos fazem entender a centralidade da verdade. No versículo 32, a ênfase é dada ao poder libertador da verdade. Realmente, sem conhecer a verdade não podemos ser verdadeiramente livres. Por isso mesmo, Satanás busca de todas as formas distorcer a verdade e difundir a mentira. Uma pessoa que vive uma mentira já está escravizada.

A expressão verdade aqui se refere primariamente ao próprio Jesus (João 14.6). Nesse sentido, Jesus não é apenas verdadeiro, ele é a própria verdade. Sendo o Criador e aquele que sustenta a existência (Colossenses 1.16-17), Jesus Cristo é o parâmetro da verdade, ele define a verdade.

Sendo o Criador e aquele que sustenta a existência, Jesus Cristo é o parâmetro da verdade, ele define a verdade.

Uma segunda e importante interpretação da palavra verdade aqui é o próprio evangelho. Ou seja, por causa de nossa rebeldia diante de Deus e nossa impossibilidade de chegar a Deus por nosso pecado, Jesus morreu, tomando sobre si o castigo que era nosso (Colossenses 2.13-15). Nessa afirmativa, há pelo menos três aspectos dignos de destaque: (1) somos irremediavelmente pecadores (Romanos 3.10-20); (2) somos infinitamente amados (João 3.16) e (3) podemos, caso aceitemos esta verdade, viver um processo de transformação (2Coríntios 3.18).

Não sabemos o destino eterno de Luís II. Não temos qualquer evidência de que ele encarou a verdade do evangelho e seu poder libertador. O resultado foi uma vida dedicada a sonhos impossíveis, desejos distorcidos e decepções constantes. Minha oração é que eu e você possamos desenvolver tal apego à verdade que, mesmo quando esta for confrontadora ou dolorida, possamos nos basear nesta para conhecer a liberdade que Jesus nos oferece.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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