Pessoas que Encontrei na Viagem: Parte 3 – Luís II
A realidade pode ser muito dura. Na verdade, a realidade sempre choca e frustra as pessoas. Assim, encarar a realidade, enfrentar suas demandas, suportar ter algumas de suas aspirações e mesmo sonhos frustrados faz parte do processo de amadurecimento. A grande maioria das pessoas é obrigada pela própria vida a encarar a realidade e aprendem a lidar com ela. Nos raros casos em que, seja por condições financeiras, seja por outras circunstâncias quaisquer, uma pessoa não é levada a lidar com as adversidades da realidade, as consequências são sempre trágicas.
Um exemplo de alguém que se recusou a encarar a realidade foi Luís II, rei da Baviera entre os anos de 1864 a 1886. Ele teve uma criação muito rigorosa, distante dos pais e vivendo grande parte de sua vida em um castelo nas montanhas da Baviera. É bem provável que ele lutasse com a homossexualidade – chegou a ficar noivo, mas cancelou este noivado mais tarde. Ao longo de seu curto reinado, a Baviera foi forçada a se unificar ao Império Alemão, perdendo assim seu status de reino independente. Todas essas pressões fizeram com que Luís se tornasse mais e mais recluso. Ele passou a se dedicar à construção de palácios, entre eles o famoso castelo Neuschwanstein, o qual copiava um castelo de fantasia. Passando a viver ali, ele se tornou mais e mais recluso, fugindo de suas obrigações como líder do estado. Finalmente, com dívidas fora de controle, ausente da vida pública e envolvido em crescentes escândalos, ele foi considerado insano e aprisionado em um castelo em Munique. No dia seguinte ao seu aprisionamento, ele foi encontrado morto, juntamente com seu médico, no lago do castelo.
Fugir da realidade e buscar viver uma mentira nunca resulta em felicidade, mas sempre em tragédia.
Luís II viveu uma vida trágica, recusou-se a encarar a realidade, tentou viver em um mundo de sua imaginação e provavelmente foi assassinado logo após ser aprisionado. Para mim é impossível ouvir essa história e não lamentar, primeiramente por essa vida desperdiçada. No entanto, lamento também por tantas vidas desperdiçadas por pessoas que se recusam a enfrentar a realidade, por mais dura que seja. Fugir da realidade e buscar viver uma mentira nunca resulta em felicidade, mas sempre em tragédia. A mentira, por mais agradável que possa parecer, tem apenas uma origem: as artimanhas de Satanás.
Jesus declara, conforme registrado no evangelho de João:
“Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: ‘Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos; então, conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.’” (João 8.31-32)
Esses versículos nos fazem entender a centralidade da verdade. No versículo 32, a ênfase é dada ao poder libertador da verdade. Realmente, sem conhecer a verdade não podemos ser verdadeiramente livres. Por isso mesmo, Satanás busca de todas as formas distorcer a verdade e difundir a mentira. Uma pessoa que vive uma mentira já está escravizada.
A expressão verdade aqui se refere primariamente ao próprio Jesus (João 14.6). Nesse sentido, Jesus não é apenas verdadeiro, ele é a própria verdade. Sendo o Criador e aquele que sustenta a existência (Colossenses 1.16-17), Jesus Cristo é o parâmetro da verdade, ele define a verdade.
Sendo o Criador e aquele que sustenta a existência, Jesus Cristo é o parâmetro da verdade, ele define a verdade.
Uma segunda e importante interpretação da palavra verdade aqui é o próprio evangelho. Ou seja, por causa de nossa rebeldia diante de Deus e nossa impossibilidade de chegar a Deus por nosso pecado, Jesus morreu, tomando sobre si o castigo que era nosso (Colossenses 2.13-15). Nessa afirmativa, há pelo menos três aspectos dignos de destaque: (1) somos irremediavelmente pecadores (Romanos 3.10-20); (2) somos infinitamente amados (João 3.16) e (3) podemos, caso aceitemos esta verdade, viver um processo de transformação (2Coríntios 3.18).
Não sabemos o destino eterno de Luís II. Não temos qualquer evidência de que ele encarou a verdade do evangelho e seu poder libertador. O resultado foi uma vida dedicada a sonhos impossíveis, desejos distorcidos e decepções constantes. Minha oração é que eu e você possamos desenvolver tal apego à verdade que, mesmo quando esta for confrontadora ou dolorida, possamos nos basear nesta para conhecer a liberdade que Jesus nos oferece.