Jesus, o Bom Pastor
Viver é estar em perigo! Nossa vida corre o risco de ser extinta mesmo antes do nascimento. A recente decisão da Argentina de autorizar o aborto demonstra isso de forma clara e estridente. Seja devido a doenças, violência, conflitos ou catástrofes, nossa vida está em permanente perigo. Por isso precisamos de um protetor. Jesus trata desta nossa fragilidade com mais uma de suas afirmações sobre si mesmo. Em João 10.11, ele afirma: “Eu sou o bom pastor”. Na semana passada estudamos um pouco sobre o contexto da vida pastoril em Israel ao examinar a firmação “Eu sou a porta” (João 10.9-10). Neste artigo quero considerar a primeira afirmação, que foi feita dentro da mesma ilustração de pastoreio e de ovelhas.
Muito tem sido ensinado sobre a fragilidade das ovelhas. Há testemunhos sobre como esse animal é frágil e indefeso. Embora esta realidade possa trazer inúmeras comparações úteis, o texto fala do pastor, do bom pastor. O contexto é da reação dos líderes religiosos judeus ao homem cego que foi curado por Jesus. Ele foi expulso da sinagoga diante do seu testemunho, mas acolhido por Jesus logo em seguida. Na sequência, o Senhor faz as duas declarações acima. O que elas nos revelam sobre Jesus? De que forma nosso relacionamento com ele pode e deve ser afetado pela segunda declaração?
Os versos 11-13 do capítulo 10 de João descrevem as características do bom pastor:
Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. O assalariado não é o pastor a quem as ovelhas pertencem. Assim, quando vê que o lobo vem, abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca o rebanho e o dispersa. Ele foge porque é assalariado e não se importa com as ovelhas.
Primeiramente, importa observar que Jesus é o bom pastor, não um pastor qualquer. O que marca este bom pastor? Para responder à pergunta precisamos observar o contraste que está sendo exposto desde o verso 10: “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente”.
O contraste é entre dois personagens e o bom pastor. O primeiro personagem é o ladrão ou assaltante (verso 8); o segundo personagem é o assalariado (verso 12). O ladrão tem o objetivo de furtar, matar e destruir (verso 10) e é tradicionalmente identificado como o próprio Diabo ou pelo menos a serviço dele. Esses são os inimigos da fé, aqueles que buscam desviar pessoas de Jesus roubando sua atenção, destruindo valores e por fim acorrentando a quem puderem à morte à qual estão condenados.
O assalariado é descrito nos versos 12-13. Ele não é mal-intencionado desde o princípio, mas não tem um compromisso com a vida das ovelhas. Esses são aqueles líderes que assumem responsabilidade enquanto lhes convém, enquanto estão ganhando algo com isso. Podem fazer unicamente como meio de subsistência, por ganho financeiro ou por ganho de popularidade. Entre esses encontram-se muitos que, ao invés de repreender o rebanho ou mesmo alertá-lo para algum perigo, se concentram em manter a paz a qualquer custo – mesmo ao custo da verdade.
O contraste é finalizado com o bom pastor, Jesus. No verso 10 ele afirma que veio para que suas ovelhas tenham vida e a tenham plenamente. Em outras palavras, somente em Jesus temos vida de verdade; ao mesmo tempo, nele temos a possibilidade de uma vida plena.
Somente em Jesus temos vida de verdade. Nele temos a possibilidade de uma vida plena.
O verso 11 fornece aquela que é a mais clara característica do bom pastor. Ele dá sua vida pelas ovelhas. Ao longo do tempo, falsos mestres têm tentado esvaziar ou diminuir a obra de Cristo. Alguns afirmam que ele foi apenas um grande Mestre, ou então que veio para nos mostrar um padrão superior de vida, ou até que foi um revolucionário enfrentando um império opressivo. Mas Jesus declara que nenhuma destas características, embora em parte verdadeiras, o define. Ele é aquele que dá sua vida. Ele morreu pagando pelos nossos pecados e oferece essa salvação a todos. Seu papel não é apenas de um grande líder, mas do cordeiro de Deus.
Jesus retoma e expande a declaração nos versos 14-15:
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
Aqui ele afirma que tem um relacionamento com suas ovelhas. É mais que um ideal ou um mestre distante. Ele conhece e é conhecido por suas ovelhas. Repare que ele faz um paralelo profundo ao afirmar que a relação que tem com suas ovelhas é comparável à relação que tem com o Pai (verso 15). Jesus afirma de uma forma muito clara que seu convite é para que participemos da comunhão que existe na Trindade. Não faremos parte da Trindade, mas somos convidados a participar desta comunhão.
Quero terminar este artigo com uma pergunta e uma oração. Minha pergunta é: Jesus nos oferece vida plena – o quão plena tem sido sua vida? O que hoje o impede de usufruir desta promessa? Minha oração é que você e eu possamos nos submeter e nos alinhar com este Bom Pastor, pois a vida é perigosa. Oro também para que a perspectiva de participar da eterna comunhão da Trindade seja o que enche meus olhos, completa meus sonhos e me dá esperança em dias difíceis.
Série Quem é Jesus?
- Jesus, o Pão da Vida
- Jesus, a Luz do Mundo
- Jesus, a Porta
- Jesus, o Bom Pastor
- Jesus, a Ressurreição e a Vida
- Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida
- Jesus, a Videira Verdadeira