Jesus, a Videira Verdadeira

Daniel Lima

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Minha família e eu vivemos em Caxias do Sul durante cerca de 15 anos. Ainda hoje eu guardo um enorme afeto por aquela cidade e seu povo. Conversei longamente com plantadores e especialistas em uvas e parreirais. Há muito em comum e muita coisa diferente entre o cultivo de uvas na Serra Gaúcha neste século e o cultivo de uvas em Israel no primeiro século d.C. No entanto, é fundamental conhecer o que os ouvintes daquela época teriam entendido com relação à sétima auto declaração de Jesus no evangelho de João: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (João 15.1).

Com certeza a imagem que vinha na mente dos ouvintes de Jesus (discípulos judeus) era aquela apresentada pelo Antigo Testamento. Uma das principais passagens que trata do significado da videira é o salmo 80. Ali o salmista se lamenta com o que tem ocorrido com seu povo, Israel. Começando no verso 8 até o final do salmo, há três momentos na descrição da relação de Deus com Israel. O primeiro momento (Salmos 80.8-11) descreve o cuidado de Deus em estabelecer Israel, tirando o povo do Egito e levando-o à Terra Prometida. O resultado é a benção (versos 10-11):

Os montes foram cobertos pela sua sombra e os mais altos cedros pelos seus ramos. Seus ramos se estenderam até o Mar e os seus brotos até o Rio.

O segundo momento é de lamento (versos 12-16). O salmista pergunta por que o Senhor abandonou seu povo, por que estão vulneráveis nas mãos dos inimigos. Na verdade, o salmista sabe a resposta. O fracasso de Israel em dar frutos conforme a graça de Deus era evidente a todo judeu devoto. Apesar de todo o cuidado e esforço de Deus, o povo ainda se recusa a dar os frutos que seriam esperados. No capítulo 5 de seu livro, Isaías descreve essa cena terrível e concluí no verso 7:

Pois bem, a vinha do Senhor dos Exércitos é a nação de Israel, e os homens de Judá são a plantação que ele amava. Ele esperava justiça, mas houve derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição.

Por isso o salmista não pede justiça, mas clama por misericórdia. Ele conhecia as alianças de bênçãos e castigo, ele conhecia que Deus estava trazendo renovação ao arrasar sua vinha, por mais dolorido que isso fosse. O terceiro momento, como é comum na poesia hebraica, é da esperança. Aqui o salmista aponta para um resgate futuro. Ele escreve nos versos 17-19:

Repouse a tua mão sobre aquele que puseste à tua mão direita, o filho do homem que para ti fizeste crescer. Então não nos desviaremos de ti; vivifica-nos, e invocaremos o teu nome. Restaura-nos, ó Senhor, Deus dos Exércitos; faze resplandecer sobre nós o teu rosto, para que sejamos salvos.

É marcante como a videira agora se torna “o filho do homem”. Ele não só resgatará Israel, como vai lhes trazer vida. Nele Israel será salvo.

Nesse contexto, quando João registra as palavras de Jesus afirmando ser a videira verdadeira e o Pai como o agricultor, ele está declarando que ele é o filho do homem, o redentor prometido. Ele, Jesus, é tudo o que Israel nunca pode e jamais poderá ser – sem Deus.

Jesus fala de dois tipos de ramos em João 15.2: o que não dá fruto e o que dá fruto. Se seguirmos a perspectiva acima, não havia dúvida na mente dos ouvintes quem eram aqueles que não davam fruto: eram os judeus que não manifestavam um coração voltado para Deus. Assim, não importa se eles haviam nascido na nação escolhida por Deus. Todo aquele que não dá fruto será lançado fora.

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Mas há um segundo tipo: os que dão fruto. Há muita discussão sobre o que é fruto. Para muitos evangélicos, fruto é uma longa lista de ações religiosas e morais. Mas era justamente isso que os judeus religiosos faziam. Em Gálatas 5.22-23, Paulo deixa bem claro o que é fruto: é uma vida transformada, é uma novidade de vida (2Coríntios 5.17). Com base nessa passagem podemos afirmar – sem medo de errar – que, se alguém está em Cristo, haverá fruto. Somente uma mudança de coração indica uma conversão verdadeira (Mateus 7.20).

No entanto, para todo aquele que está em Cristo (judeu ou gentio) e dá fruto, podemos ter algumas certezas:

1. Seremos podados. Deus continua a nos disciplinar, buscando nos transformar à sua imagem e semelhança (Hebreus 12.5-11);

2. Para termos uma vida frutífera, precisamos cultivar em primeiro lugar nossa relação com Deus (João 15.5b);

3. Há uma íntima relação entre permanecer, amar e obedecer (João 15.9-10).

Minha oração por você e por mim é que aprendamos a cultivar nossa relação com Deus, que as circunstâncias desafiadores pelas quais passamos produzam em nós maturidade e não desânimo e que nosso amor por Jesus nos estimule a permanecer e a viver em sua vontade.

Série Quem é Jesus?

  1. Jesus, o Pão da Vida
  2. Jesus, a Luz do Mundo
  3. Jesus, a Porta
  4. Jesus, o Bom Pastor
  5. Jesus, a Ressurreição e a Vida
  6. Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida
  7. Jesus, a Videira Verdadeira

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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