Jesus, a Luz do Mundo

Daniel Lima

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Sem forma, vazia, trevas! Assim era o mundo no momento da criação (Gênesis 1.2). Tem-se a nítida impressão de que Deus estendeu a tela de sua pintura e só então passou a dar forma e encher o espaço que ele mesmo criou para sua obra. Sua primeira ordem é “Haja luz” e, é claro, houve luz. Não é curioso que Deus não encheu primeiro a terra ou sequer deu forma a ela? Ele primeiro declarou que houvesse luz. Paralelamente, se olharmos para o final dos tempos, a descrição que é feita do céu em Apocalipse é: “A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia. As nações andarão em sua luz...” (Apocalipse 21.23-24). Novamente nos deparamos com a conclusão de que houve a presença da luz assim que o mundo começou; e, no final, no céu, Jesus será a nossa luz. Isso não deveria nos surpreender, pois Deus é luz e nele não há treva alguma (1João 1.5).

É dentro desta perspectiva que Jesus declara ser a luz do mundo em João 8. Antes de observarmos o texto, vamos aprender acerca do contexto. Jesus subiu a Jerusalém para participar da celebração da Festa das Cabanas. Esse era um dos mais importantes festivais que os judeus celebravam em memória do tempo em que tiveram de caminhar pelo deserto. Todos devem habitar em tendas por sete dias. No último dia, a tradição judaica – usando o texto de Isaías 12.3 – fazia uma lavagem cerimonial do pátio do templo. Levitas buscavam jarros e mais jarros de água para derramarem no pátio. Naquela noite eram acendidas tochas no pátio e, segundo escritos rabínicos da época, toda a Jerusalém ficava iluminado como se fosse dia.

Antes de sua declaração, Jesus foi confrontado com a acusação sobre a mulher adúltera. Esta havia sido surpreendida em adultério e provavelmente já esperava o apedrejamento; Jesus, no entanto, não a condena, mas traz luz sobre o caso pedindo que aquele que não tem pecado seja o primeiro a condená-la. As palavras de Jesus não são acusatórias, apenas trazem luz.

Ao optarmos por ocultar quem realmente somos, passamos a viver em trevas – e estas sempre escravizam.

O que significa trazer luz? Significa “revelar”, “afastar escuridão”, “mostrar a verdade”. É surpreendente como de modo geral escolhemos viver em trevas. Ocultamos nossas falhas e tentamos convencer os outros de que somos melhores do que realmente somos. Com isso passamos a carregar o peso de duas pessoas: a que somos e a que queremos que os outros pensem que somos. Mas, se nosso próprio peso já é grande, carregar o peso de duas pessoas é demasiado!

Tentamos ocultar nosso pecado pois tememos a vergonha, a rejeição, a perda e o abandono. No entanto, ao optarmos por ocultar quem realmente somos, passamos a viver em trevas – e estas sempre escravizam. Escravizam porque não temos vitória contra nossos pecados e porque as trevas são o terreno do inimigo. É onde o Pai da mentira habita e trabalha. A triste verdade é que continuamos escravizados e no final teremos de enfrentar a vergonha, a rejeição, a perda e o abandono.

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Por outro lado, Jesus é a própria luz – e diante da luz as trevas recuam. Em João 8.12, Jesus afirma: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Uma vez que andamos na luz (verdade revelada), somos libertos das trevas (Colossenses 1.13-14). É por isso que a centralidade do arrependimento nos traz à confissão. Ao confessar meu pecado, passo por vergonha, talvez por rejeição e abandono de alguns, mas não por aquele que me ama de forma radical. O coração contrito nunca será rejeitado por Deus (Salmo 51.17).

Os acusadores que trouxeram a mulher não queriam andar na luz. A luz os ofendia. Seus pecados seriam expostos e eles seriam humilhados como a adúltera. Eles preferiram sair e continuar em suas trevas pessoais. Curiosamente, quem saiu primeiro foram os mais velhos. Eu creio que foi assim porque talvez um jovem ainda acredite na imagem que procura promover sobre si mesmo, mas os mais velhos têm mais clareza quanto aos seus pecados. Eles podem tentar iludir outros, mas não podem iludir a si mesmos. Apesar disso, preferiram a escuridão de sua hipocrisia à luz da confissão.

Quando Jesus afirma ser a luz do mundo, ele está declarando seu papel desde Gênesis até Apocalipse.

Quando Jesus afirma ser a luz do mundo, ele está declarando seu papel desde Gênesis até Apocalipse. Ele está afirmando que quem andar com ele terá seus pecados revelados... mas também perdoados, pois não há perdão para pecados ocultos (Salmo 32)! Esta é a razão por que Jesus revela pecados: não para humilhar ou castigar, mas para nos libertar. Na luz temos liberdade, na luz podemos ser quem realmente somos, na luz somos amados por aquele que nos conhece mais profundamente. Na luz podemos assumir o perdão que nos é oferecido.

Minha oração é que você e eu continuemos seguindo a Jesus. Assim, não seremos mais escravizados pelas trevas da imagem que queremos projetar, mas seremos livres na vida que a verdadeira luz nos oferece.

Série Quem é Jesus?

  1. Jesus, o Pão da Vida
  2. Jesus, a Luz do Mundo
  3. Jesus, a Porta
  4. Jesus, o Bom Pastor
  5. Jesus, a Ressurreição e a Vida
  6. Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida
  7. Jesus, a Videira Verdadeira

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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