Famosos ou Importantes?

Daniel Lima

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Recentemente o filósofo Mário Sérgio Cortella expressou que muitos querem ser famosos, mas o que realmente faz diferença é sermos importantes. Gostei da ideia e fui verificar na Bíblia para ver se ela vem de Deus (aliás, essa é uma boa prática para cada ideia que gostamos...). Fico feliz em perceber que este tema percorre todo o texto bíblico. Na verdade, o próprio Satanás era um anjo de grande importância, mas ele quis fama, quis ser igual a Deus e, por isso, caiu. Perseguir a fama é uma das grandes e mais perigosas tentações de nossos dias. Na verdade, muitos importantes se tornam famosos, mas infelizmente há muitas pessoas famosas que realmente não têm importância real. Quando isso acontece, estas pessoas precisam continuar fazendo barulho para preservar sua fama, mas continuam fazendo pouca diferença a longo prazo.

A partir desta reflexão comecei a observar homens na Bíblia que foram importantes, na verdade fundamentais no plano eterno de Deus, mas que não atingiram a fama. Essa é a realidade da grande maioria dos servos de Deus. Podemos almejar e trabalhar para termos impacto, deixar um legado abençoador (sermos importantes), mas somente Deus pode determinar se seremos famosos.

A grande maioria dos servos de Deus foi importante para o seu plano eterno, mas não atingiu a fama.

Neste artigo gostaria de fazer algumas considerações sobre um homem que foi de enorme importância, mas que, apesar de ser mencionado na Bíblia, nunca foi tão famoso quanto outros ao seu redor. Seu nome era José – não o carpinteiro –, mas o que era levita e tinha propriedades. Cresceu fora de Jerusalém, inclusive fora da terra de Israel, e isso era um ponto a menos para sua fama. Foi um discípulo de Cristo, mentor de líderes e sua característica pessoal mais forte era o encorajamento, tanto que os demais discípulos lhe deram o apelido de Barnabé, “filho da consolação” (Atos 4.36-37).

Barnabé é mencionado novamente quando toma a iniciativa de apoiar, até mesmo afiançar, um novo e polêmico discípulo, Saulo. Este ex-perseguidor era evitado pelos demais discípulos, mas José (Barnabé) intercedeu por ele e arriscou a sua própria reputação ao testemunhar de sua conversão (ver Atos 9.27).

A próxima vez que Barnabé surge é quando surgiu um novo fenômeno: uma igreja não judaica. Com o início da igreja em Antioquia, os apóstolos de Jerusalém o enviam para esclarecer o que ocorria. Ele, chegando ali, viu a graça de Deus e os desafiou a permanecerem fiéis. Percebendo que ele mesmo não tinha os dons e talentos necessários, foi buscar a Saulo e juntos ensinaram aquela igreja tão necessitada (ver Atos 11.19-26).

Em Atos 13 vemos a igreja de Antioquia já estabelecida e com uma equipe de profetas e mestres que vinham das mais diferentes origens. Ali Deus chamou Barnabé e Saulo para a primeira viagem missionária. No decorrer da viagem Saulo virou Paulo, mas também se transformou no líder da equipe. Este fato não parece ter incomodado Barnabé, pois continuaram ministrando juntos, sem se importar com a inversão de papéis.

Nem tudo na vida de Barnabé era perfeito. Em um evento, uma vez mais em Antioquia, ele parece ter caído no erro de Pedro ao afastar-se da comunhão com os gentios (ver Gálatas 2.13). Isso ocorreu em vista do ensino de mestres vindos de Jerusalém que afirmavam que não bastava a fé em Jesus, mas era também necessário cumprir a lei. Seu antigo discípulo Paulo confrontou Pedro e aqueles que deixaram a comunhão. Uma vez entendido seu erro, encontramos Barnabé junto com Paulo defendendo a salvação pela fé sem obras no Concílio de Jerusalém (ver Atos 15.12).

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A última menção de Barnabé em Atos é outro evento triste, mas revelador do caráter deste homem. Ao se preparar para a próxima viagem, ele e Paulo discordaram sobre levar ou não o jovem Marcos, que os havia abandonado na primeira viagem. A dissenção foi tamanha que ambos se separaram (ver Atos 15.36-41). Mais tarde, Paulo se refere a Barnabé como um colega no ministério (ver 1Coríntios 9.6) e no final da vida reconhece que Marcos lhe é “útil para o ministério” (2Timóteo 4.11).

Certamente Barnabé não se compara a Paulo em fama. Nem sequer sabemos por certo as circunstâncias de sua morte. No entanto, observando sua vida e seu impacto na vida de Paulo e também de outros, podemos afirmar que ele foi alguém importante. Deixe-me alistar, a partir da vida de Barnabé, algumas características nas quais você e eu podemos investir se quisermos fazer diferença, se quisermos importar...

  1. Generosidade Ousada. Ele era um homem generoso. Vendeu seu campo e doou à igreja mesmo que isso não lhe fosse pedido ou exigido. Como temos usado nossos recursos? Temos sido ousados em generosidade ou contribuímos apenas aquilo que não nos faz falta?

Barnabé aparentemente se alegrava em ver outros se destacarem. Como reagimos quando outros se destacam, quando somos deixados em segundo plano?
  1. Fé nos Improváveis. Ele acreditou primeiro em Paulo e mais tarde em Marcos, mesmo quando as evidências não eram as melhores. Creio que é seguro dizer que fez o mesmo com outros, mesmo sem ser mencionado na Bíblia. Como temos visto pessoas que precisam de investimento? Só investimos naqueles que são “promessas de sucesso”?

  2. Cuidado Gracioso. Mesmo em uma igreja ainda imatura ele percebeu a graça de Deus; ao mesmo tempo, não ignorou que aquele povo precisava permanecer fiel e precisava de ensino. Como temos reagido àqueles que recém chegaram à fé? Somos críticos de sua imaturidade ou preocupados o suficiente para exortar e ensinar?

  3. Espiritualidade Bondosa. Em Antioquia, Barnabé foi reconhecido como um homem bom e cheio do Espírito. Como você e eu somos vistos? As pessoas nos descreveriam como pessoas boas e cheias do Espírito?

  4. Humildade Corajosa. Por fim, Barnabé não precisava liderar ou estar à frente. Ele aparentemente se alegrava em ver outros se destacarem. Como você e eu reagimos quando outros se destacam, quando somos deixados em segundo plano?

Minha sincera oração por você e por mim é que nos comprometamos em ser pessoas que importam, que fazem a diferença. Se, além disso, Deus quiser nos fazer famosos, tudo bem; se não, que estejamos felizes em sermos servos fiéis.

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Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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