A poderosa imagem da catedral parisiense em chamas

Nathanael Winkler

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Semana passada completou um ano do incêndio na catedral de Notre-Dame, em Paris – justamente no começo da Semana Santa do ano passado, no dia 15 de abril. A mídia reagiu consternada. Havia gente chorando. Muitos rezavam diante do edifício em chamas. O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou imediatamente sua intenção de reconstruir a catedral. Do mundo inteiro vieram ofertas de contribuições para esse projeto.

Tudo isso dá o que pensar. Quando terroristas na África assassinam pessoas criadas à imagem de Deus, o horror mundial é bem limitado. Quando, porém, no Ocidente se incendeia um edifício construído por mãos humanas, o luto parece não ter limites.

É óbvio: a catedral de Notre-Dame é mais do que um prédio qualquer – ela é um símbolo, ela representa algo que em nossos dias está desaparecendo e, em certo sentido, queimando: o cristianismo, que por longo tempo dominou o ocidente com seus valores. Neste sentido, a catedral de Paris em chamas é uma imagem bem ilustrativa. Ela representa o cristianismo de hoje: uma bela fachada, mas sem conteúdo nem mensagem. E por isso ele se perde.

Aquela igreja foi construída entre os anos de 1163 e 1345. Seis gerações trabalharam na obra ao longo de aproximadamente 200 anos. A restauração provavelmente durará cinco anos. Com isso, a Notre-Dame é uma das igrejas góticas mais antigas da França e é também um dos marcos representativos de Paris.

A catedral de Paris em chamas é uma imagem bem ilustrativa. Ela representa o cristianismo de hoje: uma bela fachada, mas sem conteúdo nem mensagem.

Suas duas torres de pedra natural têm 69 metros de altura. A nave do templo tem 130 metros de comprimento interno, 48 metros de largura e 35 metros de altura, com espaço para até 10 mil pessoas. O propósito era que a catedral simbolizasse a grandeza de Deus. É significativo, porém, que a mídia lamentou o incêndio de um patrimônio cultural ocidental – a fé cristã quase não foi mencionada. A Notre-Dame de Paris, nome completo do templo, é a catedral da arquidiocese católica romana de Paris. Seu nome significa “Nossa Senhora de Paris”; portanto, a Notre-Dame é uma igreja consagrada a Maria, “mãe de Deus”.

O prédio é uma obra-prima arquitetônica, de beleza quase insuperável. Ainda assim, esse esplendor externo é nulo se no interior não se adorar a Deus Pai em espírito e verdade. O primeiro templo em Jerusalém era revestido de ouro, num valor correspondente a cerca de 10 bilhões de euros. Mesmo assim, porém, o próprio Deus disse na inauguração daquele templo:

Mas, se você ou seus filhos se afastarem de mim e não obedecerem aos mandamentos e aos decretos que lhes dei, e prestarem culto a outros deuses e adorá-los, desarraigarei Israel da terra que lhes dei e lançarei para longe da minha presença este templo que consagrei ao meu nome. Israel se tornará então objeto de zombaria entre todos os povos. E, embora este templo seja agora imponente, todos os que passarem por ele ficarão espantados e perguntarão: ‘Por que o Senhor fez uma coisa dessas a esta terra e a este templo?’ E a resposta será: ‘Porque abandonaram o Senhor, o seu Deus, que tirou os seus antepassados do Egito, e se apegaram a outros deuses, adorando-os e prestando-lhes culto; por isso o Senhor trouxe sobre eles toda esta desgraça. (1Reis 9.6-9)

Essas palavras nos dão o que pensar quando consideramos o incêndio da Notre-Dame e o estado atual do cristianismo. – E a respeito do segundo templo, que era ainda mais majestoso que o primeiro, Jesus disse: “Vocês estão vendo tudo isto?... Eu garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas” (Mateus 24.2)!

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A Notre-Dame poderá ser reconstruída, mas no fundo ela é apenas uma relíquia do passado, sem transmitir verdadeira esperança. No Apocalipse, o Senhor disse à igreja em Sardes: “Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto” (Apocalipse 3.1). Do ponto de vista espiritual, o morto é alguém sem esperança, perdido e cego. Que nosso Deus fiel nos guarde de nos revelarmos apenas como uma bela fachada, sem vida interior.

Maranata. Vem, Senhor!

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Nathanael Winkler nasceu em Israel e é membro da diretoria do Ministério Chamada na Suíça. Casado com Rebecca, tem 3 filhos. Completou seus estudos teológicos no Centro Europeu de Treinamento Bíblico (EBTC), onde também leciona. É convidado para pregar em diversas igrejas.

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