A Mensagem de Naum

Parte 1: Nova mensagem para Nínive

Exposição do livro do profeta Naum.

A profecia de Naum é tanto um complemento quanto um paralelo do livro de Jonas. Sua profecia corresponde à de Jonas, uma vez que esta celebra a misericórdia de Deus, enquanto Naum proclamou o juízo mundial de Deus contra o pecado.

O ministério de Jonas enfatizou o amor de Deus; a mensagem de Naum proclama a justiça de Deus. Reconhecendo-se que as mensagens de Jonas e Naum correspondem uma à outra, é apropriado examiná-las em conjunto, como nesta série de artigos que considera os dois ministérios proféticos (para uma análise detalhada do livro de Jonas, leia os artigos publicados nas últimas quatro edições).

O profeta Naum escreveu para confortar o povo de Deus e dar-lhes garantia da vitória sobre seus opressores. O tema que prevalece na profecia de Naum é a libertação para o povo de Deus como um resultado da justa vingança do Senhor.

O capítulo de 2Reis 6 registra uma guerra entre Israel e a Síria (arameus). O rei de Israel conseguiu escapar do rei sírio, pois o profeta Eliseu o alertou quanto ao método de ataque. O rei da Síria ficou furioso por Israel ter escapado, e decidiu capturar Eliseu. O rei sitiou a casa do profeta, mas este não teve medo, pois sabia que Deus tinha cercado os sírios.

Com a tropa síria ao redor de Eliseu, o servo do profeta tremia ao perguntar: “O que faremos?”. Eliseu respondeu: “‘Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles’. E Eliseu orou... Então o Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu” (v. 15-17).

Às vezes pode parecer que as trevas certamente vencerão, quando as forças do mal (cf. Ef 6.12) se unem contra o bem. Quando os apóstolos sofreram desprezo e ameaças, os crentes buscaram o Senhor em oração. Deus respondeu concedendo ousadia e coragem aos seus servos (At 4.23-31). Você terá olhos para ver “a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou” (Ef 1.18)?

Deus é grande, Deus é bom (1.1-8)

O ministério de Naum ocorreu após a destruição da cidade egípcia de Tebas, em 663 a.C. (3.8). O profeta predisse a queda da capital assíria, Nínive, que ocorreu em 612 a.C. Ele provavelmente ministrou durante o reinado do perverso rei Manassés, de Judá (697-642 a.C.). Primariamente, sua mensagem dizia respeito a Nínive, mas ele era um profeta judeu e, portanto, sua proclamação era para o povo judeu.

A profecia de Naum é designada como um “oráculo”, o qual é uma mensagem de Deus que anuncia juízo. Às vezes, o “oráculo” é denominado um “peso” (BKJ), porque frequentemente contém uma mensagem intensa. A visão que Naum, o elcosita, recebeu provinha do Senhor. O livro de Naum não é uma narrativa como Jonas; antes, ele se assemelha a outros livros que têm uma mensagem profética.

A profecia de Naum dizia respeito a Nínive, a principal cidade do Império Assírio na época. Naum provavelmente profetizou por volta de 650 a.C. A mensagem de Jonas é datada em 780 a.C. Mais de cem anos antes, Deus enviara um profeta relutante à “grande cidade” que ele declarou como perversa (Jn 1.2). Por meio do profeta Jonas, Deus anunciou que iria destruir a cidade. Nínive experimentou um dos maiores avivamentos em resposta a essa mensagem, conforme o rei e “os ninivitas creram em Deus” (3.5).

Naum demonstra que cada geração é responsável por suas próprias decisões morais e espirituais (Ez 18.20-24). Na época de Jonas, os ninivitas se arrependeram em resposta à proclamação da Palavra de Deus. No entanto, na época de Naum, o povo de Nínive fez escolhas diferentes; por essa razão, eles eram culpados diante do Senhor. Deus anunciou juízo sobre Nínive por sua crueldade, idolatria, opressão e maldade. Embora uma liderança excepcional no passado seja uma bênção, ela nunca pode substituir a responsabilidade fiel de uma pessoa no presente.

O amor de Deus nunca permitirá o que sua justiça condena. Deus simplesmente não pode desculpar ou ignorar o pecado. A verdade dessa afirmação deveria causar regozijo na justiça e no juízo divinos, pois representa o triunfo da santidade.

Os versículos 2-3 estabelecem o tom para toda a mensagem de Naum. Nínive estava em apuros com Deus. Apesar do bom trabalho do relutante profeta Jonas, a cidade retornara à sua maldade. Os ninivitas oprimiam outros países, praticavam atos cruéis e adoravam ídolos. “O Senhor é muito paciente” (v. 3a), como ficou evidente quando “Deus se arrependeu e não os destruiu [Nínive] como tinha ameaçado” (Jn 3.10). Agora, o Senhor decretou seu veredicto por meio do profeta Naum: dessa vez, ele não se arrependeria.

Qual era o benefício para o povo de Deus em saber que Nínive experimentaria julgamento? A resposta: é importante saber que o Senhor é onipotente e que se pode confiar nele para cuidar do seu povo, mesmo quando traz a justiça sobre aqueles que se opõem a ele (v. 3-6). Em contraste com aqueles que “suporta[m] o despertar de sua ira” (v. 6) está a promessa de Deus àqueles “que nele confiam” (v. 7).

Deus é grande, e ele é bom. Sem sua grandeza para manter a ordem, o universo se desfaria; no entanto, sem sua bondade, o mundo seria governado por déspotas perversos. Deus usa sua grandeza para a salvação, e sua bondade para atrair pessoas a si.

Deus providencia conforto, auxílio e refúgio para aqueles que confiam nele; todavia, ele precisa derramar juízo sobre aqueles que desobedecem a sua Palavra, pois ele é santo e justo. Ao obedecer e confiar em Deus, você desfrutará do conforto do seu refúgio, mesmo em tempos de angústia.

A bondade de Deus não significa que ele não levará “seus inimigos” (e os inimigos de seu povo) à justiça. O versículo 8 retoma o aspecto vingativo do caráter de Deus, pois a sua ira contra a brutalidade, o orgulho e a maldade é um dos focos do oráculo de Naum. Deus é bondoso demais para não punir o pecado. Deus é tão santo e justo que ele não pode desculpar ou ignorar o pecado do qual não há arrependimento. O Senhor está irado com todos aqueles que abusam de outros, e lhes dará “um fim absoluto” (BKJ).

Deus é invencível, Deus é salvação (1.9-15)

Resistir a Deus é fútil, pois ele é invencível. Enquanto os versículos 2-8 enfatizam o caráter de Deus, os versículos 9-15 focam mais diretamente em Nínive. Qualquer coisa que uma pessoa trame “contra o Senhor” falhará (cf. Sl 2.1-5). Os assírios sitiaram Jerusalém uma vez (2Rs 18), mas não o fariam novamente (Na 1.9). Opor-se ao povo de Deus é, na verdade, uma oposição contra o próprio Senhor, e ele não permitirá que esses planos tenham sucesso.

“Tome cuidado com qualquer pessoa que o encoraje a colocar sua confiança em alguém (ou algo) que não seja o Deus verdadeiro da Bíblia Sagrada.”

Três imagens retratam a destruição completa de Nínive: “espinhos”, embriaguez e “palha” (v. 10). Nínive estava em apuros porque o Senhor venceria quaisquer planos contra ele ou contra o seu povo (v. 11). Mesmo que os assírios fossem “fortes e numerosos, ser[iam] ceifados e destruídos” (v. 12). A derrota de Nínive seria uma bênção para o povo de Deus, porque eles seriam libertos da opressão assíria (v. 13). Naum enfatizou que sua mensagem não era um veredicto pessoal, pois o Senhor havia falado (v. 12a), garantindo assim o seu cumprimento.

Nínive se gabava de que seus deuses eram invencíveis, e até mesmo reivindicava ser mais poderosa que o próprio Deus (Is 36.18-20; 37.10-13). No entanto, o Senhor jogaria esses falsos deuses em uma pilha de lixo e esvaziaria os seus templos. Quando os assírios conquistavam outras nações, eles roubavam os ídolos para demonstrar a superioridade dos deuses assírios em contraste com aqueles que pertenciam à nação derrotada. Deus prepararia o túmulo – em grande humilhação – para Nínive e seus ídolos (Na 1.14).

Em resposta à queda de Nínive, o povo de Deus celebraria (v. 15). A celebração não era motivada por vingança; antes, era um regozijo porque a justiça fora feita e sua opressão tinha terminado. O Deus onipotente é capaz de libertar seu povo e derrotar seus opressores, independente do quão poderosos eles aparentem ser. Tome cuidado com qualquer pessoa que o encoraje a colocar sua confiança em alguém (ou algo) que não seja o Deus verdadeiro da Bíblia Sagrada. O Senhor é bom, e é refúgio para o seu povo.

Ron J. Bigalke é o diretor e fundador da missão Eternal Ministries. Foi professor de teologia durante duas décadas e contribui frequentemente para diversas publicações cristãs.

sumário Revista Chamada Setembro 2021

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