A Bíblia, o Casamento e a Sexualidade

Ron J. Bigalke

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Ashley Madison é um serviço de namoro online com sede no Canadá, que foi lançado em 2001. O site é voltado para aqueles que estão interessados em cometer adultério. Seu slogan é: “A vida é curta, tenha um caso”.

A empresa fez as manchetes na metade de julho de 2015, quando foi revelado que um grupo de hackers publicou aproximadamente 10 gigabytes de dados internos comprometedores. Os hackers eventualmente lançaram os detalhes das contas de todos os 37 milhões de usuários da Ashley Madison. Renúncias e suicídios aconteceram por causa das informações vazadas, e foi facilmente observado como a cultura adora expor os pecados das pessoas. Pouco mais de um ano se passou desde o hack e, infelizmente, a empresa divulgou que o negócio continua acessível e em crescimento.

O que se pode aprender a partir do escândalo da Ashley Madison? Os cristãos não são imunes ao pecado, seja qual for. O pecado não faz acepção de pessoas, e os crentes precisam estar vigilantes às tentações da carne. Além disso, ao cristão é ordenado que “pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2Tm 4.2). Especialmente os pastores não conseguem realizar este comando com “palestras motivacionais” entregues do púlpito. Um número extenso demais de pastores evangélicos não ensina praticamente nada com respeito ao entendimento bíblico da sexualidade humana, o que resulta em que grande parte da Bíblia permanece não ensinada e as associações dos crentes ficam deploravelmente no escuro. Reconhecendo a necessidade de afirmar a autoridade e a veracidade da Bíblia em todas as dimensões que ela trata, o propósito deste artigo é fornecer a Palavra do Senhor a respeito da sexualidade, que é fundamental à identidade humana e está presente em todos os lugares da cultura moderna.

O relato da Criação

Deus provisionou para o primeiro homem de tal maneira que distinguiu Adão como o mais elevado de toda a ordem criada. Deus providenciou para as necessidades físicas e espirituais de Adão. Deus criou o ambiente especial extremo no qual Adão poderia amar e desfrutar da presença do seu Criador. Os cuidados de Deus para com o bem-estar pessoal de Adão foram o motivo pelo qual Ele proporcionou ao homem uma companheira para ser “alguém que o auxilie e lhe corresponda”, isto é, que o complete em seus relacionamentos mais íntimos (Gn 2.7-25).

Após Deus ter criado Eva de uma das costelas de Adão, o Senhor levou-a até ele (2.21-25). O relacionamento mais íntimo de todos havia sido estabelecido por Deus, relacionamento este que é a união permanente do “homem e sua mulher” no casamento. Diz-se frequentemente que a mulher não foi tirada da cabeça de Adão para que não o dominasse; tampouco foi tirada dos pés de Adão para que não fosse pisoteada por ele. Em vez disso, ela foi formada da costela dele (sob o braço dele) para que ele a protegesse e a trouxesse para perto de seu coração.

A responsabilidade colocada sobre Adão era que ele deixasse seu pai e sua mãe e se unisse a sua mulher, começando assim uma nova família (2.24). “Adão teve relações com Eva, sua mulher”, no envolvimento caloroso e íntimo do amor conjugal (4.1). Deus declarou Adão e Eva como marido e mulher e eles se tornaram uma só carne (2.24). Tal envolvimento sexual é sempre para marido e mulher, casados, que pertencem um ao outro. O sexo fora do casamento é, portanto, condenado na Bíblia.

O projeto de Deus para a mulher casada é que ela seja uma auxiliadora para seu marido (2.20). A simples descrição de “auxiliadora” abrange uma ampla variedade de capacidades nas quais a mulher complementa seu marido. Ela também mantém as qualidades distintivas que tanto marido como mulher trazem para o relacionamento conjugal.

A descrição de “auxiliadora” significa que a mulher completa, se sujeita e satisfaz aquilo que está faltando em seu marido. Gênesis 2.21-25 mostra várias características principais do relacionamento conjugal. Os versículos 21 e 22 revelam que o papel do homem e o papel da mulher são distintos. O papel do homem como cabeça do casamento é devido a ter sido ele o ser criado primeiro; é distinto do papel da mulher como “auxiliadora”. O homem é incompleto sem a mulher. A mulher completa o homem quase como duas peças de um quebra-cabeça se encaixam uma à outra. O relacionamento conjugal é singular. Por exemplo, marido e mulher devem ser “uma só carne”. Dentro do relato de Gênesis, o sexo é visto como um componente normal e saudável do relacionamento conjugal.

O sexo é bonito e santo porque Deus o criou. No planejamento de Deus são necessárias duas pessoas – homem e mulher – para que uma nova vida seja produzida. O homem e a mulher se unem na intimidade do casamento, como o Criador planejou, e o resultado é uma preciosa nova vida no lar. Dentro do envolvimento íntimo do casamento, Eva “engravidou” da semente dada a ela por Adão, “e deu à luz Caim” (4.1). O mesmo aconteceu quando Eva “voltou a dar à luz, desta vez a Abel” (4.2). Portanto, o sexo é bom, como Deus planejou, para casais casados (marido e mulher), que se tornaram “uma só carne”. No Jardim do Éden, Adão e Eva “viviam nus, e não sentiam vergonha” (2.25). Deus fez da vida íntima sexual algo muito desejável e prazeroso, para que o mundo que Ele criou fosse habitado por pessoas que O amassem e desfrutassem para sempre da presença Dele (Cl 1.16).

O testemunho consistente das Escrituras

De acordo com as Escrituras, o sexo deve ser reservado para o casamento. Deus planejou a relação sexual como um aspecto vital do relacionamento conjugal.

O sexo foi criado por Deus para dar prazer dentro do casamento. Quando “Abraão e Sara já eram velhos, de idade bem avançada, e Sara já tinha passado da idade de ter filhos” (Gn 18.11), Deus disse-lhes que eles teriam um filho. “Por isso [Sara] riu consigo mesma, quando pensou: ‘Depois de já estar velha e meu senhor já idoso, ainda terei esse prazer?’” (v. 12). Existe um “prazer” genuíno entre marido e mulher na intimidade do casamento.

Abimeleque, rei dos filisteus, pensou que Rebeca fosse irmã de Isaque: “Certo dia, Abimeleque... estava olhando do alto de uma janela quando viu Isaque acariciando Rebeca, sua mulher” (26.8). Isaque provavelmente estava beijando Rebeca e talvez iniciando as preliminares do relacionamento sexual com sua mulher.

Deus deu ao homem uma atração natural pela mulher, e deu à mulher uma atração pelo homem. Alguém pode não entender o relato bíblico que declara que o ato de fazer a corte possui uma rica história (cf. Ct 2.8-17). A tragédia é que homens e mulheres pecaminosos desobedecem ao projeto de Deus e entram na intimidade sagrada da satisfação sexual sem os laços do casamento. Por este motivo, Deus ordenou: “Não adulterarás” (Êx 20.14). Deus também ordenou: “Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza... pois essas coisas não são próprias para os santos” (Ef 5.3).

De acordo com as Escrituras, o sexo deve ser reservado para o casamento. Deus planejou a relação sexual como um aspecto vital do relacionamento conjugal. O primeiro comando que Deus deu a Adão e Eva foi que tivessem relações sexuais (Gn 1.28). Essencialmente, Ele repetiu o mandamento em Gênesis 2.24-25.

O mandamento de Êxodo 20.14 é: “Não adulterarás”. O mandamento contra o sexo extraconjugal é repetido em Deuteronômio 5.18, porque Deus não quer que Seu povo entenda mal a importância do mandamento. O adultério é o pecado da satisfação sexual com alguém que não seja o seu marido ou sua mulher. Não existe jamais uma circunstância em que o sexo extraconjugal é aceitável.

Deus ordenou ao Seu povo que não cobiçasse a mulher do próximo (Êx 20.17). O ato de alguém desejar uma pessoa que não é seu cônjuge é geralmente resultado de olhar, desejar e cobiçar. Portanto, Deus disse ao Seu povo: “Olhe sempre para a frente, mantenha o olhar fixo no que está adiante de você” (Pv 4.25). O olhar frequentemente leva ao desejar, e o desejar frequentemente leva ao cobiçar. Por esta razão, Jesus disse: “Qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5.28).

Sexo antes do casamento e sexo extraconjugal

Da parte das pessoas solteiras, a imoralidade sexual é chamada de fornicação. De modo geral, a fornicação começa com um olhar ou um toque; carinhos, afagos, ou carícias tipicamente levam um casal não casado à fornicação, como uma ladeira escorregadia a partir do olhar ou do toque inicial. A fornicação e o adultério estão entre os pecados que Jesus disse que vinham do coração (Mt 15.19). Os atos são maus e “tornam o homem impuro” (Mc 7.20-23). Jesus perdoou a mulher que foi “surpreendida em ato de adultério” (Jo 8.4), assim como Ele perdoará aqueles que se arrependerem desse pecado, Seu conselho é que abandonem essa vida de pecado (v. 11).

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A visão bíblica do sexo pode melhor ser vista em 1Tessalonicenses 4.3-8, que enfatiza que qualquer um que praticar a imoralidade sexual sofrerá as consequências. Certamente que é prudente e sábio não ter que sofrer as consequências do pecado, e é por isso que Deus nos admoesta contra a imoralidade sexual (1Co 6.13,18-20). O sexo antes do casamento e o sexo extraconjugal são pecados que afetam um dos órgãos mais importantes e sagrados do corpo que Deus deu ao ser humano.

Deus deseja que Seu povo desfrute do sexo somente dentro dos laços do casamento para proteger sua mente. Aqueles que não praticam o sexo antes do casamento ou o sexo extraconjugal geralmente possuem relacionamentos conjugais mais saudáveis porque há uma confiança mútua que foi estabelecida desde o começo do relacionamento. Isto proporciona um fundamento firme para um casamento saudável. Na verdade, o sexo é um dom de Deus e, desta forma, está sujeito aos mandamentos amorosos de Deus para que seja adequadamente apreciado. Deus criou o sexo e, assim, quando marido e mulher o experimentam de acordo com o projeto do Senhor, não é somente a melhor experiência sexual, mas também contribui para o melhor desenvolvimento sexual.

Esperar para ter relacionamento sexual até o casamento e dentro dos laços do casamento também protege o homem e a mulher do medo. Há uma paz na mente quando o cônjuge sabe que a ameaça de doenças sexualmente transmissíveis não é possível por causa da fidelidade sexual. Somente aqueles que evitaram o sexo antes do casamento e o sexo extraconjugal podem ter tal paz.

Deus deseja proteger o homem e a mulher da falta de capacidade para perceber a diferença entre amor e sexo. Embora o mundo confunda amor e sexo, a Bíblia instrui: “Não acompanhe a maioria para fazer o mal” (Êx 23.2). Certamente, um marido e uma mulher apaixonados desfrutam de um relacionamento sexual que é desconhecido para a maioria dos jovens. Jacó, por exemplo, trabalhou catorze anos por sua esposa Raquel, a quem ele amava muito (Gn 29.20). Rute estava apaixonada por Boaz e ele, da mesma forma, a amava. O romance foi claramente um verdadeiro amor (Rt 2). O sexo antes do casamento e o sexo extraconjugal distorcem a habilidade de discernir se é o amor genuíno ou se são as emoções ou os hormônios que estão dirigindo as ações de uma pessoa.

Conclusão

Deus criou o sexo e o projetou para ser desfrutado somente dentro dos laços do casamento, para o qual foi destinado. Qualquer coisa que tenha uma função legítima pode ser mal utilizada, como acontece com o sexo fora do casamento, e não funcionará como é a intenção do Criador, ou então levará a outras consequências. O desejo de Deus é proteger Sua criação do pecado do sexo fora do casamento, e dos problemas que tais ações geram. O melhor de Deus é proporcionar a alguém uma pessoa do sexo oposto, dentro do relacionamento do casamento, como resultado do Seu amor por Sua criação. Deus dá Seu mandamento a fim de que seja obedecido para o benefício da humanidade. A rejeição ao projeto de Deus para o sexo é, em última instância, autodestrutivo. A visão bíblica do sexo pode não ser popular na cultura de hoje, mas é o que há de melhor para a cultura, as famílias e a nação.

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Ron J. Bigalke (Ph.D., Tyndale Theological Seminary) fundou em 1999 a missão Eternal Ministries junto com sua esposa. Membro da diretoria do Ministério Chamada nos Estados Unidos, Bigalke colabora frequentemente em revistas, livros e artigos para a internet. Além disso, é o editor-geral de quatro obras. Sua ênfase atual está nas áreas de apologética, estudo bíblico, pensamento eclesiástico, historiografia, teoria política e teologia. Casado com Kristin, possui dois filhos.

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