Características do verdadeiro cristão

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Nos versículos 4 a 7 está descrito em poucas palavras o que significa ser verdadeiramente cristão. Hoje olharemos os primeiros três destes versículos.

Agradecendo ao lembrar

Sempre dou graças a meu Deus, lembrando-me de você nas minhas orações...” (v. 4).

Para esse versículo poderíamos colocar o título: “Quando a lembrança nos leva a agradecer”. Sem dúvida, Paulo tinha uma vida de oração intensiva. Ao escrever que se lembrava de Filemom em suas orações, Paulo nos dá um grande incentivo para orar mais e mais intensivamente.

O apóstolo era um homem com muitas responsabilidades, cargas e tarefas. Além disso, ele se encontrava aprisionado e esse tempo certamente não era o mais agradável para ele. Mesmo assim, por mais importante que fosse a tarefa ou carga, ele não se afastou do que era o mais importante: o ministério da oração. Ele estava internamente impulsionado a orar muito; menos por si mesmo, mas antes pelas diversas igrejas e seus membros – assim como por Filemom. Ele não se lembrava vez ou outra de Filemom, ou casualmente, mas, como ele mesmo escreveu, sempre! Paulo confirmou: “... lembrando-me, sempre, de ti nas minhas orações” (RA). Se nós estivéssemos escrevendo, certamente constaria: “... lembrando-me, sempre, de mim nas minhas orações”.

Deveríamos assumir o compromisso de sermos intercessores que se empenham por seus irmãos e que de modo algum se desviam daquilo que é o mais importante. Quantas vezes permitimos ser atrapalhados em nossas orações – por problemas que surgem repentinamente ou coisas que ainda precisariam ser liquidadas. Alguém certa vez disse: “O bom é inimigo do melhor”, e C. S. Lewis acrescenta: “O enxame das preocupações e decisões sem importância no decorrer da próxima hora atrapalharam mais as minhas orações do que qualquer outra paixão ou prazer”. A Palavra de Deus nos diz: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus” (Fp 4.6). Em suas orações, Paulo conseguia agradecer quando se lembrava da vida e do testemunho de Filemom. Nesse caso, o pensar o levava a agradecer.

William MacDonald fez o seguinte comentário sobre Filemom: “Temos bons motivos para crer que ele foi um troféu escolhido da graça de Deus – o tipo de pessoa que desejaríamos ter como amigo e irmão”.

Paulo agradecia a Deus pela vida de Filemom. Nisso podemos observar: a) o quanto Paulo se preocupava interiormente com seus cooperadores. Ele imaginava como eles estavam passando, carregava-os em seu coração e apresentava suas vidas diante do Senhor. Alguns lhe causavam preocupações, outros causavam sofrimento, a um deles ele até precisou alertar que este havia voltado a amar o mundo; no entanto, ele pôde louvar e agradecer a Deus por causa de Filemom. E b) podemos ver a alegria de Paulo com os irmãos cristãos que se dedicavam à obra do Senhor, progrediam no seu empenho e andavam no bom caminho.

Três perguntas pessoais para nós:

  1. Somos pessoas que conseguem se alegrar por causa de outras pessoas e agradecer a Deus por elas?
  2. Somos pessoas que interiormente se preocupam com a situação de outros e os acalentam em seu coração?
  3. Somos pessoas sobre as quais os outros, ao se lembrarem de nós, podem louvar e agradecer a Deus?

A prática

Porque ouço falar da sua fé no Senhor Jesus e do seu amor por todos os santos” (v. 5).

Não é só o conhecimento teórico que caracteriza o cristão, mas também a prática, a ação. Era este o caso de Filemom.

Quando Paulo se lembrava do amor e da fé de Filemom, ele podia agradecer a Deus de todo coração. A fé de Filemom no Senhor Jesus Cristo produzia frutos. Isso era visível pelo amor que ele demonstrava pelos irmãos, e o fazia de tal modo que o fato era comentado. O testemunho sobre o seu amor se estendeu até Roma. Assim, Filemom era conhecido como um personagem que irradiava fé e praticava o amor. Ao comentar sobre ele, dizia-se o que ele era: uma pessoa crente, dedicada, com semelhança a Jesus.

Não era uma fé qualquer que destacava Filemom, mas era a fé em Jesus Cristo, e não era um amor qualquer que o caracterizava, mas era o amor a todos os santos. Ao que parece, ele não fazia distinção entre os irmãos. Ele não conhecia mau humor ou aborrecimento, mas amava igualmente a todos.

O que chama a atenção é que nesse caso Paulo coloca o amor à frente da fé. Em outras cartas ele menciona primeiramente a fé e então o amor, como em Efésios 1.15: “... desde que ouvi falar da fé que vocês têm no Senhor Jesus e do amor que demonstram para com todos os santos”, ou em Colossenses 1.3-4: “Sempre agradecemos a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocês, pois temos ouvido falar da fé que vocês têm em Cristo Jesus e do amor que têm por todos os santos”. Isso, aliás, seria muito mais lógico, pois primeiramente precisa haver fé em Jesus para que se possa amar.

Aqui, porém, o Espírito Santo optou em colocar o amor de Filemom em primeiro lugar, porque através dele é demonstrada a sua fé. Isso permite deduzir que Filemom deve ter sido um homem muito prático, em cujas obras podia ser reconhecida a sua fé. O seu amor era visto, sentido e vivenciado; era sabido que esse homem cria sinceramente em Jesus Cristo.

Assim somos lembrados de nosso Senhor Jesus, sobre o qual Lucas escreveu: “Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar” (At 1.1). Não acontece muitas vezes que sofremos, mesmo que testemunhamos de nossa fé e colocamos nosso conhecimento sobre o pedestal, mas na verdade temos falta de importância ou valor? A teoria e a prática muitas vezes ficam tão afastadas entre si, de modo que nossas obras não podem ser vistas pelo fato de que elas praticamente não existem. Deveríamos assumir para nós, pessoalmente, essa carta de Paulo e demonstrar “amor por todos os santos”; assim nossa fé será confirmada.

O amor compartilhado

Oro para que a comunhão que procede da sua fé seja eficaz no pleno conhecimento de todo o bem que temos em Cristo” (v. 6).

Não é apenas a fé que consta entre as características do cristão verdadeiro, mas é a fé compartilhada, “a comunhão que procede da sua fé” – a fé necessária para gerar comunhão. Dessa comunhão fazem parte o conhecimento e a eficácia para “todo o bem que temos em Cristo”. O importante é manter o olhar dirigido para Jesus Cristo. Ele é a motivação e o objetivo para mantermos nossa fé eficaz.

A comunhão da fé eficaz pode ser reconhecida em nós se formos cordiais como Jesus foi; se oferecermos ajuda como Jesus fez; se amarmos e honrarmos uns aos outros, como Jesus fez, se consolarmos, animarmos, visitarmos os outros e formos hospitaleiros como Jesus foi, e se nos perdoarmos e nos aceitarmos uns aos outros como Jesus fez. É importante seguirmos o exemplo de Filemom, que não rejeitou nem o escravo fugitivo. O mesmo amor deveria nos dominar!

O versículo 6 faz um apelo a todos nós, para que “a comunhão que procede da sua fé seja eficaz” e que nós não fiquemos presos ao mero conhecimento e teoria da fé – a fé deseja ser notada!

A fé se torna eficaz somente se olharmos para Jesus. Sim, ele consegue contribuir efetivamente para a comunhão na medida em que mantivermos nosso olhar firme no Senhor e permitirmos que ele nos encha com seu Espírito. Por isso deveríamos dirigir novamente nosso olhar para aquilo que recebemos em Jesus, passar isso adiante e assim devolvê-lo ao Senhor a fim de que ele seja honrado.

“... todo o bem que temos em Cristo” nos mostra que toda nossa vida deve ser vivida a partir de Jesus e orientada para Jesus, como está escrito em Romanos 11.36: “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém”. Deveríamos realmente nos questionar se nossa fé de fato é eficaz e onde ela contribui para a comunhão. — Norbert Lieth

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Norbert Lieth nasceu em 1955 na Alemanha, sendo missionário na América do Sul entre 1978 e 1985. Casado, tem 4 filhas. Hoje faz parte da liderança da Chamada da Meia-Noite em sua sede, na Suíça. O ponto central de seu ministério é a palavra profética, sendo autor de diversos livros e conferencista internacional. Ele estará presente no 25º Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética, organizado pela Chamada.

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